segunda-feira, 30 de dezembro de 2019

LIVRO SOBRE A ÁGUA I


Recebi de Maurício e Aparecida Andrés o texto de um livro sobre a água, dirigido a crianças e jovens. Fiz uma série de ilustrações. Trechos deste livro irão compor as próximas postagens.

1.        No ambiente


Venha pra perto de mim
 escutar a minha história.
Vou lhe dizer quem eu sou,
contar-lhe minhas viagens
pelo universo e na Terra.

E também vou lhe mostrar
minha presença na vida
dos bichos, plantas e gentes.

Tente com a imaginação
colocar-se em meu lugar.
Que aventuras vai viver,
que surpresas vai achar!

 














Tenho a idade do universo.
Viajo pelas galáxias,
entre a poeira do cosmos.


Não fico igual, 
sou mutante!

Se faz  frio ou faz calor,
posso virar um cristal,
gotas líquidas
ou vapor.

 

Cruzo as órbitas de sóis,
de planetas e de estrelas:
a força deles me atrai.
Cometas riscam o céu:
feitos de rocha e metal,
poeira e cristais de gelo,
ao passar perto do sol,
absorvem seu calor.
O calor sublima o gelo,
que derrete e vira água;
misturada à poeira,
torna-se cauda comprida,
que a gente pode enxergar
passeando lá no céu.

No local em que apareço,
pode ser sinal de vida,
mesmo que seja em um planeta
situado muito longe!



Durante milhões de anos,
tive a forma de vapor.
Sou capaz de evaporar,
de mesclar-me aos  gases quentes.

Quando a Terra resfriou,
milhões de anos atrás,
condensando, me tornei
a massa líquida dos oceanos.



Transformei-me em chuva forte
que caiu por muito tempo. 



Como todos nós sabemos,
ao cair e escorrer
no chão, nos morros, nas rochas,
“água mole em pedra dura,
tanto bate até que fura!”

Tirei terra das montanhas,
e fui levando pra baixo,
provocando erosão,
juntando a terra nos vales.
Foi se formando o relevo
e a superfície da Terra,
das bacias hidrográficas
com suas belas cachoeiras,
rios, várzeas, corredeiras, 
lagos, brejos e oceanos.

Os mares e os oceanos
são como pontos de encontro:
para lá correm as águas
que vêm das chuvas,
das nascentes,
dos córregos,  dos rios.

Ali também brota a vida:
cavalos-marinhos, camarões ,
baleias e tubarões,
polvos, peixes coloridos.
 E os navios pirata,
que naufragaram um dia,
viram casas submersas
 para os  bichos aquáticos.
 Ali pode haver tesouros.
Em  minhas correntes,
frias e quentes,
já flutuaram garrafas
contendo mensagens de amor,
ou com mensagens de náufragos,
loucos pra serem encontrados.


Se me aqueço além da conta,
ganho muito mais volume.
Provoco cheias nos mares,
nos oceanos da terra,
inundo as áreas costeiras.

As chuvas se intensificam,
se transformam em temporais,
e mais uma vez, as enchentes,
os ciclones tropicais,
as encostas que deslizam,
 as barragens que se rompem,
são tragédias esperadas.

*Ilustrações de Maria Helena Andrés

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terça-feira, 24 de dezembro de 2019


CARTA À MINHA FILHA MARÍLIA


Hoje, abrindo as páginas do livro azul, onde tem uma síntese de meus trabalhos, deparei com aquela pintura Menina com papagaio que eu fiz quando você tinha dois anos. Todo um acervo de memórias me veio como um filme e este quadro marcou um grande salto na minha vida de artista.

Lembro-me perfeitamente. Nós morávamos na Rua Santa Rita Durão e eu, como aluna de Guignard, pintava flores, paisagens e quadros de crianças. Minha vida familiar começava com as crianças chegando e enfeitando a casa. Hoje, os bisnetos me dão muita alegria.

