Artista plástica, ex-aluna de Guignard. Maria Helena Andrés tem um currículo extenso como artista, escritora e educadora, com mais de 60 anos de produção e 7 livros publicados. Neste blog, colocará seus relatos de viagens, suas reflexões e vivências cotidianas.
terça-feira, 15 de dezembro de 2009
MARIA HELENA ANDRÉS / LINHA / GESTO
Maria Helena Andrés vem há mais de sessenta anos surpreendendo aqueles que dela esperam estilo fixo e coerência formal. Sua trajetória, marcada por saltos e rupturas criativas, pode ser vista como um exercício permanente de desprendimento das forças de continuidade ligadas aos mestres, à crítica, ao público e ao mercado.
Com ela aprende-se que as rupturas não recomeçam do zero. São antes momentos em que o artista toma as rédeas da direção em que vai seu trabalho. Significam liberdade em relação aos outros e a si mesmo, mas não pressupõem abandono do já feito.
O esforço curatorial esteve em realçar os elementos que perpassam e estruturam as diversas fases do trabalho de Maria Helena Andrés. A linha, que busca ordenar as coisas, construir razões gráficas, demandando da artista a disciplina da matemática, da música, da arquitetura. (Quem se debruça sobre uma de suas pinturas concretistas pode encontrar equações geométricas, fantasias de ritmos ou cidades iluminadas). E o gesto da ação espontânea, da liberdade corporal, do esvaziamento da mente que abre portas para o inconsciente.
Buscamos desenhos há muito guardados, retomamos a passagem de Maria Helena pelo concretismo e expressionismo informal e chegamos até as esculturas atuais, que revelam as duas vertentes predominantes em sua obra: a construtiva, relacionada com a linha, e a expressionista, ligada ao gesto. Esse partido curatorial configurou a exposição em três núcleos principais: o concretista, primado da geometria na década de 1950; o primeiro gestual, que traz a chegada da artista na action painting na década de 1960; e o contemporâneo, onde essas duas vertentes se desdobram em pinturas, desenhos e esculturas.
Por razões diferentes, os três núcleos apresentam obras inéditas ao público brasileiro. Se, naturalmente, muito da sua produção recente está sendo exposta pela primeira vez, o mesmo acontece com vários desenhos da década de 1950, que, em pequeno formato, ficaram cuidadosamente guardados no acervo da artista, e com os grandes desenhos da fase de guerra, que, embora exibidos nos anos 1960 em museus nos Estados Unidos, na França e na Itália, têm agora sua primeira exibição no Brasil.
Quem conhece a obra de Maria Helena pode estranhar aqui a prevalência do preto e branco sobre a cor e do desenho sobre a pintura. Mas em um trabalho em que a cor é elemento tão marcante, a exploração do desenho parece revelar sua estrutura. Em Maria Helena a cor nunca esteve completamente solta, mas engajada nos traços, seja nas embarcações, nos astronautas ou nas madonas.
Pensando a transição da linha concretista para o gestual, Maria Helena disse certa vez que, ao jogar as cidades iuminadas no mar, elas viraram barcos – não por acaso à época da sua primeira viagem para o exterior, em 1961. Tal dissolução se fez pelas tintas: a pintura a óleo concretista enfatizava a precisão, a ausência de erro, sendo desestruturada primeiro pelo pastel, em desenhos de linhas mais sinuosas, para então chegar à transparência e espontaneidade do nanquin e do acrílico.
Ao quebrar as linhas geométricas, Maria Helena se abriu para a ação corporal, e passou a atuar constantemente na ponte entre intuição e razão, corpo e mente. Em todas as suas obras pode-se encontrar essa dualidade, como um pendular contínuo entre a vontade de liberdade e a de construir amarras. Seus voos, por mais altos que fossem, na vida e na arte, sempre tiveram um ponto estável para onde regressar.
O visitante da exposição é convidado a adentrar nesses voos, procurar seus movimentos mais fascinantes e seus portos mais seguros. Quem sabe não encontrará na linha mais reta o gesto impreciso da mão da artista, e na mancha mais borrada um pensamento aguçado e rigoroso?
Com ela aprende-se que as rupturas não recomeçam do zero. São antes momentos em que o artista toma as rédeas da direção em que vai seu trabalho. Significam liberdade em relação aos outros e a si mesmo, mas não pressupõem abandono do já feito.
O esforço curatorial esteve em realçar os elementos que perpassam e estruturam as diversas fases do trabalho de Maria Helena Andrés. A linha, que busca ordenar as coisas, construir razões gráficas, demandando da artista a disciplina da matemática, da música, da arquitetura. (Quem se debruça sobre uma de suas pinturas concretistas pode encontrar equações geométricas, fantasias de ritmos ou cidades iluminadas). E o gesto da ação espontânea, da liberdade corporal, do esvaziamento da mente que abre portas para o inconsciente.
Buscamos desenhos há muito guardados, retomamos a passagem de Maria Helena pelo concretismo e expressionismo informal e chegamos até as esculturas atuais, que revelam as duas vertentes predominantes em sua obra: a construtiva, relacionada com a linha, e a expressionista, ligada ao gesto. Esse partido curatorial configurou a exposição em três núcleos principais: o concretista, primado da geometria na década de 1950; o primeiro gestual, que traz a chegada da artista na action painting na década de 1960; e o contemporâneo, onde essas duas vertentes se desdobram em pinturas, desenhos e esculturas.
Por razões diferentes, os três núcleos apresentam obras inéditas ao público brasileiro. Se, naturalmente, muito da sua produção recente está sendo exposta pela primeira vez, o mesmo acontece com vários desenhos da década de 1950, que, em pequeno formato, ficaram cuidadosamente guardados no acervo da artista, e com os grandes desenhos da fase de guerra, que, embora exibidos nos anos 1960 em museus nos Estados Unidos, na França e na Itália, têm agora sua primeira exibição no Brasil.
Quem conhece a obra de Maria Helena pode estranhar aqui a prevalência do preto e branco sobre a cor e do desenho sobre a pintura. Mas em um trabalho em que a cor é elemento tão marcante, a exploração do desenho parece revelar sua estrutura. Em Maria Helena a cor nunca esteve completamente solta, mas engajada nos traços, seja nas embarcações, nos astronautas ou nas madonas.
Pensando a transição da linha concretista para o gestual, Maria Helena disse certa vez que, ao jogar as cidades iuminadas no mar, elas viraram barcos – não por acaso à época da sua primeira viagem para o exterior, em 1961. Tal dissolução se fez pelas tintas: a pintura a óleo concretista enfatizava a precisão, a ausência de erro, sendo desestruturada primeiro pelo pastel, em desenhos de linhas mais sinuosas, para então chegar à transparência e espontaneidade do nanquin e do acrílico.
Ao quebrar as linhas geométricas, Maria Helena se abriu para a ação corporal, e passou a atuar constantemente na ponte entre intuição e razão, corpo e mente. Em todas as suas obras pode-se encontrar essa dualidade, como um pendular contínuo entre a vontade de liberdade e a de construir amarras. Seus voos, por mais altos que fossem, na vida e na arte, sempre tiveram um ponto estável para onde regressar.
O visitante da exposição é convidado a adentrar nesses voos, procurar seus movimentos mais fascinantes e seus portos mais seguros. Quem sabe não encontrará na linha mais reta o gesto impreciso da mão da artista, e na mancha mais borrada um pensamento aguçado e rigoroso?
