quarta-feira, 29 de julho de 2009

MUTIRÃO CULTURAL DE ENTRE RIOS DE MINAS . uma experiência de solidariedade na arte

O movimento cultural de Entre Rios de Minas veio pra ficar” – Secretário de Estado de Cultura, Paulo Brant.

Como é que vocês organizaram isso? Quero fazer o mesmo na minha cidade!” –Secretário de Cultura de uma cidade próxima a Entre Rios de Minas.

Vocês estão me devolvendo a juventude” – Moradora da comunidade do Distrito Serra do Camapuã.

O Mutirão Cultural de Entre Rios de Minas é um exemplo da arte que se inicia no século XXI, a arte contemporânea espontânea. Assim como o canto dos pássaros que celebram a natureza e como tudo o que vi e senti se expressar na comunidade entrerriana na última semana: “temos a necessidade da arte para evoluir neste planeta”. O Mutirão nasceu das sementes plantadas nos três últimos festivais de inverno, promovidos pelo Instituto Maria Helena Andrés, e se desenvolveu com o trabalho de cerca de 150 voluntários e amigos da cultura, que, juntos, planejaram e realizaram diversos eventos e oficinas.

Existe uma energia universal positiva sempre presente nos movimentos voluntários de solidariedade e todos nós estamos incluídos nela. Palestras, oficinas, apresentações musicais e teatrais, mesa redonda, lançamento de livro, desfiles e exposições de fotos, filmes, artesanatos e quitandas fizeram parte desse movimento.

quinta-feira, 23 de julho de 2009

terça-feira, 21 de julho de 2009

TEATRO COMO EXTENSÃO DE VIDA

Em 1979, vistamos um grupo de teatro amador em Bangalore, no sul da Índia. Os ensaios eram sempre à noite, pois os artistas trabalhavam durante o dia.

No pequeno teatro de Bangalore os atores realizavam a arte como extensão de sua própria vida. Entrevistamos um dos participantes do grupo, Vijai Padaki. Ele trabalhava durante o dia como psicólogo do Instituto de Administração, e durante a noite, invariavelmente, podíamos encontrá-lo colaborando com seu grupo de artistas dentro e fora do palco.

-“Hoje estou de baby sitter”, nos disse ele.

Enquanto os pais da criança ensaiavam uma cena, ele mostrava as vitrines coloridas a um garotinha de uns 4 anos.

-“Nós nos revezamos em todas as atividades. Quando não estamos participando do espetáculo atuamos fora de outra maneira. Nossa atividade artística é o teatro, mas ela se estende também para a vida. Vivemos de forma comunitária sem a necessidade de morar dentro do mesmo espaço. Organizamos uma espécie de cooperativa constituída por um pequeno grupo de artistas. A arte para nós é um complemento indispensável à vida. Durante o dia somos profissionais liberais, engenheiros, advogados, médicos ou psicólogos. Trabalhamos normalmente como qualquer indiano de classe média, em repartições públicas ou em firma particulares. Das 6 horas da tarde em diante nos reunimos para o trabalho comunitário em torno do teatro. Na Índia nosso grupo é um dos mais antigos. Somos amadores porque temos ocupações diferentes durante o dia, mas no final, acabamos sendo considerados do mesmo nível dos grupos profissionais, levando até certa vantagem sobre eles. Não temos os problemas que enfrentam esses grupos: preocupações com o ganho material, o sucesso, os intermediários, com a competição e o estrelismo. Somos livres e sentimos que uma comunidade só pode ser forte quando mantém com clareza certos princípios. Ao iniciar nossas atividades, há 18 anos atrás, estabelecemos como principio que cada pessoa tem o seu próprio valor e este deve ser respeitado e estimulado. Não existe uma hierarquia dentro do grupo, nem alguém que se sobressaia sobre os outros. Ninguém se torna a estrela principal do grupo. Algumas vezes representamos o papel principal e noutras peças fazemos o papel secundário. Isso nos ajuda a quebrar o ego. Nosso grupo tem por princípio quebrar o estrelismo. Entendemos que todos os papeis tem igual valor. Representamos diversos papéis artísticos e burocráticos e experimentamos uma variedade de situações. Consideramos as atividades técnicas tão importantes quanto as artísticas. Até mesmo os eletricistas e os cenógrafos participam de nosso grupo e muitas vezes são artistas também. Temos 150 membros, desde jovens até idosos...”

