segunda-feira, 27 de maio de 2019


SRI AUROBINDO E VISÕES CONTEMPORÂNEAS SOBRE ESPIRITUALIDADE II



Dando continuidade ao depoimento de Maurício Andrés, transcrevo o texto abaixo.

 “Sri Aurobindo escreveu que “O principal uso da ciência e da tecnologia é fazer mais forte a base material, mais completa e efetiva, para a manifestação do Espírito.” Nas ciências, o físico brasileiro Marcelo Gleiser ganhou  em 2019 o Prêmio Templeton, o Nobel da Espiritualidade.

Miguel Grinberg, educador e escritor do livro Somos la gente que estábamos esperando, diz que  a ecologia espiritual procura um nexo entre a civilização ecológica em construção e as questões espirituais; constitui uma ferramenta para indagar sobre os potenciais latentes de uma pessoa, em harmonia com sua vocação natural de paz e o papel que pode desempenhar numa sociedade em que as calamidades não predominem, destrutivamente, e na qual se perceba que o desenvolvimento metafísico é essencial para resolver os problemas do mundo material; considera a experiência humana na Terra como uma epopeia de evolução consciente e de consciência planetária. E recupera a visão de que o ser humano é dotado de uma consciência cósmica. Jorge Moreira, do Porto, mantém um grupo sobre Ecologia Espiritual no facebook.

Warwick Fox, é o principal autor da Ecologia transpessoal que  discute a visão de mundo da Ecologia profunda no contexto da eco filosofia e do antropocentrismo; explora a conexão entre a Natureza e o Sagrado e a maneira como experiências transpessoais na natureza expandem o humano; explora como a espiritualidade se relaciona com a crise ecológica global; usa o termo movimento ecológico ecocêntrico, que inclui os praticantes da ecologia profunda, os que adotam abordagem não antropocêntrica e  que se estende além  de um sentido egóico, biográfico ou pessoal do eu.

A ecologia cósmica expande a escala de tempo e de espaço. Assim o fazendo, ela se aproxima de visões de mundo de antigas tradições espirituais, ajuda a resgatar a dimensão ética e a ressacralizar a natureza. A dimensão cósmica abre a sensibilidade para a transcendência.

Na atual crise evolutiva, é fundamental a inteligência espiritual, (ver Zohar; Marshall, 2000). que traz a habilidade para lidar com impasses e crises, para aprender e resolver problemas novos. A resposta à atual crise demanda elevado grau de autoconhecimento, independência para seguir as próprias ideias, flexibilidade, relutância em causar danos aos outros, capacidade de enfrentar a dor e de aprender com o sofrimento, de se inspirar em ideais elevados, de estabelecer conexões entre realidades distintas.  Todas essas são características da inteligência espiritual.” (Depoimento de Maurício Andrés)

*Fotos de arquivo

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segunda-feira, 20 de maio de 2019


SRI AUROBINDO E VISÕES CONTEMPORÂNEAS SOBRE ESPIRITUALIDADE I


Nesta época controvertida em que vivemos, o advento de uma era espiritual começa a se fazer sentir como uma luz que aponta direções. Principalmente uma reflexão sobre a Ecologia, se torna prioritária, em relação a outras formas do saber. Transcrevo abaixo o depoimento de Maurício Andrés Ribeiro, estudioso de Sri Aurobindo, o grande pensador indiano que, no início do Século XX, apontou direções para  a evolução da humanidade.

“Nessa grande transição e mudança de eras em que nos encontramos, nesse estágio terminal da era cenozoica, a era dos mamíferos, vários pensadores propõem designações para qual será a próxima era. Entre eles, destaca-se Sri Aurobindo  que falou do advento de uma era subjetiva e de uma era espiritual, movida por indivíduos e que se dissemina na coletividade: “A vinda da era espiritual deve ser precedida pelo aparecimento de um número crescente de indivíduos que não estão mais satisfeitos com a existência intelectual, vital e física do homem, mas percebem que uma evolução maior é a verdadeira meta da humanidade e tentam efetuá-la em si mesmos, guiar outros para ela e fazer dela o objetivo reconhecido da espécie.”   Ele falava da crise da evolução e do ser humano como um ser em transição: “« Uma evolução espiritual, uma evolução da consciência na Matéria, cuja autoformação está constantemente em desenvolvimento até a forma revelar o espírito que a habita, é então a chave, o motivo central e significativo da existência terrena”.