A linha
A linha aparece nos desenhos figurativos da década de 1950, que representavam cenas do cotidiano e da vida rural – os boizinhos, as lavadeiras, as colheitas, as crianças brincando – e cenas da via sacra. A busca da essência da linha, da forma e da cor conduziu às pinturas concretistas das Cidades iluminadas, estruturadas através de linhas horizontais e verticais. “Na pintura concretista eu preparava a tela de uma cor única, tirava com tiralinha linhas paralelas que configuravam os postes de luz das Cidades iluminadas.”
A linha aparece nos desenhos figurativos da década de 1950, que representavam cenas do cotidiano e da vida rural – os boizinhos, as lavadeiras, as colheitas, as crianças brincando – e cenas da via sacra. A busca da essência da linha, da forma e da cor conduziu às pinturas concretistas das Cidades iluminadas, estruturadas através de linhas horizontais e verticais. “Na pintura concretista eu preparava a tela de uma cor única, tirava com tiralinha linhas paralelas que configuravam os postes de luz das Cidades iluminadas.”
O gesto
A partir da década de 1960 surge o gesto, feito com a quina do carvão sobre o papel camurça, revelando a transparência do claro e escuro. Nessa fase gestual o desenho se estrutura na forma dos barcos, levando à libertação da rigidez concretista e ao encontro do expressionismo informal. A série de barcos conduz à série de guerra, realizada em nanquim sobre o papel, denunciando a violência e a morte que acontecia nos porões da ditadura brasileira e nas intervenções imperialistas nos países do Terceiro Mundo. O trabalho Radioactive Ship marca essa fusão de séries, dos barcos com a guerra e também a fusão de técnicas: o desenho, a pintura e a colagem.
A releitura
A partir do ano 2000 MHA faz uma releitura de sua trajetória e o gestual, que surgiu primeiro nos desenhos, se expande nas pinturas em preto e branco, realizadas em acrílica sobre tela. “A acrílica possibilita trabalhar a transparência em amplas telas, usando vassouras de esponja. A esponja, a vassoura, que encontro no cotidiano, são incluídas no meu trabalho.”
O processo de releitura conduz a artista a experimentar a escultura como um outro meio de expressão. Os desenhos concretistas, que surgiram dos boizinhos da fazenda, foram projetados por Elena Andrés Valle executados em aço por Allen Roscoe, resultando nas esculturas construtivas. Recentemente, ela investiga uma forma mais livre para construir esculturas e encontra o papel encorpado para fazer “os enrolados”. Estes se tornaram maquetes para as esculturas orgânicas executadas em aço por Giovanni Fantauzzi.
O trabalho criativo de MHA continua em processo de investigação constante, acompanhando sua necessidade interior de se expressar através de diferentes meios e de estar em sintonia com as mudanças de seu tempo.
Roberto Andrés Rolim
Marília Andrés Ribeiro
Curadores
*Fotos:
Esculturas: Euler Andrés e Maria Helena Andrés
Desenhos : Arquivo Maria Helena Andrés
Pintura Concretista: Juninho Motta
Desenho da série de Guerra: Roberto Andrés
*Link para o site: www.imha.org.br/linhaegesto
A partir da década de 1960 surge o gesto, feito com a quina do carvão sobre o papel camurça, revelando a transparência do claro e escuro. Nessa fase gestual o desenho se estrutura na forma dos barcos, levando à libertação da rigidez concretista e ao encontro do expressionismo informal. A série de barcos conduz à série de guerra, realizada em nanquim sobre o papel, denunciando a violência e a morte que acontecia nos porões da ditadura brasileira e nas intervenções imperialistas nos países do Terceiro Mundo. O trabalho Radioactive Ship marca essa fusão de séries, dos barcos com a guerra e também a fusão de técnicas: o desenho, a pintura e a colagem.
A releitura
A partir do ano 2000 MHA faz uma releitura de sua trajetória e o gestual, que surgiu primeiro nos desenhos, se expande nas pinturas em preto e branco, realizadas em acrílica sobre tela. “A acrílica possibilita trabalhar a transparência em amplas telas, usando vassouras de esponja. A esponja, a vassoura, que encontro no cotidiano, são incluídas no meu trabalho.”
O processo de releitura conduz a artista a experimentar a escultura como um outro meio de expressão. Os desenhos concretistas, que surgiram dos boizinhos da fazenda, foram projetados por Elena Andrés Valle executados em aço por Allen Roscoe, resultando nas esculturas construtivas. Recentemente, ela investiga uma forma mais livre para construir esculturas e encontra o papel encorpado para fazer “os enrolados”. Estes se tornaram maquetes para as esculturas orgânicas executadas em aço por Giovanni Fantauzzi.
O trabalho criativo de MHA continua em processo de investigação constante, acompanhando sua necessidade interior de se expressar através de diferentes meios e de estar em sintonia com as mudanças de seu tempo.
Roberto Andrés Rolim
Marília Andrés Ribeiro
Curadores
*Fotos:
Esculturas: Euler Andrés e Maria Helena Andrés
Desenhos : Arquivo Maria Helena Andrés
Pintura Concretista: Juninho Motta
Desenho da série de Guerra: Roberto Andrés
*Link para o site: www.imha.org.br/linhaegesto
sexta-feira, 4 de dezembro de 2009
KÁTIA SANTANA
Conheci Kátia Santana, durante o 3° Festival de Inverno de Entre Rios de Minas, realizando uma performance de pintura diante de um público curioso e admirado. Ali, diante dos olhares atentos, Kátia, ignorando o burburinho ao redor, dialogava diretamente com a tela e as tintas. Para ela, só existia esse diálogo, em seus níveis mais profundos de consciência, onde as mãos faziam uma ponte direta entre as emoções e a mente. Não havia um caráter premeditado, mas sim uma ênfase no aqui e no agora, em uma pintura espontânea e gestual, com cores que surgiam da jovem artista como os sons que saem dos dedos de um músico. Para mim, a música tem uma grande relação com a pintura, onde as cores significam notas musicais.
Naquele dia, sentada em sua cadeira de rodas, Kátia irradiava luz. Estava feliz, pintando, e, depois do quadro pronto, também se alegrava com a receptividade do público e com uma comunicação que superava palavras.
Kátia é portadora de paralisia cerebral desde o nascimento e a possibilidade de expressar seu mundo interior através da arte a vem conduzindo a um despertar de consciência cada vez mais intenso. Apesar de ter dificuldades com a fala, Kátia escuta bem e se comunica através do computador, tendo, inclusive, começado a escrever um livro sobre sua própria vida.
A arte de Kátia é um colorido que se desdobra como jardins de flores variadas, sem a preocupação em delinear uma forma, mas que se conduz e se expressa de maneira abstrata, em uma linguagem muito própria. Dentro da trajetória da arte moderna, sua arte lembra grandes mestres franceses que usavam cores puras e justapostas, deixando-as vibrar e respirar.
Kátia é aluna de Ivana Andrés, psicóloga e artista, desde 2002, e seu aprendizado ocorreu rapidamente, sem bloqueios. Atualmente, ela pode ser considerada uma artista com um alto QS – Quociente de Superação –, um dos índices de inteligência mais reconhecidos nos dias de hoje.