-“Nossos estudantes são treinados por nós mesmos. Às vezes, assumimos o papel de professores de acordo com a nossa capacidade individual. Cada um contribui com aquilo que sabe. Temos um membro que mora numa aldeia próxima e costuma fazer algumas cenas em seu próprio meio ambiente. Fazemos experiências denominadas trabalho de laboratório para um pequeno público mais íntimo e apresentamos ao grande público umas três ou quatro peças ao ano. Temos um comitê com presidente, secretário, dentre outros, composto por dez pessoas, que decidem o que será apresentado”.

Terminamos a entrevista com um almoço apimentado, à moda indiana, ouvindo música ocidental. A mãe servia a mesa e as crianças comiam sentadas no chão. O teatro para essa família era uma forma de crescimento e equilíbrio psíquico, mas não perdia o seu valor artístico.

Tive também a oportunidade de assistir a uma representação do grupo no palácio do governo de Bangalore, com a presença das autoridades e da sociedade local. Há um grande incentivo da parte do governo em torno das atividades artísticas nas diversas áreas. O teatro no final é a própria vida, com seus contrastes e suas mutações, estabelecendo o equilíbrio entre o trabalho e o lazer.





PINCELADAS

O público que vê um espetáculo no palco não imagina a infinidade de providências que precisam ser tomadas nos bastidores, antes, durante e depois daquele breve período em que o artista está em cena. Leia o livro de Rômulo Avelar a ser lançado "O Avesso da cena".

Acontecerá na cidade de Entre Rios de Minas um mutirão cultural entre os dias 17 e 21 de julho de 2009. Incentivado pelo sucesso dos outros festivais o povo se uniu em torno da arte.

A voz de Milton Nascimento ecoou pelas montanhas prestigiando o Festival de Inverno de Ouro Preto e Mariana. Nosso mineiro internacional não esquece suas raizes.

terça-feira, 14 de julho de 2009

MUSEU DE TECNOLOGIA DE BANGALORE



O museu de industria e tecnologia de Bangalore pode ser considerado como um dos mais importantes exemplos de educação livre na Índia. Diariamente é visitado por colégios e pelo povo em geral. Paga-se cinqüenta centavos de entrada para permanecer lá o dia inteiro, percorrendo as galerias e estudando a evolução do homem através da ciência. Há filmes instrutivos às duas horas da tarde, sessões cinematográficas mostrando o caminho feito pelos astronautas ou as conquistas da arte cinética de algum pintor moderno ocidental. Na entrada, uma frase de Nehru: “O verdadeiro cientista é o sábio desapegado da vida e dos frutos da ação, sempre buscando a verdade e sendo conduzido por ela”.
O diretor do museu é jovem e entusiasta do sistema de educação livre. “Aqui as pessoas aprendem sem a compulsão de passarem por exames. Aprendem brincando, participando. Levamos a historia da ciência e tecnologia às vilas, pois na Índia, a maioria da população está nas vilas”. Há dois ônibus especiais enormes, conduzindo os ensinamentos para o interior do país, em sistema de teatros de marionetes. Bonequinhos que se movimentam e mostram como todas as coisas vivas contem água, como se tira água do solo, a purificação da água potável e a composição da água. O ônibus é intitulado “Água, fonte de vida” e as diversas cenas são mostradas pelas janelas à população.
Arte e ciência se completam nas salas do museu e a forma estética é posta a serviço do conteúdo cientifico. A apresentação de um museu de ciência e tecnologia exige a presença de um artista para dispor as salas, arranjar as vitrines, imaginar painéis de forma agradável e interessante. A participação do espectador, hoje tão comum nas propostas de arte do ocidente, é usada para despertar maior interesse lúdico e criativo. Apertamos botões e estamos diante do homem das cavernas descobrindo e transformando os elementos naturais: vemos a energia solar sendo transformada em fogo através do uso de lentes especiais, as chuvas caindo sobre a terra e produzindo vegetação e alimento, o vento tocando os moinhos, a água transmutada em energia nas represas e usinas, o uso do vapor, o trem de ferro e o foguete para a lua. Num só painel o resumo da historia da ciência e física. Mocinhas param em frente ao painel que mostra o sistema de pesos e medidas dos egípcios. Crianças apertam botões e vêem os moinhos rodarem. Velhinhas acompanhadas dos filhos, noras, netos e toda a “joint family” aprendem brincando, de forma lúdica. Paramos em frente às câmaras de uma tevê mostrando como a imagem é transmitida e como é recebida.
Há outro painel com duas enormes figuras falando ao telefone. Ao lado, um telefone de verdade, onde podemos discar e ver o movimento das ondas sonoras, do transmissor ao receptor. “Veja sua própria voz” é o anuncio da próxima atração. Um olho dentro de uma caixa tendo ao lado um microfone. Podemos ver o gráfico de nossa apropria voz, do sussurro ao grito e a intensidade do som produzindo vibrações sutis ou violentas. As formas variam de acordo com a voz, tornam-se lentas, suaves, quando emitimos sons harmoniosos, nervosas e agressivas quando a voz se altera. Noutra sala as rodas giram como fantásticas mandalas. “A roda é o símbolo do desenvolvimento técnico do homem. Ela existe em toda a parte na natureza. Sua invenção foi a primeira explosão técnica”. O homem percorre distâncias com a roda, ela está em todas as maquinas e em todos os meios de transporte. Na Índia, a roda é usada de formas variadas no transporte da população. Rodas de bicicleta, rodas de riquixá, rodas de carro de boi, de trem de ferro, rodinhas, rodas enormes, a energia conjugada, homem, animal, roda.
O museu está situado dentro de um parque. Ele oferece cursos, seminários e bolsas de estudo de três meses para as pessoas interessadas.



