terça-feira, 7 de maio de 2019

UMA ENTREVISTA COM ÂNGELA GIANNETTI


 Ângela Giannetti é minha vizinha no Retiro das Pedras.  Desde 2007 começou a pesquisar as plantas dos campos rupestres da Serra do Espinhaço.

Na entrevista que fizemos com ela conversamos sobre o seu trabalho e Ângela nos informou:

“Comecei a trabalhar no Centro de Biodiversidade, em Sabará, ilustrando as plantas das serras mineiras. Entusiasmei-me com o trabalho e dei continuidade a essa pesquisa percorrendo as montanhas de nosso entorno. Segundo o parecer de um botânico, que por aqui passou,   os campos desta altitude são tão fascinantes que podem ser comparados com as crianças em frente às guloseimas. Quanto a mim, considero estes campos como uma floresta anã, tal a diversidade de plantas existentes. Depois das chuvas, elas surgem exuberantes, cobrindo a terra de cores variadas”. (Entrevista realizada com Ângela Giannetti no Instituto Maria Helena Andrés, em 07/abril/2019)

Este depoimento da artista, que é ilustradora botânica de técnica de aquarela, poderá ser enriquecido com o texto que ela escreveu para a exposição que realizou na Casa Guignard, em Ouro Preto.

“As plantas que ilustrei estão situadas na biosfera da serra do Espinhaço acima de 800 metros de altitude e localizadas principalmente no quadrilátero ferrífero de Minas Gerais. Muitas delas são endêmicas da região e de importância para o eco sistema pois dependem dessas plantas vários insetos polinizadores os quais só sobrevivem neste ambiente, como répteis, libélulas, colibris, calangos e outros. Todos fazem parte dos chamados “campos rupestres ou de altitude”. Este bioma está ligado com o cerrado e a mata atlântica mas tem uma vegetação única e singular de grande importância também”.

Ainda segundo Ângela Giannetti: “Todos os naturalistas que passaram pelo Brasil no século 19 ficaram encantados com esta vegetação e suas descrições traduzem essa beleza e importância. Os naturalistas Spix e Martius chegando na serra de Ouro Branco escreveram: 
‘O caminho segue por essas belas montanhas sempre acima e desenrola aos olhos do viajante a cada passo, objetos do maior interesse. As variadas vistas dos vales nos quais as quintas espalhadas aparecem com maior frequência e se alternam quanto mais perto se vai chegando a Vila Rica. Ficamos porem especialmente maravilhados quando subimos o íngreme morro do Gravier, continuação da serra de Ouro Branco, ao avistarmos os lírios arbóreos, cujos caules fortes e nus bifurcados nuns poucos galhos, muitas vezes terminados com um tufo de folhas compridas com as queimadas dos campos: carbonizados na superfície, são uma das mais maravilhosas formas do mundo das plantas’. (Do livro Viagem ao Brasil, Volume 1)

Ângela Giannetti nos deu uma verdadeira aula de botânica e nos apresentou aquarelas de grande sensibilidade e beleza.

*Fotos de Maria Helena Andrés e do arquivo de Ângela Giannetti

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