Mas, voltando ao quadro, lembro que ele me deu um prêmio muito importante e valioso. Anunciaram no jornal um grande prêmio para mineiros residentes em Minas. Pensei comigo: mineiros residentes e resistentes, porque pintar em Minas não possibilitava grandes premiações nacionais. Mas o prêmio era para artista mineiro residente. Por que não? Segurei minha filha Marília, em pé, na minha frente e disse: Vou pintar você. A menina estava de azul e segurava uma pipa colorida. Incentivada pelo objetivo do prêmio, realizei o quadro com muita energia e muito amor. E não é que ganhei o prêmio? Marília me deu sorte e me fez ganhar um prêmio muito importante.

Hoje, muitos anos se passaram. Marília está novamente em cena, carregando o troféu que me foi dado em São Paulo, já que eu não pude comparecer ao evento. Uma homenagem oferecida pela Associação Brasileira de Críticos de Arte (ABCA) pelo conjunto de minha obra.

Hoje, Marília é presidente do Instituto Maria Helena Andrés (IMHA), ela administra o Instituto, organiza exposições, escreve textos e faz curadorias. É professora de história da arte, pesquisadora, crítica e curadora de várias exposições dos artistas de Minas Gerais. Antigamente não havia curadores, hoje vejo que eles são muito importantes. Se desdobram estudando o trabalho dos artistas, selecionam as obras, escrevem textos curatoriais e organizam exposições.

Está aí uma pequena história da minha trajetória que eu mesma não tinha tido consciência: a sincronicidade de estar Marília carregando para mim duas premiações do mais alto nível. As coisas acontecem na vida, mas os fenômenos de sincronicidade nos passam desapercebidos. Eles são invisíveis, mas atuam no Eterno Agora, criando passado, presente e futuro num só movimento, que muitas vezes chamamos de coincidência. A menina de azul continua dentro do meu livro azul e o troféu está na minha sala, fazendo lembrar o prêmio de São Paulo, oferecido pela ABCA.

Agora, uma nova menção, desta vez vinda de Houston, onde participo com uma pintura da coleção de Adolpho Leirner. A mensagem, vinda dos EUA, foi enviada por Corina Rogge, pesquisadora do Museu de Houston e amiga de Marília: “A pintura Fantasia de Ritmos de sua mãe foi escolhida para ser estudada por muitos alunos da Universidade de Houston. Os estudantes escolheram esta obra como tema de seus trabalhos porque eles sentiram o lirismo da pintura. O trabalho de Maria Helena continua sendo um tesouro aqui em Houston”.

A menina de azul da época de Guignard e Fantasia de Ritmos do período construtivista se encontraram no tempo com um denominador comum: o lirismo.

*Fotos de arquivo

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terça-feira, 17 de dezembro de 2019


ISAURA PENA, UMA REFLEXÃO ECOLÓGICA


Terça feira é o dia do Euler me acompanhar. Ele vem da fazenda trazer verduras orgânicas para vender em BH. É interessado em ecologia e meio ambiente. Convidei-o para visitar a exposição de Isaura Pena, na Galeria Celma Albuquerque.
Logo à entrada da galeria ele me mostrou uma árvore muito especial, o Pau Mulato.
Lá dentro, outras árvores desenhadas em tamanhos diversos, desde as raízes até as copas, registravam um intercambio entre Brasil e Portugal.
A história das árvores brasileiras que foram para Portugal e outras portuguesas que vieram para o Brasil é contada por historiadores e pesquisadores. Agora ela começa a ser contada pelos artistas conceituais.
Arte conceitual parte de uma idéia e desenvolve aquela idéia através de textos, desenhos ou instalações.
A exposição de Isaura é uma instalação com base na ecologia. Os desenhos registraram também os desenhos das águas em Minas Gerais, um percurso que nos remete a outras reflexões. A árvore depende da água para sobreviver e é através dela que a chuva chega até nós. Sem árvores por perto as nascentes morrem. Lembro-me de uma vereda em Brasília cercada de vegetação. Dali nasce um pequeno córrego, depois transformado em rio e assim chega até o mar. Numa seqüência de mudanças e viagens pela terra, a presença da árvore é uma constante. Constatar o intercâmbio entre Brasil e Portugal e o percurso do rio São Francisco foi a minha percepção da proposta de Isaura.
A exposição é todo um hino às árvores.
Isaura esteve em Portugal, estudou 4 anos em Coimbra e ali defendeu tese de doutorado. É doutora e artista de grande sensibilidade. Hoje, como professora da Escola Guignard transmite não somente idéias teóricas mas também sai e conhece o desenho com experiência de vários anos.
Acompanhamos os passos de Isaura registrando no papel raízes, troncos e copas de árvores.
Em novembro de 2018 a artista esteve em Portugal e ali montou uma exposição na Galeria Primer. Os desenhos em grandes dimensões foram feitas numa “Quinta” perto de Lisboa, onde ela organizou seu atelier. A idéia das árvores partiu dali, desenhando o seu entorno.
Uma parte dos desenhos ficou em Portugal, outros desenhos vieram para o Brasil. Na exposição eles estão figurando na parede lateral. Ali estão também os registros do caminho do rio, circulando, trazendo benefícios para a terra e fazendo crescer outras árvores.
O caminho de todo artista é também um caminho cheio de curvas, de encontros e perdas. Um caminho que circula como o rio, beneficiando a terra por onde passa.
Saímos da exposição e o Euler fotografou a árvore plantada em frente, do outro lado da rua.
*Fotos de Isaura Pena
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terça-feira, 10 de dezembro de 2019