Sobre a importância  do espírito ele observa que  “O destino da raça nesta era de crises e revolução dependerá muito mais do espírito que somos do que da maquinaria que usaremos.” E que “Quando se perde a espiritualidade, perde-se tudo.”
Sri Aurobindo escreveu bastante sobre esse tema. Ainda que ele não se refira em nenhum momento de sua obra às questões ecológicas, seu pensamento foi ecologicamente pioneiro pois, dezenas de anos depois de seus escritos, emergem visões contemporâneas em estreita afinidade com eles  nas artes, na filosofia, e em campos emergentes das ciências tais como  na ecologia espiritual, na ecologia integral, na ecologia transpessoal, na ecologia cósmica, na espiritualidade integral, na inteligência espiritual. Essas ainda não são visões dominantes no mundo atual, mas são como sementes que germinam aqui e ali e que podem vir a ocupar o lugar das visões hegemônicas que ainda hoje prevalecem.

Para Sri Aurobindo, “O primeiro e mais baixo uso da Arte é puramente estético; o segundo é intelectual ou educativo; o terceiro e mais alto é espiritual.”Nas artes plásticas destaca-se a visão e a prática da arte abstrata que buscava a essência para além das aparências,  de Kandinsky, que escreveu o livro " Do espiritual na arte"  e da vanguarda russa.” (Depoimento de Maurício Andrés Ribeiro)

*Fotos de arquivo

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domingo, 12 de maio de 2019




GIOVANI FANTAUZZI, ARTISTA E ARTESÃO


“A exposição de Giovani Fantauzzi, no Museu de Congonhas, nos leva a fazer elos com o barroco mineiro.
Giovani molda o ferro com as mãos, assim como os artistas e artesãos da colônia portuguesa esculpiam a pedra e entalhavam a madeira. Há uma ideia que se concretiza nas mãos do artista/artesão, transformando-se em figuras de santos, anjos e profetas de Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho, ou em esculturas musicais de Giovani Fantauzzi. Em ambos, o pensamento e o fazer artístico criam formas sinuosas, elegantes e ascendentes que buscam um diálogo entre o céu e a terra.
Nas esculturas de Giovani esse diálogo acontece com a presença da luz e da sombra, configurando imagens musicais que dançam no espaço. As formas elegantes e sinuosas projetadas no chão e nas paredes do jardim de esculturas apresentam uma coreografia que dialoga com o cenário dos profetas de Aleijadinho, no adro do Santuário de Bom Jesus de Matozinhos, em Congonhas.
Mas, na igreja barroca a relação entre o público e as imagens é permeada pela fé, a religiosidade e a contemplação dos objetos devocionais, levando o fiel à relação espiritual com a entidade transcendental. Já no jardim de esculturas do artista contemporâneo, o expectador/participante envolve-se num jogo lúdico e sensorial com os objetos e as imagens projetadas. Este jogo forma desenhos construtivos, e toma diferentes configurações a partir do movimento do participante dentro da obra.
As perspectivas mudam, e o artista/artesão transforma-se no propositor de uma obra aberta à participação do público, em sintonia com a proposta interativa do Museu de Congonhas, que busca conduzir o visitante a “uma experiência de fruição estética, sensorial e intelectual”.
Marília Andrés Ribeiro
GIOVANI FANTAUZZI