* Fotos de Leandro Luppi
Naquele dia, sentada em sua cadeira de rodas, Kátia irradiava luz. Estava feliz, pintando, e, depois do quadro pronto, também se alegrava com a receptividade do público e com uma comunicação que superava palavras.
Kátia é portadora de paralisia cerebral desde o nascimento e a possibilidade de expressar seu mundo interior através da arte a vem conduzindo a um despertar de consciência cada vez mais intenso. Apesar de ter dificuldades com a fala, Kátia escuta bem e se comunica através do computador, tendo, inclusive, começado a escrever um livro sobre sua própria vida.
A arte de Kátia é um colorido que se desdobra como jardins de flores variadas, sem a preocupação em delinear uma forma, mas que se conduz e se expressa de maneira abstrata, em uma linguagem muito própria. Dentro da trajetória da arte moderna, sua arte lembra grandes mestres franceses que usavam cores puras e justapostas, deixando-as vibrar e respirar.
Kátia é aluna de Ivana Andrés, psicóloga e artista, desde 2002, e seu aprendizado ocorreu rapidamente, sem bloqueios. Atualmente, ela pode ser considerada uma artista com um alto QS – Quociente de Superação –, um dos índices de inteligência mais reconhecidos nos dias de hoje.
* Fotos de Leandro Luppi
PINCELADA
Taís Helt, artista plástica e gravadora de Belo Horizonte está expondo no Museu de Artes e Ofícios. A exposição é interativa e possibilita ao expectador realizar trabalhos em gravura.
domingo, 22 de novembro de 2009
DIÁLOGO ÁFRICA BRASIL
Há países de que só podemos captar a impressão momentânea, o que nos sugere o impacto do primeiro encontro. Do alto do Boeing 707 da Air France, sentimos o sol e a terra em baixo. O deserto a se perder de vista. Parece-nos ver fotografias da lua, com seus desenhos e crateras. A civilização aproxima homens e terras. Um jato super cheio sobrevoa o deserto. A conquista do espaço, neste movimentado século XX, é o sinal do domínio do homem sobre a natureza. Em baixo, continua desfilando o panorama da areia quente, ensolarada, sem vegetação, sem casas, sem animais; somente a secura e a monótona repetição do mesmo tom rosa alaranjado, tão diferente de nossa floresta amazônica, onde o verde se perde de vista, como um tapete.
A África é o próprio sol vermelho laranja. E o colorido quente do sol do deserto está repetido nas cores das mantas africanas, dos puffs de couro, das jóias populares. Um grande mural visto no restaurante do aeroporto de Dakar, sugere todo este clima que é também o calor temperamental do negro africano. O mural é imenso, tem formas redondas, sensuais. Há um relacionamento interior, a pulsação do mesmo sangue, nas linhas e cores que movimentam o painel e no balanceio erótico das danças negras. Cada país reflete em sua arte, por mais internacionalizada que seja, um espírito ligado à terra, ao sangue, às condições de vida do povo. É o regional que se liga ao universal, através de cores características, de ritmos diferenciados. Não se poderia, sem ferir a autenticidade, fazer arte pura, fria, intelectual, nesta África quente que eu vi apenas de relance, mas que me foi possível sentir na monumentalidade, no dinamismo, no ritmo do tambor e da dança, deste imenso mural do aeroporto de Dakar.
Em Zimbabué, que significa “Casa de Pedra”, existe o Museu Monte Palace que abriga a coleção Berardo de Arte com artistas africanos conhecidos internacionalmente. À frente do museu o visitante pode caminhar em um jardim oriental com vegetação exuberante, cercada de fontes, quiosques japoneses com as tradicionais pontes de madeira. Esculturas de pedra com temas africanos surgem no meio do verde, trazendo o passado ao presente.
A influência africana trazida às Américas através da escravidão, misturou-se à raça branca, e despertou vitoriosa nos Estados Unidos, no ritmo que veio do jazz à música trepidante de nossos dias, e, no Brasil, no espetáculo plástico das capoeiras da Bahia, no calor do samba brasileiro e nas comemorações do Maracatu, de grande beleza plástica. Contemplando o mural, lembro-me dos camdomblés, das histórias de Yemanjá e das cores festivas dos berimbaus.
A arte africana atravessou os mares e veio se expandir no Brasil, sendo os seus expoentes mais conhecidos os artistas plásticos Rubem Valentim, Emanoel Araújo, Mestre Didi, Maurino Araújo e Jorge dos Anjos.
Imagens:
1) Sala de exposição de Arte Contemporânea do Museu Monte Palace, Zimbabué
www.montepalace.com- acesso em 22/11/2009
2) Pintura Africana. Jou de Fête. www.saber.cultural.com.br. acesso em 22/11/2009
3) Rubem Valentim. Serigrafia, 1993. www.mauc.ufc.br acesso em 22/11/2009
4) Jorge dos Anjos. Portal da Memória. Recorte em aço, Pampulha, Belo Horizonte, 2006. Foto: Marília Andrés
A África é o próprio sol vermelho laranja. E o colorido quente do sol do deserto está repetido nas cores das mantas africanas, dos puffs de couro, das jóias populares. Um grande mural visto no restaurante do aeroporto de Dakar, sugere todo este clima que é também o calor temperamental do negro africano. O mural é imenso, tem formas redondas, sensuais. Há um relacionamento interior, a pulsação do mesmo sangue, nas linhas e cores que movimentam o painel e no balanceio erótico das danças negras. Cada país reflete em sua arte, por mais internacionalizada que seja, um espírito ligado à terra, ao sangue, às condições de vida do povo. É o regional que se liga ao universal, através de cores características, de ritmos diferenciados. Não se poderia, sem ferir a autenticidade, fazer arte pura, fria, intelectual, nesta África quente que eu vi apenas de relance, mas que me foi possível sentir na monumentalidade, no dinamismo, no ritmo do tambor e da dança, deste imenso mural do aeroporto de Dakar.
Em Zimbabué, que significa “Casa de Pedra”, existe o Museu Monte Palace que abriga a coleção Berardo de Arte com artistas africanos conhecidos internacionalmente. À frente do museu o visitante pode caminhar em um jardim oriental com vegetação exuberante, cercada de fontes, quiosques japoneses com as tradicionais pontes de madeira. Esculturas de pedra com temas africanos surgem no meio do verde, trazendo o passado ao presente.
A influência africana trazida às Américas através da escravidão, misturou-se à raça branca, e despertou vitoriosa nos Estados Unidos, no ritmo que veio do jazz à música trepidante de nossos dias, e, no Brasil, no espetáculo plástico das capoeiras da Bahia, no calor do samba brasileiro e nas comemorações do Maracatu, de grande beleza plástica. Contemplando o mural, lembro-me dos camdomblés, das histórias de Yemanjá e das cores festivas dos berimbaus.
A arte africana atravessou os mares e veio se expandir no Brasil, sendo os seus expoentes mais conhecidos os artistas plásticos Rubem Valentim, Emanoel Araújo, Mestre Didi, Maurino Araújo e Jorge dos Anjos.
