quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

PROJETO AYA


Arte / Yoga / Ambiente

O Projeto Aya – Arte / Yoga / Ambiente, de autoria de Eliana Andrés, teve sua origem na década de 70, quando Eliana ainda adolescente administrava aulas de arte numa escolinha para crianças, localizada na garagem da nossa casa em Belo Horizonte.
A semente foi plantada ali, e o chamado para arte na educação também começou com a alegria das crianças manifestada em desenhos, pinturas e objetos. Também na década de 70, Eliana frequentou vários Festivais de Inverno em Ouro Preto. Inscreveu-se na Escola de Artes Visuais do Parque Lage, no Rio de Janeiro, sob a direção de Rubens Gerchman.
A administração de Gerchman buscava antes de tudo valorizar o ser humano e despertar o seu potencial criativo. Os alunos freqüentavam várias oficinas que, aparentemente diversificadas, se integravam numa síntese harmoniosa.
A integração do yoga no processo de arte começou também na década de 70, quando deixou o Brasil e seguiu para a Índia, onde encontrou novamente a família. Maurício, seu irmão mais velho, ali estava realizando um trabalho no Indian Institute of Management, em Bangalore, sul da Índia. Integrando-se ao grupo familiar, Eliana colaborou nas pesquisas e na parte gráfica do livro infanto juvenil de autoria de Aparecida Andrés, intitulado: Pepedro nos Caminhos da Índia.
Em Chennai, ela freqüentou cursos de yoga e também colaborou espontâneamente dando aulas de arte e yoga para crianças carentes, em Adyar.
As crianças na Índia são muito ligadas à natureza e  as aulas,em várias ocasiões, são dadas à sombra de árvores frondosas.Isto talvez tenha sido o toque de consciência para integrar a experiência ecológica às aulas de arte-yoga desenvolvidas por ela também,nas décadas de 80 e 90,no Brasil.  As idéias do grande educador brasileiro Paulo Freire também a estimularam neste caminho: “Freire entendia a ecologia como parte de qualquer ação educadora efetivamente crítica e libertadora”.
No Brasil a Oficina Arte / Yoga / Ecologia, no 1° Festival de Inverno de Entre Rios de Minas, promovido pelo IMHA (Instituto Maria Helena Andrés), em 2006, foi o início de um trabalho que depois se aperfeiçoou no Multirão Cultural, realizado também naquela cidade, em 2009.
Em 2011 o Projeto Aya foi integrado às atividades da Ong Ecoppaz com sede no Campo das Vertentes em MG. As oficinas foram realizadas em Congonhas, com atividades inclusive na Basílica, onde estão os profetas do Aleijadinho. Em cada cidade o projeto incorpora novas idéias de acordo com as necessidades locais.
Acrescento aqui o depoimento de Eliana sobre seu trabalho:
“O Projeto Aya tem como objetivo unir numa mesma oficina áreas diferentes de conhecimento: a arte, a prática de yoga e o meio ambiente.
Os alunos despertam para a importância do equilíbrio corpo/mente, com a diversificação de atividades que se complementam e que desenvolvem a sensibilidade, a criatividade e a reflexão.
Um ser humano com capacidade de integrar no seu dia-a-dia uma melhor qualidade de vida, será um ser mais equilibrado. Isto terá um reflexo positivo nas suas relações familiares, na educação dos filhos, no seu desempenho profissional, enfim, na sua vida como um todo.”
Uma vez por ano, a equipe do projeto se encontra numa cidade do interior de MG, para realizar junto a grupos de crianças e jovens um trabalho voluntário. O Projeto Aya poderá ser realizado também em outros municípios, onde houver receptividade e ressonância com sua proposta educacional.