EXPOSIÇÃO LAMA


A lama desceu
a ladeira
e cobriu tudo
de vermelho.
Sepultou pessoas
que ainda estavam
vivas.
Animais, paisagens
pastos, casas, casebres,
tudo foi coberto
pela lama vermelha.
Vermelho terra,
terra que foi verde,
cheia de flores,
virou uma
argila pastosa, tóxica.
Foi neste ambiente
de destruição e morte
que o artista plástico
Sussuca,
natural de Ouro Preto,
criou a  sua grande instalação,
denominada “LAMA”.
Sussuca esteve presente
no local onde a lama
derramou seus rejeitos.
Fotografou, dialogou com
as pessoas, recolheu
as imagens e as
recriou de forma
impactante.
Não há quem não se sinta
abalado com a exposição.
Ali está, em forma
de arte, o cenário
fúnebre, tenebroso, a
que foram reduzidas
duas cidades mineiras,
Mariana e Brumadinho,
cobertas de tinta, feita
com as terras da região.
Elas dão testemunho da
tragédia de Minas Gerais.
As montanhas com
todas as suas riquezas
mataram tudo o que
tinha vida.
Sussuca assistiu, anotou,
chorou junto com os
órfãos e as viúvas,
com os parentes, que
ali permaneceram noite e dia
à procura dos corpos,
pedaços de braços,
mãos, pernas, a criança
deitada no berço,
a noiva à espera do
noivo, os bombeiros
também sepultados.
A exposição é um
testemunho importante
de todo um cenário
de morte.
Sussuca não escreve,
ele mostra.
Saímos da exposição
Abaladas...

A exposição precisa correr o Brasil. “Não é comercial, não pode ser vendida separadamente, mas deve ser adquirida por algum museu para guardar testemunho do que estamos passando aqui em Minas”.
A arte de denúncia é uma arte que não nos sai da memória.

*Fotos de Marília Andrés

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quarta-feira, 4 de dezembro de 2019


MEMÓRIAS DE UM CÃO DE VIRGÍNIA WOOLF


O Espetáculo performático, “Memórias de um cão”, baseou-se no livro de mesmo título, cuja autora, Virgínia Woolf, inspirou-se em cartas que sua amiga, a poetisa Elizabeth Barret escrevia para seu namorado. Nessas cartas, as freqüentes citações de um cãozinho de estimação, o Cocker spaniel chamado Flush,  despertou a atenção de Virgínia para a forma como o afeto e a lealdade do cão era capaz de provocar mudanças determinantes no humor e comportamento de sua dona. 

Como tantos cães, Flush conhecia mais sobre o ser humano, do que o próprio homem. Os cães estão permanentemente atentos aos seus donos e percebem com um instinto que mais se aproxima de uma grande sensibilidade e intuição, os sentimentos humanos.
O olhar amoroso de Flush sobre sua dona é o olhar do amor universal, que tudo aceita e tudo compreende. Com extrema sensibilidade, ele vê o mundo sob a lente do amor.