Imagens:
1) Sala de exposição de Arte Contemporânea do Museu Monte Palace, Zimbabué
www.montepalace.com- acesso em 22/11/2009
2) Pintura Africana. Jou de Fête. www.saber.cultural.com.br. acesso em 22/11/2009
3) Rubem Valentim. Serigrafia, 1993. www.mauc.ufc.br acesso em 22/11/2009
4) Jorge dos Anjos. Portal da Memória. Recorte em aço, Pampulha, Belo Horizonte, 2006. Foto: Marília Andrés
PINCELADA
O carnaval 2010 já foi lançado na Orla de Copacabana com a passagem de um trio elétrico animado por um grupo de terceira idade. Musicas carnavalescas e muita alegria se misturavam com os sons vindos do mar.
quinta-feira, 12 de novembro de 2009
DESENHANDO A ÍNDIA
Estou desenhando na Grande Praça de Bangalore. Em toda a Índia as praças são enormes. Este palácio é o parlamento da cidade, com escadarias e varandas monumentais. O caráter monumental das construções, das praças e da arquitetura de modo geral, é um ponto de extraordinária surpresa para quem chega de fora, acostumado ao crescimento vertical das cidades, visando a especulação imobiliária. Aqui o governo impede de todos os modos essa especulação. Quem compra um lote tem de construir e não pode vender o imóvel por 10 anos. São medidas severas que impedem o drama da aglomeração nos espaços centrais das grandes cidades como acontece no Ocidente. Todo o crescimento das cidades na Índia é feito em sentido horizontal.
Enquanto desenho, pobres se acercam com as mãos estendidas pedindo dinheiro. Mesmo que tenhamos por eles, sentimentos de amor e compaixão, o fato de dar esmolas nas ruas não resolve nada, só aumenta o número de mendigos. As crianças dão pena- são lindas, de uma ternura sem fim.Quando vêm alguém com ares de estrangeiro, se aproximam: “Mam...”e estendem as mãozinhas. E há também as velhas que se acercam estendendo os braços encarquilhados: “Mam...”
Agora estou em frente a um templo de Shiva, com meu caderno de desenho, cercada pelos pobres. Eles olham curiosos, empurram-se para ver. A velhinha me defende em linguagem local xingando as crianças. Imagino o que ela deve estar dizendo: “Deixa a dona desenhar.” A dona, apesar de aflita, continua a desenhar. Não pode espalhar rúpias pela multidão porque senão poderia criar problemas com outros pobres. Mas, sabendo que ninguém vai ganhar, eles se conformam em olhar o papel com curiosidade. E assim vou desenhando o povo deste país, os quiosques, os palácios, praças, templos...
Enquanto desenho, pobres se acercam com as mãos estendidas pedindo dinheiro. Mesmo que tenhamos por eles, sentimentos de amor e compaixão, o fato de dar esmolas nas ruas não resolve nada, só aumenta o número de mendigos. As crianças dão pena- são lindas, de uma ternura sem fim.Quando vêm alguém com ares de estrangeiro, se aproximam: “Mam...”e estendem as mãozinhas. E há também as velhas que se acercam estendendo os braços encarquilhados: “Mam...”
Agora estou em frente a um templo de Shiva, com meu caderno de desenho, cercada pelos pobres. Eles olham curiosos, empurram-se para ver. A velhinha me defende em linguagem local xingando as crianças. Imagino o que ela deve estar dizendo: “Deixa a dona desenhar.” A dona, apesar de aflita, continua a desenhar. Não pode espalhar rúpias pela multidão porque senão poderia criar problemas com outros pobres. Mas, sabendo que ninguém vai ganhar, eles se conformam em olhar o papel com curiosidade. E assim vou desenhando o povo deste país, os quiosques, os palácios, praças, templos...
PINCELADA
No dia 13 de novembro, o Instituto Pensarte, em São Paulo, abre a temporada da exposição itinerante "Arte Superando Barreiras", assinada pela artista mineira Kátia Santana. O projeto contempla não somente a artista plástica Kátia Santana, mas também o músico Evaldo Leoni, portador de deficiência visual. Depois de São Paulo, as telas viajam para Minas Gerais, para a Galeria do Estado de Minas, de 1 a 7 de dezembro.
terça-feira, 3 de novembro de 2009
NOSSA SENHORA E O ANJO, TEMA DE GUIGNARD
Nas ruas de Florença , rememoramos os passos de Guignard ainda jovem, estudante de arte . Florença nos faz lembrar Ouro Preto, com suas ruelas escondidas, onde se sente a arte ressurgindo de um passado histórico. Em Florença viveram Miguel Ângelo, Leonardo, Botticelli, perpetuados nas praças, nas igrejas e museus da cidade. Filas enormes de turistas desfilam diante das obras de arte e pode-se ver a primeira criação de Leonardo, um anjinho pintado na tela “Batismo de Cristo” de seu mestre, Andrea de Verocchio. O gênio de Leonardo foi revelado a partir daquele anjo onde o discípulo superou o mestre em qualidade e beleza.
Guignard, estudando em Florença deve ter aprendido com as obras dos mestres renascentistas e pré- renascentistas. Guignard colocava nas paredes da escola de belas Artes reproduções de Botticelli, Miguel Ângelo, Leonardo da Vinci , Dürer e outros.
“Olha como eles sabiam desenhar! Nunca começavam a pintura sem uma cuidadosa dedicação ao desenho. O desenho é a base para se chegar à pintura.” E muitas vezes esses desenhos rabiscados espontaneamente, hoje não são considerados apenas estudos, mas nos ensinam como nasce a criatividade. O importante não era reproduzir o modelo de forma acadêmica ( Guignard detestava o academismo) , mas transmutá-lo de acordo com o temperamento de cada um.
Assim, caminhando através da admiração de Guignard, também aprendíamos a amar os artistas que hoje constituem o grande acervo cultural da humanidade. Os temas escolhidos por esses artistas também eram passados nas aulas de desenho e pintura. No início do curso Guignard nos dava um tema para ser ilustrado : “Nossa Senhora e o Anjo...”. Muitas vezes indaguei o porque deste tema bíblico. A resposta está na Galeria Uffizi, interpretada por Leonardo, Rafael, Filippo de Lippi , Botticelli e outros. Mergulhando no tempo, vejo Guignard se inspirando naquele tema bíblico cheio de poesia, para transmitir mais tarde aos alunos a intensidade mística de suas experiências.
A arte, transcendendo as limitações da época, nos conduz ao mergulho no inconsciente coletivo, além do tempo e do espaço. Dante e Botticelli percorreram os caminhos da alma até a redenção final glorificada. Olhando com os olhos de Guignard ainda estudante, sentimos o quanto a poesia e transcendência de um sentimento religioso influenciou o artista que mais tarde revelaria o céu a seus alunos, num país distante e numa região cheia de poesia e de religiosidade que é a região de Minas Gerais. Guignard nos revelou a tradição cristã sem impor dogmas ou regras de conduta. Tendo como base os artistas florentinos ele nos transmitiu a grande lição que aprendeu na Europa.
Quadros:
1) “Anunciação” - Leonardo da Vinci
2) “Anunciação” - Sandro Boticelli
3) “Anunciação” - Lorenzo de Credi
4) “Anunciação” – Fra Felipo Lippi
5) “Batismo de Cristo” – Andréa del Verrocchio
6) “Batismo de Cristo” – Detalhe dos anjos- Anjo da esquerda é de Leonardo da Vinci com 13 anos de idade.
Guignard, estudando em Florença deve ter aprendido com as obras dos mestres renascentistas e pré- renascentistas. Guignard colocava nas paredes da escola de belas Artes reproduções de Botticelli, Miguel Ângelo, Leonardo da Vinci , Dürer e outros.