Fotos de Heder Godinho, Julio Margarida, Maria Aldina Resende e Eliana Andrés

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sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

sábado, 7 de janeiro de 2012

MORTE E VIDA SEVERINA

No dia 28 de setembro de 2011, estreou no Teatro da Cidade em BH, a peça “Morte e Vida Severina”, montada por Pedro Paulo Cava. Ontem iniciou nova temporada na Campanha de Popularização do Teatro e da Dança, devendo ser apresentada de quarta a domingo até 4 de março.
A peça é forte e traz em toda a sua intensidade a vida do retirante nordestino e as injustiças de um país cheio de contrastes. Nele a condição humana é tão extrema a ponto de reservar a cada pessoa apenas um retângulo de terra, sua própria sepultura, “a parte que te cabe neste latifúndio”. Chico Buarque e João Cabral de Melo Neto se completam neste musical dramático. A série “Retirantes” de Portinari, projetada numa cortina de elástico no fundo do palco permite aos atores “entrar ou sair do quadro” como se eles fossem os próprios retirantes. A platéia também se sente profundamente sensibilizada pelo drama dos retirantes, que é também o drama de nosso planeta, com suas injustiças sociais. Este recurso de reunir a poesia de João Cabral com a música de Chico Buarque e as telas de Portinari é uma síntese das artes postas em ação, para maior impacto da platéia.
Pedro Paulo Cava escreveu um texto para o catálogo e transcrevo aqui uma parte de seu depoimento:
 “O teatro é a angústia dos homens em forma de poesia e movimento. Ofício complicado, intrincado, repleto de armadilhas nas palavras dos autores, na boca dos atores, nos corpos que suam sobre os palcos do mundo. Beleza e magia que encanta e emociona porque é vivo, pulsante, indignado e precisa de cúmplices e testemunhas para que morte e vida, vida e morte aconteçam todas as noites.
 O teatro é a perplexidade diante da condição humana. Ninguém o escolhe como forma de expressão e fica impune. Loucura e lucidez que conduz poemas como o de João Cabral a ganhar músicas de Chico Buarque e se transformar num canto à vida diante da presença constante da morte. A eles adicionei um Portinari que deu cores ao sofrimento dos brasileiros mais desprovidos de vida e cidadania. Três gênios que se completam.
 Espetáculo que costurei lentamente, buscando nas entrelinhas e nas formas da encenação, uma resposta qualquer para a “severinidade”  que vivemos. E mais uma vez encontrei ar, poesia, paixão, alegria e música no ato de criar. Reafirmei a minha convicção de que é essencial se emocionar diante do espetáculo que a vida descortina à nossa frente, porque os sentimentos são os motores vitais dos nossos corpos frágeis que caminham apressados em direção ao fim. São elas, as emoções, que nos mantém vivos e alertas neste trajeto, sempre adiando o encontro fatal.
 O que desejo? Apenas que espectadores se juntem aos atores nesta noite e em todas as outras, desfrutando a poesia da vida, mesmo que seja esta, franzina, apaixonante, comprada a retalhos todos os dias.” (texto extraído do catálogo do espetáculo)
Na estréia de “Morte e Vida Severina” em 28 de setembro de 2011,  na Pequena Galeria do Teatro da Cidade, tive a surpresa de ver Ferreira Gullar expondo serigrafias dos Anos 50, de ótima qualidade, que revelam a sua face de artista plástico, além de poeta e crítico de arte.
O espetáculo recebeu a premiação de “Melhor Cenário” no Prêmio SESC SATED pelo excelente trabalho de Paulo Viana, além de ter recebido indicações para outros prêmios.
No elenco: Tiago Colombini, Luiz Gomide, Adilson Maghá, Evaldo Nogueira, Luciene Lemos, Diorcélio Antônio, Priscila Cler, Gustavo Marquezini, Meibe Rodrigues, Adriano Alves, Fabiane Aguiar, Jefferson de Medeiros, Júlia Borges, Maria Tereza Gandra e Ivana Andrés.
(Para maiores informações sobre os espetáculos, exposições e demais ações culturais nesses 20 anos do Teatro da Cidade, ver o site www.teatrodacidade.com.br)
*Fotos de Guto Muniz
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