sábado, 17 de junho de 2023

MONICA SARTORI E VICTOR BRECHERET NO MUSEU INIMÁ DE PAULA

 

Neste domingo de sol, saímos das Pampulha para visitar duas exposições no centro de Belo Horizonte, no Museu Inimá de Paula, situado na tradicional Rua da Bahia. Visitamos primeiro a exposição de Monica Sartori, artista da Geração 80, que já expôs em Sala Especial na Bienal de São Paulo. Monica é minha vizinha, moramos no mesmo condomínio, o Retiro das Pedras. Em seguida, visitamos a exposição de Vitor Brecheret, no primeiro andar do Museu.



Percorremos a exposição apreciando como a artista se expressa com maestria através da linha. São linhas paralelas, sinuosas, sensíveis.



Agora, Monica transforma a linha, percorre vales e montanhas e nos mostra as flores do cerrado.

São flores campestres, que nascem espontaneamente, sem ninguém plantar ou regar. São simples e belas, nascem no campo e apreciam o sol nascendo e se pondo, totalmente ao sabor da natureza e dos ritmos de nascimento e morte.



Monica sempre viveu no Retiro e as flores do cerrado são suas companheiras de vida.

Ali no Retiro, os campos se estendem a perder de vista. As linhas de Mônica continuam vibrando em música, desta vez espalhando flores pelo caminho.



Sua exposição faz bem à alma.

Descendo para o primeiro andar do Museu Inimá de Paula, visitamos a exposição de Victor Brecheret, que também procura, como Monica Sartori, uma ligação com a natureza, a terra e suas origens. Monica revela ao público as flores do cerrado, que surgem espontâneas, sem ninguém plantar. Brecheret pertence a uma outra geração, anterior, estudou na Itália. Ali encontrou outros modernistas em plena atividade. Sua arte é uma síntese do modernismo que se instalou no Brasil, aliado às nossa origens indígenas. Brecheret era escultor, mas também grande desenhista. Seu trabalho contínuo e ininterrupto transmite a força de um artista genuinamente brasileiro que estudou e transmitiu as tradições dos povos originários. Sua simplicidade de linhas e formas estavam perfeitamente expressadas pela arte dos indígenas, arte simples e despojada. Os indígenas viveram há milênios nas florestas, mas não se inspiraram nas plantas e nas flores de seu meio ambiente.



São padrões geometrizados que se enquadram perfeitamente nos padrões da arte construtiva.

Quando Brancusi nos trouxe a pureza das formas, Brecheret encontrou nas origens brasileiras esta mesma característica.

Percorrendo a exposição podemos sentir perfeitamente esse encontro da arte europeia com a arte simples e despojada dos indígenas brasileiros.



“Eu nunca te encontraria se antes não estivesses comigo” (Saint Exupery)

Este despojamento do supérfluo, próprio do modernismo, dialogava de forma penetrante com as características vindas da Europa.

Brecheret se debruçou no estudo dos indígenas e percorreu o mundo maravilhoso dos habitantes das nossas florestas.

Conheci em 1951 a arte de Brecheret que foi premiada na I Bienal de São Paulo. Nossas origens brasileiras ressurgem das florestas, levantando a bandeira da simplicidade de formas.

Nas palavras de Maria Izabel Branco Ribeiro, curadora da exposição: “Brecheret não registrava as peculiaridades dos diferentes grupos indígenas, mas o mundo novo que vislumbrava.”

Visualizando as duas exposições, percebemos que existe uma ligação entre elas, que não se expressa em estilos diversos, mas têm uma ligação profunda com as nossas origens. A pesquisa da terra e da vegetação do cerrado, caracterizado pelos desenhos de Monica Sartori se encontram com a arte de Brecheret sob o mesmo teto, no Museu Inimá de Paula, apesar de pertencerem a épocas diferentes. Elas têm em sua origem mais profunda o “eterno agora”, a busca incessante do ser humano em torno da mesma ideia: Quem somos, de onde viemos e para onde vamos?

*Fotos de Marília Andrés

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