“Olha como eles sabiam desenhar! Nunca começavam a pintura sem uma cuidadosa dedicação ao desenho. O desenho é a base para se chegar à pintura.” E muitas vezes esses desenhos rabiscados espontaneamente, hoje não são considerados apenas estudos, mas nos ensinam como nasce a criatividade. O importante não era reproduzir o modelo de forma acadêmica ( Guignard detestava o academismo) , mas transmutá-lo de acordo com o temperamento de cada um.
Assim, caminhando através da admiração de Guignard, também aprendíamos a amar os artistas que hoje constituem o grande acervo cultural da humanidade. Os temas escolhidos por esses artistas também eram passados nas aulas de desenho e pintura. No início do curso Guignard nos dava um tema para ser ilustrado : “Nossa Senhora e o Anjo...”. Muitas vezes indaguei o porque deste tema bíblico. A resposta está na Galeria Uffizi, interpretada por Leonardo, Rafael, Filippo de Lippi , Botticelli e outros. Mergulhando no tempo, vejo Guignard se inspirando naquele tema bíblico cheio de poesia, para transmitir mais tarde aos alunos a intensidade mística de suas experiências.
A arte, transcendendo as limitações da época, nos conduz ao mergulho no inconsciente coletivo, além do tempo e do espaço. Dante e Botticelli percorreram os caminhos da alma até a redenção final glorificada. Olhando com os olhos de Guignard ainda estudante, sentimos o quanto a poesia e transcendência de um sentimento religioso influenciou o artista que mais tarde revelaria o céu a seus alunos, num país distante e numa região cheia de poesia e de religiosidade que é a região de Minas Gerais. Guignard nos revelou a tradição cristã sem impor dogmas ou regras de conduta. Tendo como base os artistas florentinos ele nos transmitiu a grande lição que aprendeu na Europa.
Quadros:
1) “Anunciação” - Leonardo da Vinci
2) “Anunciação” - Sandro Boticelli
3) “Anunciação” - Lorenzo de Credi
4) “Anunciação” – Fra Felipo Lippi
5) “Batismo de Cristo” – Andréa del Verrocchio
6) “Batismo de Cristo” – Detalhe dos anjos- Anjo da esquerda é de Leonardo da Vinci com 13 anos de idade.
PINCELADAS
Aconteceu em Ouro Preto, o fórum das letras, considerado um dos mais importantes acontecimentos literários do Brasil, coordenado por Guiomar da Grammond, professora da UFOP. Ali compareceram, entre outros, Frei beto, Arnaldo Antunes, Paulinho Moska e Guilherme Mansur.
Lembramos com saudade do nosso companheiro de arte Fernando Fiúza, sempre atuante no meio cultural.
Lembramos com saudade do nosso companheiro de arte Fernando Fiúza, sempre atuante no meio cultural.
segunda-feira, 26 de outubro de 2009
VISITA A INHOTIM
Um carrinho aberto conduzia as pessoas para uma visita ao parque de Inhotim. Os jardins planejados inicialmente por Roberto Burle Marx iam mostrando a beleza e exuberância da flora brasileira. Sentada no banco de frente do carro observava os patos nadando no lago e formando círculos nas águas.
A arte contemporânea de Inhotim não está fechada no ambiente frio de um museu tradicional. Ela pertence a todo o espaço ajardinado, surpreendendo o visitante com o inesperado.
Cheguei sozinha e me deram como guia uma mocinha que me acompanhou a pé até a instalação de Rivane Neuenschwander. Pelo caminho me ofereceu algumas jabuticabas apanhadas na hora. Esta recepção descontraída logo me pôs à vontade para percorrer as alamedas do parque.
Rivane instalou sua proposta numa pequena casa de fazenda de 1874, a mais antiga construção remanescente da propriedade rural que deu origem a Inhotim. A casa foi restaurada para ser palco de uma instalação bastante original: pequenas bolas de isopor moviam-se aleatoriamente sobre um forro transparente, ativadas por circuladores de ar, formando nuvens no céu.
Lembrei-me de Guignard que nos mandava observar os movimentos das nuvens no céu.
Na instalação de Valeska Soares a música e a dança criavam um espaço de sonho. As figuras apareciam e desapareciam em um ritmo poético. Nessa dança virtual o visitante fazia parte do evento, ele se via nos espelhos e percorria a pista do cassino ali projetada como palco. Sentia-se jovem e dançarino, recuando no tempo em que as moças dançavam nas boates com as saias rodadas e os rapazes de terno branco. Ouvia-se uma música dos anos dourados, que ali foram relembrados, revividos e perpetuados. Valeska nos conduzia ao passado e nos fazia retornar ao presente num ciclo de grande beleza e poesia. A instalação de Valeska foi projetada para o Museu de Arte da Pampulha, mas ganhou em Inhotim um espaço maior, participante e envolvente.
O carro já nos esperava para uma nova viagem. Penetramos em uma trilha dentro da Mata Atlântica, podendo respirar o cheio da vegetação, o zumbido dos insetos e observar o entrelaçado do cipó abraçando as árvores. O percurso dentro da mata já nos permitia entrar em comunhão com a natureza.
Ali, foi construído um galpão onde ouvimos a música instrumental conjugada com vozes femininas e masculinas. Sentamos para apreciar a estranha música intitulada “Revoada de corvos”, e por alguns momentos ali ficamos, dentro daquela atmosfera mágica onde os sons da natureza formavam uma orquestra. Os dois artistas Janet Cardiff e George Bures Miller tem uma presença muito forte em Inhotim e sensibilizam o visitante para um vôo espacial com esta revoada de pássaros. O despertar sensorial nos fez sentir melhor a Mata na viagem de volta.
Finalmente, Chris Burden com suas esculturas de barras de ferro, construídas no sistema de improvisação, proporcionavam um impacto para o visitante. Ali, ele podia penetrar na instalação, tocar com as mãos o ferro, sentir sua aspereza. As barras foram jogadas ao acaso, através de guindastes, sem projetos premeditados, e foram fixadas no chão de cimento fresco, formando uma floresta de ferro. O processo de criação dessas esculturas nos fazia lembrar os pintores da Action Painting.
Inhotim é uma jóia da arte contemporânea. Parabéns a Bernardo Paz por essa iniciativa de abrir ao público seus jardins e seu acervo. A arte contemporânea precisa de espaço, e ali, no meio de plantas e árvores frondosas, ela está recebendo generosamente o aconchego necessário para sua realização.
*Fotos de Maria Helena Andrés e Marília Andrés Ribeiro
A arte contemporânea de Inhotim não está fechada no ambiente frio de um museu tradicional. Ela pertence a todo o espaço ajardinado, surpreendendo o visitante com o inesperado.
Cheguei sozinha e me deram como guia uma mocinha que me acompanhou a pé até a instalação de Rivane Neuenschwander. Pelo caminho me ofereceu algumas jabuticabas apanhadas na hora. Esta recepção descontraída logo me pôs à vontade para percorrer as alamedas do parque.
Rivane instalou sua proposta numa pequena casa de fazenda de 1874, a mais antiga construção remanescente da propriedade rural que deu origem a Inhotim. A casa foi restaurada para ser palco de uma instalação bastante original: pequenas bolas de isopor moviam-se aleatoriamente sobre um forro transparente, ativadas por circuladores de ar, formando nuvens no céu.