 Sob esta lente, a comunicação é perfeita, mesmo sem palavras. Flush nos ensina, de forma encantadora, o mais importante sobre nós mesmos, o que viemos aprender na nossa viagem a este mundo: a lealdade, o respeito e sobretudo o amor incondicional. E tudo isto sob a pena sensível e inovadora de Virgínia Woolf, que fez de uma narrativa simples um texto grandioso.

O cuidado e a afeição que os seres humanos têm por cães e gatos é talvez conseqüência de relações humanas competitivas e excludentes, que levam as pessoas a experimentarem sentimentos de solidão e depressão. Animais de estimação representam o afeto, o cuidado, a atenção e a lealdade, a compreensão e a cooperação que perdemos nas nossas relações com indivíduos de nossa própria espécie.

É um espetáculo interativo, onde contação de histórias, música e artes plásticas estarão juntas, numa homenagem e valorização da figura do cão, chamado, muitas vezes, de “melhor amigo do homem”. Pessoas da platéia, que tenham cães de estimação, poderão participar, enviando, previamente, para a produção do espetáculo, imagens de seus cães. Essas imagens serão projetadas num telão durante o espetáculo e ali, diante de todos, servirão como inspiração para desenhos realizados em cena pela atriz e artista plástica Ivana Andrés. Enquanto Ivana desenha, Luciano Luppi e Marluce Cerqueira contarão trechos da história de Flush. 

Tudo será permeado com canções, músicas instrumentais e efeitos sonoros executados por Evaldo Nogueira. Tanto o cenário quanto os figurinos serão em cores claras, afim de ressaltar as cores das imagens projetadas, bem como os desenhos executados ao vivo. Dessa forma, o espetáculo irá se colorindo, de acordo com as imagens enviadas pelos espectadores. A participação deles irá determinar as cores do espetáculo.
 
*Fotos de Cecília Fernandes e Kátia Assis

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terça-feira, 19 de novembro de 2019


YEDA PRATES


A poeta Yeda Prates, conhecida e aplaudida nacional e internacionalmente, é mineira e reside em Belo Horizonte. Fui convidada para um almoço em seu apartamento, situado na mesma rua em que eu moro. Naquela ocasião, Yeda me presenteou com alguns livros de sua autoria. “Cercanias” é o livro que tenho nas mãos no momento e vamos falar sobre ele.

A poesia de Yeda é para ser lida devagar, meditando em cada página. É a busca da essência através da palavra, um caminho para se transcender o cotidiano e nos projetar na vastidão do imensurável.

No momento em que escrevo em minha casa do Retiro, vejo a paisagem de Minas, e o céu cheio de cores escondendo o sol.

Nos versos de Yeda, ela proclama a beleza da vida e da criação. Existe beleza nos céus de Minas, tão admirados por Guignard. Os versos da poeta também divulgam e transmitem esta beleza de nossa paisagem.

A poesia de Yeda vai nos conduzindo para um encontro feliz entre poesia, pintura, música e meditação.

Assim fala o seu poema “Na tarde”:
“A tarde mergulha na lagoa
E patos bebem, sôfregos
A luz remanescente das águas”

Com o lirismo herdado por seu sangue mineiro, ela vai nos conduzindo à suavidade das tardes, das madrugadas, das noites de lua. É neste deslumbramento que sua arte encontra a música, herança familiar de nosso grande maestro Carlos Alberto Prates. Yeda é irmã de Carlos Alberto e eu posso escutar música em seus poemas.
Ela nos revela isto em seu hai Kai “Música ao longe”

“Suas notas invadem
As pautas de minhas veias”

Em “Memória”, ela proclama a alegria de ser mãe.
Destaquei este poema porque ele traduz o sentimento de todas nós, mães:
“Memória”
“A brisa fresca da noite
Passeia pelo passado
Desmancha sombras e nuvens
Desvenda sonhos perdidos
Cinzela a pátina do tempo
Em desmedido fascínio
Entre rendas e poesia
Extasiada contemplo
Meu filho
Que acaba de nascer.”

Transformar o cotidiano em poesia é a principal mensagem que Yeda Prates me passou.

Meditando em cada página de seu livro, caminhamos juntas para um universo transcendente onde tudo é beleza, harmonia e luz.

Obrigada, Yeda, por sua mensagem de paz. Com poucas palavras você consegue tudo.