Caminhei pela exposição
De Giovani Fantauzzi
Seguindo o roteiro de
Marília Andrés e
Sérgio Rodrigo Reis.
Ambos nos deram
Uma visão clara
Da obra de Giovani.
Perceber o todo,
Sentir a presença
Do expectador nas
Pessoas que passavam
E nas crianças que
Se entusiasmaram
Brincando com as esculturas
Entrando dentro delas.
Sua obra possibilita
A participação do espectador.
Na espontaneidade
Do menino que brincou
Com uma escultura
Gigante, nas sombras
Que as peças esculturais
Projetavam na parede
E criavam desenhos e
Luzes.
 Participar é
Sentir e ver a escultura
Com o corpo todo, entrando
Dentro dela, brincando de
Esconde - esconde, escorregando
Nas rampas.
Giovani soube
Sentir de perto o
Público jovem que
Percorre uma exposição
E a transforma no lúdico
Na brincadeira.
Maria Helena Andrés


*Fotos de Marília Andrés e Maria Helena Andrés.

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terça-feira, 7 de maio de 2019


UMA ENTREVISTA COM ÂNGELA GIANNETTI


 Ângela Giannetti é minha vizinha no Retiro das Pedras.  Desde 2007 começou a pesquisar as plantas dos campos rupestres da Serra do Espinhaço.

Na entrevista que fizemos com ela conversamos sobre o seu trabalho e Ângela nos informou:

“Comecei a trabalhar no Centro de Biodiversidade, em Sabará, ilustrando as plantas das serras mineiras. Entusiasmei-me com o trabalho e dei continuidade a essa pesquisa percorrendo as montanhas de nosso entorno. Segundo o parecer de um botânico, que por aqui passou,   os campos desta altitude são tão fascinantes que podem ser comparados com as crianças em frente às guloseimas. Quanto a mim, considero estes campos como uma floresta anã, tal a diversidade de plantas existentes. Depois das chuvas, elas surgem exuberantes, cobrindo a terra de cores variadas”. (Entrevista realizada com Ângela Giannetti no Instituto Maria Helena Andrés, em 07/abril/2019)

Este depoimento da artista, que é ilustradora botânica de técnica de aquarela, poderá ser enriquecido com o texto que ela escreveu para a exposição que realizou na Casa Guignard, em Ouro Preto.

“As plantas que ilustrei estão situadas na biosfera da serra do Espinhaço acima de 800 metros de altitude e localizadas principalmente no quadrilátero ferrífero de Minas Gerais. Muitas delas são endêmicas da região e de importância para o eco sistema pois dependem dessas plantas vários insetos polinizadores os quais só sobrevivem neste ambiente, como répteis, libélulas, colibris, calangos e outros. Todos fazem parte dos chamados “campos rupestres ou de altitude”. Este bioma está ligado com o cerrado e a mata atlântica mas tem uma vegetação única e singular de grande importância também”.

Ainda segundo Ângela Giannetti: “Todos os naturalistas que passaram pelo Brasil no século 19 ficaram encantados com esta vegetação e suas descrições traduzem essa beleza e importância. Os naturalistas Spix e Martius chegando na serra de Ouro Branco escreveram: 
‘O caminho segue por essas belas montanhas sempre acima e desenrola aos olhos do viajante a cada passo, objetos do maior interesse. As variadas vistas dos vales nos quais as quintas espalhadas aparecem com maior frequência e se alternam quanto mais perto se vai chegando a Vila Rica. Ficamos porem especialmente maravilhados quando subimos o íngreme morro do Gravier, continuação da serra de Ouro Branco, ao avistarmos os lírios arbóreos, cujos caules fortes e nus bifurcados nuns poucos galhos, muitas vezes terminados com um tufo de folhas compridas com as queimadas dos campos: carbonizados na superfície, são uma das mais maravilhosas formas do mundo das plantas’. (Do livro Viagem ao Brasil, Volume 1)

Ângela Giannetti nos deu uma verdadeira aula de botânica e nos apresentou aquarelas de grande sensibilidade e beleza.