Lembrei-me de Guignard que nos mandava observar os movimentos das nuvens no céu.
Na instalação de Valeska Soares a música e a dança criavam um espaço de sonho. As figuras apareciam e desapareciam em um ritmo poético. Nessa dança virtual o visitante fazia parte do evento, ele se via nos espelhos e percorria a pista do cassino ali projetada como palco. Sentia-se jovem e dançarino, recuando no tempo em que as moças dançavam nas boates com as saias rodadas e os rapazes de terno branco. Ouvia-se uma música dos anos dourados, que ali foram relembrados, revividos e perpetuados. Valeska nos conduzia ao passado e nos fazia retornar ao presente num ciclo de grande beleza e poesia. A instalação de Valeska foi projetada para o Museu de Arte da Pampulha, mas ganhou em Inhotim um espaço maior, participante e envolvente.
O carro já nos esperava para uma nova viagem. Penetramos em uma trilha dentro da Mata Atlântica, podendo respirar o cheio da vegetação, o zumbido dos insetos e observar o entrelaçado do cipó abraçando as árvores. O percurso dentro da mata já nos permitia entrar em comunhão com a natureza.
Ali, foi construído um galpão onde ouvimos a música instrumental conjugada com vozes femininas e masculinas. Sentamos para apreciar a estranha música intitulada “Revoada de corvos”, e por alguns momentos ali ficamos, dentro daquela atmosfera mágica onde os sons da natureza formavam uma orquestra. Os dois artistas Janet Cardiff e George Bures Miller tem uma presença muito forte em Inhotim e sensibilizam o visitante para um vôo espacial com esta revoada de pássaros. O despertar sensorial nos fez sentir melhor a Mata na viagem de volta.
Finalmente, Chris Burden com suas esculturas de barras de ferro, construídas no sistema de improvisação, proporcionavam um impacto para o visitante. Ali, ele podia penetrar na instalação, tocar com as mãos o ferro, sentir sua aspereza. As barras foram jogadas ao acaso, através de guindastes, sem projetos premeditados, e foram fixadas no chão de cimento fresco, formando uma floresta de ferro. O processo de criação dessas esculturas nos fazia lembrar os pintores da Action Painting.
Inhotim é uma jóia da arte contemporânea. Parabéns a Bernardo Paz por essa iniciativa de abrir ao público seus jardins e seu acervo. A arte contemporânea precisa de espaço, e ali, no meio de plantas e árvores frondosas, ela está recebendo generosamente o aconchego necessário para sua realização.
*Fotos de Maria Helena Andrés e Marília Andrés Ribeiro
sexta-feira, 23 de outubro de 2009
PINCELADA
Manifestamos o nosso pesar pelo incêndio que destruiu o acervo de Helio Oiticica, pioneiro da Arte Contemporânea
terça-feira, 13 de outubro de 2009
SERRA DA CALÇADA, UMA MONTANHA SAGRADA
Reunimos no alto de uma das montanhas que cercam o Condomínio Retiro das Pedras, perto de Belo Horizonte, para uma celebração vespertina em homenagem aos chefes indígenas que ali viveram, antes da chegada dos portugueses.
Dizem que esta terra é sagrada.
Nesta região acham-se enterrados muitos chefes indígenas que homenageavam a mãe terra. Cada pedra desta montanha manifesta a energia espiritual dos seus antigos habitantes.
Os chefes da tribo eram mágicos, faziam curas milagrosas e tinham contatos com outras esferas. Sentimos a sua presença no momento em que participávamos da celebração. Os “Shamans” ali estavam para proteger a nossa montanha sagrada. Ao som de tambores, chocalhos e flautas, nossa homenagem ecoava pelo vale. Naquele momento éramos mensageiros do passado e arautos do futuro.
Em torno do fogo colocamos pedras da região. No terreno escorregadio as pedras pareciam desenhadas por mãos de artistas.
Fiquei em frente a uma delas, cor de rosa, onde se esboçava nitidamente a figura de uma mulher grávida. A mulher grávida representando a grande mãe terra, ali estava presente numa pedra encontrada por acaso, doando sua energia para a preservação das montanhas. Lugares sagrados são importantes e existem em várias regiões da terra. Uma montanha é considerada sagrada quando aconteceu no passado uma revelação divina ou a transmissão de um conhecimento.
Cantávamos mantras. Uma paz foi descendo sobre nós e a certeza de que o sagrado de nossas montanhas seria respeitado.
No momento, as civilizações indígenas continuam a nos proporcionar lições de vida.
Elas sofreram invasões e uma aparente destruição, mas a força de sua ligação profunda com a natureza e com o universo persiste até hoje, abrindo a consciência de quantos se aproximam de seus ensinamentos.
*Fotos: Euler Andrés
Dizem que esta terra é sagrada.
Nesta região acham-se enterrados muitos chefes indígenas que homenageavam a mãe terra. Cada pedra desta montanha manifesta a energia espiritual dos seus antigos habitantes.
Os chefes da tribo eram mágicos, faziam curas milagrosas e tinham contatos com outras esferas. Sentimos a sua presença no momento em que participávamos da celebração. Os “Shamans” ali estavam para proteger a nossa montanha sagrada. Ao som de tambores, chocalhos e flautas, nossa homenagem ecoava pelo vale. Naquele momento éramos mensageiros do passado e arautos do futuro.
Em torno do fogo colocamos pedras da região. No terreno escorregadio as pedras pareciam desenhadas por mãos de artistas.
Fiquei em frente a uma delas, cor de rosa, onde se esboçava nitidamente a figura de uma mulher grávida. A mulher grávida representando a grande mãe terra, ali estava presente numa pedra encontrada por acaso, doando sua energia para a preservação das montanhas. Lugares sagrados são importantes e existem em várias regiões da terra. Uma montanha é considerada sagrada quando aconteceu no passado uma revelação divina ou a transmissão de um conhecimento.
Cantávamos mantras. Uma paz foi descendo sobre nós e a certeza de que o sagrado de nossas montanhas seria respeitado.
No momento, as civilizações indígenas continuam a nos proporcionar lições de vida.
Elas sofreram invasões e uma aparente destruição, mas a força de sua ligação profunda com a natureza e com o universo persiste até hoje, abrindo a consciência de quantos se aproximam de seus ensinamentos.
*Fotos: Euler Andrés
PINCELADAS
“A educação condiciona a consciência ecológica. É preciso ecoalfabetizar crianças e universitários, profissionais para atuar em empresas, nos governos, no terceiro setor” Maurício Andrés
Começa, na Sala Humberto Mauro, a mostra de filmes sul-americanos que abordam os diversos ângulos do desrespeito aos direitos humanos.
Começa, na Sala Humberto Mauro, a mostra de filmes sul-americanos que abordam os diversos ângulos do desrespeito aos direitos humanos.
quarta-feira, 30 de setembro de 2009
CARTAS POÉTICAS
Cartas Poéticas é um espetáculo que se realiza como o I Ching dos chineses, captando a resposta a uma indagação. A resposta já está guardada no coração de quem faz a consulta, só que a mente do espectador que faz a consulta não tem consciência dela. O espectador sobe ao palco, coloca as mãos na mesa, concentra-se na pergunta. As cartas têm a resposta que é traduzida em forma de música e poesia. Essa captação de energias semelhantes é o encontro do desconhecido que existe dentro de nós, nos subterrâneos luminosos de nosso inconsciente. Luciano, como ator, dá o toque inicial e conduz os cantores com o olhar. Quando fala, seu discurso convence, tem o calor do momento, da improvisação. O espectador está atento à pergunta aguardando a resposta exata. Quando ela é revelada de forma poética, ele se sente tocado e muitas vezes chora.