PINCELADAS

Parabéns pelos organizadores da exposição “Entre Salões” atualmente em mostra no Museu de Arte da Pampulha. Revela uma pesquisa histórica sobre o museu.

Será inaugurado em setembro próximo o primeiro módulo do circuito cultural da Praça da Liberdade, tendo como patrocinadores a UFMG e a TIM. Será chamado Espaço do Conhecimento.

terça-feira, 7 de julho de 2009

Mahatma Gandhi



Para entrar no Memorial de Gandhi em Delhi, o visitante deve tirar os sapatos, em sinal de reverência. Vem gente do mundo inteiro prestar homenagem ao grande líder indiano. O fogo aceso dia e noite dentro de um receptáculo de metal, anuncia a presença do mestre.

A figura de Gandhi é a grande referência que temos da Índia no mundo ocidental. Sua coragem de conduzir todo um povo, segurando como estandarte o ideal de Paz e Não-Violência, é um exemplo vivo que não pode ser esquecido. Gandhi nasceu em 1869, no estado de Gujarat, no oeste da Índia.

Gandhi estudou Direito em Londres e formou-se em 1891. Na África do Sul, para onde se transferiu no início de sua carreira, dedicou-se de corpo e alma à defesa dos imigrantes indianos. Ali desenvolveu o seu trabalho de resistência pacífica contra a injustiça social, gerada pelos colonizadores. A todos os atos de violência armada respondia com jejuns até que a luta terminasse. Os jornais noticiavam o sacrifício de Gandhi por seu país e o mundo inteiro comovia-se com seu exemplo. Através da resistência pacífica, Gandhi libertou a Índia do Império Britânico. Em janeiro de 1948, aos 79 anos, Gandhi foi morto por um fanático hindu quando se dirigia ao templo para rezar.

“Não sou um visionário”, dizia Gandhi. “considero-me um idealista pragmático. A religião da não violência não se destina exclusivamente aos rishis e aos santos. Está destinada também às pessoas comuns. A não violência é a lei da nossa espécie, assim como a violência é a lei dos brutos. O espírito está adormecido nos brutos e ele não conhece qualquer outra lei que não a da força física. A dignidade do homem exige a obediência a uma lei superior...a força do espírito”.


PINCELADAS

O município de Entre Rios de Minas foi considerado "Ponto de Cultura" com o projeto "Música na escola". Parabéns a todos.

Dia 29 de junho no Palácio das Artes, 2 grupos musicais de Entre Rios, Seresta Rios ao Luar e Samba do Bem se apresentaram com o maior sucesso.