*Fotos de Maria Helena Andrés e do arquivo de Ângela Giannetti

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quarta-feira, 1 de maio de 2019


LOBOSTOCK


Em agosto de 1969, aconteceu o Festival de Woodstock, nos EUA.
O festival exemplificou a era da contracultura do final da década de 1960 e começo de 70. Trinta e dois dos mais conhecidos músicos da época apresentaram-se durante um fim de semana por vezes chuvoso, para 400 mil espectadores. O evento original provou ser único e lendário, reconhecido como um dos maiores momentos na história da música popular.
Mesmo contando com uma qualidade musical excepcional, o destaque do festival foi mesmo o retrato comportamental exibido pela harmonia social e a atitude de seu imenso público. (Retirado da internet)

Inspirado no Woodstock, um grupo de jovens músicos mineiros se reuniram numa fazenda em Entre Rios de Minas, situado no Campo das Vertentes. Tivemos a oportunidade de assistir  à segunda edição do “Lobostock”. O poema abaixo é uma homenagem à esta iniciativa, que obteve um excelente resultado.

LOBOSTOCK

Fomos convidados
Para o Lobostock
No Campo das Vertentes
Entre Rios de Minas
Onde nasceu o IMHA.
Nasce agora
Um grupo de jovens
Movimento pacífico
De jovens guerreiros
De uma claridade
Que está surgindo.
Ela está presente
Nos olhos brilhantes
Na voz que ressoou
Pelas montanhas.
Minas é terra de
Muita luz.
A arte abre
Caminho
Para o futuro.
Faz escuro mas
Eu canto
Dizia o poeta
Tiago de Melo
Nos tempos da
Ditadura.
Faz escuro no
Entorno mas
Um novo canto
Surge vindo
Das vertentes
Mostrando
Que a esperança
Está nos jovens
Assentados
No gramado.
No tablado
Em frente
Há música
De qualidade.
Vozes que já
Ecoaram
Pelo mundo
Afora
Agora se
Reúnem
Neste palco.
Vozes da América
Latina
Que ressurgem
Como um canto
De paz
Tirando música
Da natureza
Do canto dos
Pássaros
Da percussão
Das rãs
Que chacoalham.
O sol desaparece
E a lua cheia
Surge brilhante
Sobre os campos
Das vertentes.

Parabéns à esta iniciativa, que teve incentivo constante de Cláudia Duarte, a fotógrafa do grupo! Na equipe do festival, além de Cláudia, os seus filhos  Tomaz Duarte Lobo, Pedro Duarte Lobo, além de Estevão Mascarenhas, David Mascarenhas, Filipe e Alexandre Andrés.

Foi um dia inteiro de apresentações, no Vale dos Lobos (fazenda de Cláudia Duarte)! O dia começou com artistas realizando atividades como slackline, slackwater (pessoas se equilibravam em um elástico entre árvores e sobre uma lagoa), livepanting, tenda da cura e muito mais. Às 16:30 começaram os shows! A abertura foi de Flávio Tris,cantautor de São Paulo, na sequência ‘Haru’ (Alexandre Andrés e Rafael Martini), Maíra Baldaia, Rosa Neon e Pequena Morte. As DJs Naroca e Sandri discotecaram entre os shows e fizeram uma apresentação para fechar a festa.

Além de todas as atrações pudemos contemplar o palhaço Maisena, suas trapalhadas e malabarismos e uma linda exposição de fotografias, com vários fotógrafos envolvidos.
 Naquela fazenda estivemos com cerca de 150 pessoas, dentre elas a ilustre presença de Áurea Carolina. Eleita deputada federal em MG, veio de Brasília prestigiar os espetáculos.

A esperança vem destes grupos pequenos que atuam em conjunto dispensando leis de incentivo.É a própria energia coletiva que está produzindo um som novo, um novo caminho, uma política nova.

Áurea Carolina é jovem, foi eleita deputada federal com o entusiasmo dos jovens. Está em Brasília defendendo nossas montanhas, a cultura e a educação brasileira, além do direito das mulheres!

*Fotos de arquivo e da internet

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