Luciano, Ivana e Evaldo conduzem esse evento de arte para uma participação real do público. Ali a arte está no canto, na poesia e na própria escolha das cartas. Luciano é diretor de teatro e sabe conduzir o evento a um estado energético onde a emoção se revela e se transforma.
Os sábios chineses descobriram esse momento e criaram os hexagramas do I Ching.
Stanislavski fazia do momento de criatividade uma forma de auto-conhecimento e Grotowski dinamizava a participação do público.
Cartas poéticas promove o encontro do público com a poesia e o canto de forma direta, sem análises ou explicações. É ali, naquele momento mágico que as coisas acontecem e se clareiam. O trio das cartas vai levando sua mensagem aos empresários, aos asilos, às escolas.
No dia 17 de setembro, na semi-obscuridade do Teatro da PUC em Belo Horizonte, aconteceu um evento de cartas para um público jovem, alunos daquela universidade. Sentada no banco da frente, eu podia assistir de perto àquele espetáculo teatral onde as artes se encontravam para promover uma síntese emocionante. Na semi-obscuridade da sala toda pintada de preto, os holofotes projetavam formas e sombras nas paredes, focalizando os artistas e a platéia. Todos nós fazíamos parte do mesmo evento criativo. A arte do século XXI é uma arte que se estende a vida de forma abrangente, não está guardada em museus. Cartas Poéticas é um exemplo disso.
*Fotos Leandro Luppi
Luciano, Ivana e Evaldo conduzem esse evento de arte para uma participação real do público. Ali a arte está no canto, na poesia e na própria escolha das cartas. Luciano é diretor de teatro e sabe conduzir o evento a um estado energético onde a emoção se revela e se transforma.
Os sábios chineses descobriram esse momento e criaram os hexagramas do I Ching.
Stanislavski fazia do momento de criatividade uma forma de auto-conhecimento e Grotowski dinamizava a participação do público.
Cartas poéticas promove o encontro do público com a poesia e o canto de forma direta, sem análises ou explicações. É ali, naquele momento mágico que as coisas acontecem e se clareiam. O trio das cartas vai levando sua mensagem aos empresários, aos asilos, às escolas.
No dia 17 de setembro, na semi-obscuridade do Teatro da PUC em Belo Horizonte, aconteceu um evento de cartas para um público jovem, alunos daquela universidade. Sentada no banco da frente, eu podia assistir de perto àquele espetáculo teatral onde as artes se encontravam para promover uma síntese emocionante. Na semi-obscuridade da sala toda pintada de preto, os holofotes projetavam formas e sombras nas paredes, focalizando os artistas e a platéia. Todos nós fazíamos parte do mesmo evento criativo. A arte do século XXI é uma arte que se estende a vida de forma abrangente, não está guardada em museus. Cartas Poéticas é um exemplo disso.
*Fotos Leandro Luppi
PINCELADA
A exposição da vanguarda russa, que inspirou todo o movimento construtivista no mundo ocidental, depois de um sucesso extraordinário no Rio, está agora em São Paulo. Esperamos que a mostra possa chegar a Belo Horizonte.
quarta-feira, 16 de setembro de 2009
HORTA ORGÂNICA
A fazenda Luiziânia, localizada no Campo das Vertentes em Entre Rios de Minas, convidou um grupo interessado em alimentação orgânica, para uma visita à sua horta.
Familiares de Belo Horizonte levaram suas crianças para aprender o processo de cultivo orgânico, sem agrotóxicos.
Educar as crianças a adotarem uma alimentação saudável é o primeiro passo para a grande transformação prevista para o século XXI.
O cultivo da terra é uma forma de arte, uma extensão da arte à vida. Naquele momento os visitantes também participavam do processo de plantar e colher.
As crianças observavam os detalhes do nascimento e crescimento de uma planta e indagavam curiosamente: “Vem ver os nenéns da estufa,são lindos!”
Teresa e Pedro iam conduzindo os visitantes: “Olha como a natureza é sábia, às vezes as folhagens mais velhas protegem as que estão nascendo, para que a luz do sol não prejudique as recém nascidas.”
Os visitantes iam recebendo lições de vida, nascimento, crescimento, morte e renascimento.
As folhas velhas são colocadas num composto, que servirá de adubo natural para novas plantações. O composto é feito de esterco, capim e água e, naquele dia estava sendo revirado para esfriar. O processo de fermentação eleva a temperatura do composto. De perto podíamos sentir o calor daquelas pirâmides de adubo natural. Dois homens mexiam e cavavam cavernas naquelas pirâmides que se destinavam ao ciclo do eterno retorno. “Nada se perde, tudo se transforma.”
Observar o cultivo da terra é receber lições que nos chegam diretamente da natureza.
Um grupo de crianças se interessou pelas bananeiras e Teresa explicou: “Vocês já ouviram falar de bananeira que já deu cacho? As bananeiras crescem juntas, como uma família, e a mais velha, depois de dar cacho é retirada para dar chance às outras”. Outras explicações se seguiram e no final, um almoço vegetariano, servido na varanda foi uma experiência gastronômica de alto nível. Comemos os frutos da terra sem nenhum agrotóxico, enquanto víamos da varanda, a horta se estendendo como uma grande tapeçaria viva.
*Fotos de Cristina Cortez
Familiares de Belo Horizonte levaram suas crianças para aprender o processo de cultivo orgânico, sem agrotóxicos.
Educar as crianças a adotarem uma alimentação saudável é o primeiro passo para a grande transformação prevista para o século XXI.
O cultivo da terra é uma forma de arte, uma extensão da arte à vida. Naquele momento os visitantes também participavam do processo de plantar e colher.
As crianças observavam os detalhes do nascimento e crescimento de uma planta e indagavam curiosamente: “Vem ver os nenéns da estufa,são lindos!”
Teresa e Pedro iam conduzindo os visitantes: “Olha como a natureza é sábia, às vezes as folhagens mais velhas protegem as que estão nascendo, para que a luz do sol não prejudique as recém nascidas.”
Os visitantes iam recebendo lições de vida, nascimento, crescimento, morte e renascimento.
As folhas velhas são colocadas num composto, que servirá de adubo natural para novas plantações. O composto é feito de esterco, capim e água e, naquele dia estava sendo revirado para esfriar. O processo de fermentação eleva a temperatura do composto. De perto podíamos sentir o calor daquelas pirâmides de adubo natural. Dois homens mexiam e cavavam cavernas naquelas pirâmides que se destinavam ao ciclo do eterno retorno. “Nada se perde, tudo se transforma.”
Observar o cultivo da terra é receber lições que nos chegam diretamente da natureza.
Um grupo de crianças se interessou pelas bananeiras e Teresa explicou: “Vocês já ouviram falar de bananeira que já deu cacho? As bananeiras crescem juntas, como uma família, e a mais velha, depois de dar cacho é retirada para dar chance às outras”. Outras explicações se seguiram e no final, um almoço vegetariano, servido na varanda foi uma experiência gastronômica de alto nível. Comemos os frutos da terra sem nenhum agrotóxico, enquanto víamos da varanda, a horta se estendendo como uma grande tapeçaria viva.
