terça-feira, 20 de setembro de 2011

REFLEXOS DA ART RIO

Os antigos armazéns do cais do Porto no Rio de Janeiro, agora desativados, estão se tornando um grande espaço de arte. Ali o povo comparece em massa, revelando uma outra face do carioca, como participante ativo do mercado da arte.
A I Feira Internacional de Arte Contemporânea do Rio, muito noticiada pela mídia, suplantou a feira de São Paulo e colocou o Rio de Janeiro como um ponto de cultura da maior importância para o Brasil.
Num sinal do crescente interesse pela arte brasileira, a primeira edição da feira ArtRio levou ao píer Mauá, na zona portuária do Rio, 46 mil pessoas e gerou negócios de R$ 120 milhões durante os cinco dias do evento.
Encerrada no domingo, a feira contou com 83 galerias – quase metade do exterior. Nos estandes estavam à venda cerâmicas do espanhol Pablo Picasso, pinturas e esculturas do colombiano Fernando Botero, obras de modernistas brasileiros como Volpi e contemporâneos como Ernesto Neto.
“Nossa intenção é nos tornarmos a quinta maior feira de arte do mundo”, disse Elisangela Valadares, uma das idealizadoras da ArtRio.
Beatriz Lemos de Sá, nossa galerista de Belo Horizonte, participou ativamente do evento com o maior sucesso.
Em seu estande figuraram artistas representantes da arte de Minas e alguns de São Paulo e Rio que trabalham em sua galeria.
Ali estiveram presentes com esculturas, desenhos e pinturas os seguintes artistas: Amílcar de Castro (escultura e desenho), Maria Helena Andrés (esculturas e desenhos), Jayme Reis (objetos), Pedro David (fotografia), Célia Euvaldo (pinturas), Sérgio Sister (objetos), Fernando Cardoso (desenhos), Tunga (objetos) e Antônio Dias (pinturas).
Assim, entre mineiros, cariocas e paulistas o seu estande esteve movimentado nesses cinco dias.
Houve grande procura pelas esculturas que um dia deixam nossas montanhas para se harmonizarem com outras montanhas nos gramados de Itaipava, Araras e Teresópolis.

*Fotos de Beatriz Lemos de Sá, Carlos Andrade e Roberto Andrés

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domingo, 11 de setembro de 2011

MAPAS DE ARLINDO DAIBERT


André Melo Mendes desvenda, no seu livro sobre o artista Arlindo Daibert, duas expressões artísticas que tradicionalmente eram consideradas diferentes: o texto e a imagem.

Antigamente, a imagem, considerada ilustração do texto, tornava-se uma arte menor, subordinada à escrita. Havia um preconceito com o trabalho artesanal, feito com as mãos, em relação ao trabalho intelectual. Nesse momento, em que existe uma intermidialidade entre as artes e as mídias, esse preconceito antigo está sendo questionado e as artes caminham juntas, sem que exista superioridade de umas sobre as outras.

Trazer luz sobre essa idéia é o que André Mendes propõe em seu livro. Ali, ele destaca que Arlindo Daibert tem o seu lugar no cenário das artes plásticas como um grande artista, que se inspirou no livro “Grande Sertão Veredas” de Guimarães Rosa, outro grande artista da literatura brasileira. 

O livro de Rosa tem servido de inspiração para vários artistas que trabalham com as artes visuais, a exemplo de Poty, ou com a música, como Alexandre Campos e Bernardo Maranhão.

O nome Vereda já sugere o lugar onde a água pura brota da terra e vai crescendo na medida em que recebe novos afluentes. Visitei uma Vereda em Brasília e ali me informaram que aquela água chegaria ao Rio da Prata. As novas recriações sobre as Veredas são como novos afluentes de um mesmo rio que, percorrendo várias terras, se jogará um dia no mar.

Na minha vida de artista plástica e escritora sempre questionei a colocação da imagem como arte menor em relação à literatura. No livro “Pepedro nos Caminhos da Índia” fui colocada como co-autora da obra cujo texto foi escrito por Aparecida Andrés.

Para dar exemplo do passado, tenho em minha casa um exemplar belíssimo da “Divina Comédia” de Dante Alighieri, ilustrada por Gustavo Doré. Ali, as imagens falam por si, são compreendidas imediatamente, sem o auxilio de um tradutor. Essas imagens me acompanharam desde a infância e sempre continuaram causando impacto para mim e minha família.

André Mendes, escritor e pesquisador das imagens, ressignifica a obra tanto de Arlindo Daibert, quanto de Guimarães Rosa e aponta a possibilidade de novas releituras da obra desses autores.

De acordo com as palavras de André: “Esse trabalho de Daibert está longe do conceito tradicional de ilustração, entendida como explicação visual da narrativa e se aproxima muito mais da postura do tradutor ou mesmo do criador. Seus desenhos e xilogravuras podem ser entendidos como imagens que pensam sobre o romance de Rosa – entre outros assuntos. Basicamente, a diferença entre as imagens que argumentam e aquelas que pensam é que as primeiras não dão espaço para a subjetividade do leitor, enquanto as imagens complexas se propõem a pensar junto com ele”.
E o autor continua seu pensamento: “Rosa criou um mapa sobre o sertão, um mapa que não era igual ao território. Daibert criou, a partir desse mapa, um novo mapa. Ao criar esse novo mapa, ampliou o mapa de Rosa e do sertão”.

O livro de André Mendes “Mapas de Arlindo Daibert. Diálogos entre imagens e textos” deixa para o leitor a possibilidade de conhecer esses mapas e de perceber a integração entre a literatura e as artes visuais.

  • Fotos de Marília Andrés, Rafael Chimicatti e Nino Andrés

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