*Fotos da internet

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segunda-feira, 11 de novembro de 2019


NAVEGANTES


Este tema “Navegantes”, sempre fez parte da minha vida.

Desde adolescente, quando mudamos de casa, meu pai instalou um vitral representando uma caravela portuguesa.

Quando eu descia a escada, parava para ver a caravela. Ela brilhava ao sol da tarde e resplandecia à noite, quando acendíamos a luz.

Hoje, esta caravela está na minha casa do Retiro das Pedras e ainda posso admirá-la quando o sol se põe.

Meus quadros se apropriaram do tema “Navegantes” e a minha entrada no abstrato foi através dos barcos, dos navegantes.

Foi com este incentivo que percorri a exposição “O Rio dos navegantes”, inaugurada no Museu de Arte do Rio, o MAR, com grande sucesso.

A exposição é um documentário que vai nos revelando uma história da chegada ao Brasil desses intrépidos aventureiros do mar.

Já participei de um congresso sobre os navegantes em Goa, Índia Portuguesa, onde pude mostrar o intercâmbio de culturas realizado pelos navegantes.

Agora, no MAR, vejo a chegada deles ao Rio, trazendo objetos de arte da China, da Índia e das diversas colônias portuguesas espalhadas pelo mundo.

Os navegantes inspiraram vários artistas e entre eles sobressai um enorme painel de Caribé, com embarcações indígenas.

“O MAR, que traz em seu nome a sua cidade-sede, razão maior de sua existência, saúda os navegantes de todos os portos, culturas, crenças e formações, desejando que mais e mais visitantes aqui estejam, aportem e usufruam do patrimônio que é da sociedade, da população carioca. Bem-vindos sejam!” (Eleonora Santa Rosa, Diretora Executiva do MAR)

*Fotos da internet.

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segunda-feira, 28 de outubro de 2019


CAMINHOS DO JAZZ


Quando as diversas formas de arte se encontram, aceleram o processo de criação. Há um potencial de sinergia que se projeta à distância pelo simples fato de ouvir e participar de  um poema, um drama, uma pintura, uma música.

Esta ressonância fomos encontrar no livro de Paulo Vilara intitulado Jazz! Interpretações. Pequenas histórias de fúria, dor e alegria. Percorrendo as páginas do livro, percorro também os bairros de New York, principalmente o Greenwich Village, situado junto à praça George Washington.

Nesta praça, o visitante é recebido por senhoras de idade, que indicam caminhos e hotéis aos turistas. Não cobram nada e fazem tudo com muita cordialidade.

O Village Vanguard é o ponto de encontro de intelectuais e artistas, lugar onde poetas e músicos se manifestam. Revejo estes pontos criativos em várias partes do mundo, em Paris no Café de Flore, em New York no Village Vanguard e em Belo Horizonte na Asa de Papel
.
Paulo Vilara é grande apreciador de jazz, seu livro alcança com precisão as reuniões musicais, investiga comportamentos e ultrapassa a realidade com o poder da imaginação. Seus textos são situações imaginárias que dariam um belo roteiro de teatro.

O livro de Vilara descreve com tanta precisão um cenário, que dificilmente acreditamos ser pura ficção. Ao som do jazz toda uma história de vida é recontada e os artistas negros ganham um status internacional que ultrapassa as desavenças, os preconceitos e as discriminações. Eles são realmente arautos de um povo oprimido e o conseguem, não através dos discursos, mas da música. Esta música envolvente transpõe distâncias e a voz de Billie Holiday e Ella Fitzgerald nos chega aos ouvidos e continuará viva através dos tempos.

Coube a um escritor de Minas Gerais a aventura de percorrer cenários, situações, vivências à distância, seguindo sua própria intuição e criatividade. Paulo Vilara é poeta, pesquisador, cineasta e escritor de qualidade, realiza no seu trabalho uma síntese das artes, importante para testemunhar a época em que vivemos. A imaginação do poeta pode atingir a lua e as estrelas, aterrissar em New York ou Paris, sem precisar dos cansativos vôos internacionais.

Parabéns a Paulo Vilara, seu caminho já está aberto, vá em frente!

*Fotos  da internet

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