*Fotos de Cristina Cortez
PINCELADAS
Hortas,gramados, jardins e até árvores estão ganhando os céus de Tóquio. O governo da capital japonesa decidiu obrigar que todas as novas construções da cidade tenham espaços verdes - até no teto. Não tem alvará se não tem a compensação verde.
O Grupo “Voz e Poesia” irá apresentar o espetáculo “Cartas Poéticas” no dia 18 de setembro, sexta-feira, às 20:30 no Espaço Cultural Puc Minas (Praça da Liberdade). Rua Sergipe 790, Funcionários. Será beneficiente, em prol da aluna Josiane Ilda de Paiva Campos Viana, acidentada em abril, e ainda hospitalizada, requerendo cuidados especiais.
O Grupo “Voz e Poesia” irá apresentar o espetáculo “Cartas Poéticas” no dia 18 de setembro, sexta-feira, às 20:30 no Espaço Cultural Puc Minas (Praça da Liberdade). Rua Sergipe 790, Funcionários. Será beneficiente, em prol da aluna Josiane Ilda de Paiva Campos Viana, acidentada em abril, e ainda hospitalizada, requerendo cuidados especiais.
quarta-feira, 9 de setembro de 2009
CASAMENTOS NA ÍNDIA
Nas ruas de Varanasi, cidade santa, as festas se sucedem. Ali as coisas acontecem simultaneamente e a vida se movimenta em mil cenas, desfilando como um filme diante dos nossos olhos.
Chegamos no dia 19 de abril, dia dos casamentos. Nas ruas, elefantes enfeitados desfilavam, seguidos de carruagens deslumbrantes, iluminadas, o noivo sentado no alto do andor com flores cobrindo o rosto. A cena acontecia entre fogos de artifício, ao som de tambores e banda de música. Parecia um conto de mil e uma noites.
Passamos por um pórtico enfeitado de pinturas. Dentro de uma casa humilde celebrava-se o casamento de uma família pobre. Convidaram-nos a entrar e fizeram-nos sentar no chão. A noiva, uma adolescente de 14 anos, recebia os convidados com chá e salgadinhos apimentados.
Bandas de música enchiam os becos de Varanasi com sons variados, fogos de artifício explodiam no espaço e andores passavam pelas ruas, como nas festividades religiosas das cidades históricas de Minas Gerais. Grandes figuras modeladas em papier-maché ou fundidas em metal prateado representavam os nobres de antigamente ou os deuses hindus. As deusas Saraswati e Parvati também acompanhavam outro cortejo, levando um jovem à casa de sua futura esposa. Tudo respirava alegria e festa.
Em Varanasi, que representa a antiga Índia, a tradição é conservada com todos os detalhes de antigamente e a força do passado é mantida pelas diversas religiões. Na Índia, os cristãos representam o Ocidente e o casamento cristão é como o nosso: a noiva entra com o pai e o noivo a espera no altar. Pelo traje de cada pessoa pode-se saber a qual religião pertence. Os cristãos usam sapatos e vestem-se de terno e gravata, os hindus usam sandálias, vestem-se de dhotis e blusões brancos. Os mulçumanos, quase sempre, estão de preto e as mulheres cobrem-se também com longos véus pretos, como irmãs de caridade.
Nas ruas estreitas de Varanasi, com pouco mais de um metro de largura, a passagem era feita somente por pedestres. As construções antigas protegiam a cidade contra o calor do verão, e, à sombra dos becos, o sol não penetrava. Por detrás das grades, moças curiosas espiavam os transeuntes passando. Vacas, bezerros e cabritos andavam sem pedir licença, empurrando quem estava na frente.
Enquanto andávamos a arquitetura das casas criava nos muros diversos cenários do passado com reis e rainhas, surgindo à soleira das portas, pintadas em cores vivas sobre o fundo branco. Moças com os pés pintados de vermelho seguiam as encruzilhadas, subindo os degraus e enveredando por becos. Surgiram numa réstea de sol, elefantes pintados, homens de turbante, colunas, pórticos, escadarias, vidros com os deuses hindus iluminados por lamparinas, roupas dependuradas nas janelas e saris coloridos jogados nas varandas.
Chegamos no dia 19 de abril, dia dos casamentos. Nas ruas, elefantes enfeitados desfilavam, seguidos de carruagens deslumbrantes, iluminadas, o noivo sentado no alto do andor com flores cobrindo o rosto. A cena acontecia entre fogos de artifício, ao som de tambores e banda de música. Parecia um conto de mil e uma noites.
Passamos por um pórtico enfeitado de pinturas. Dentro de uma casa humilde celebrava-se o casamento de uma família pobre. Convidaram-nos a entrar e fizeram-nos sentar no chão. A noiva, uma adolescente de 14 anos, recebia os convidados com chá e salgadinhos apimentados.
Bandas de música enchiam os becos de Varanasi com sons variados, fogos de artifício explodiam no espaço e andores passavam pelas ruas, como nas festividades religiosas das cidades históricas de Minas Gerais. Grandes figuras modeladas em papier-maché ou fundidas em metal prateado representavam os nobres de antigamente ou os deuses hindus. As deusas Saraswati e Parvati também acompanhavam outro cortejo, levando um jovem à casa de sua futura esposa. Tudo respirava alegria e festa.
Em Varanasi, que representa a antiga Índia, a tradição é conservada com todos os detalhes de antigamente e a força do passado é mantida pelas diversas religiões. Na Índia, os cristãos representam o Ocidente e o casamento cristão é como o nosso: a noiva entra com o pai e o noivo a espera no altar. Pelo traje de cada pessoa pode-se saber a qual religião pertence. Os cristãos usam sapatos e vestem-se de terno e gravata, os hindus usam sandálias, vestem-se de dhotis e blusões brancos. Os mulçumanos, quase sempre, estão de preto e as mulheres cobrem-se também com longos véus pretos, como irmãs de caridade.
Nas ruas estreitas de Varanasi, com pouco mais de um metro de largura, a passagem era feita somente por pedestres. As construções antigas protegiam a cidade contra o calor do verão, e, à sombra dos becos, o sol não penetrava. Por detrás das grades, moças curiosas espiavam os transeuntes passando. Vacas, bezerros e cabritos andavam sem pedir licença, empurrando quem estava na frente.
Enquanto andávamos a arquitetura das casas criava nos muros diversos cenários do passado com reis e rainhas, surgindo à soleira das portas, pintadas em cores vivas sobre o fundo branco. Moças com os pés pintados de vermelho seguiam as encruzilhadas, subindo os degraus e enveredando por becos. Surgiram numa réstea de sol, elefantes pintados, homens de turbante, colunas, pórticos, escadarias, vidros com os deuses hindus iluminados por lamparinas, roupas dependuradas nas janelas e saris coloridos jogados nas varandas.
PINCELADA
A praça da Savassi estava lotada quando o Grupo Diapasão se apresentou no dia 7 de setembro no palco Copasa. Quatro palcos se apresentavam ao mesmo tempo, sem que uma música interviesse na outra. No meio havia um ambiente interativo e muita música que trazia alegria a Belo Horizonte.
sábado, 5 de setembro de 2009
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