sábado, 26 de março de 2011





JAPÃO, UM ALERTA PARA O MUNDO


 “Hoje os EUA são o país com maior número de usinas nucleares: são 104 no total. Isso representa 18% da matriz energética daquele país. A França está no topo dos países com maior dependência desse tipo de energia: 80% da matriz é nuclear. No Brasil, o uso de energia nuclear não chega a 3% do total que é consumido.”
“O Japão tem 55 reatores nucleares que funcionam em 17 usinas distribuídas pelo país. Juntas, elas geram 36% de toda a energia consumida pelos japoneses.”
“O vazamento de césio 137, assim como de outros elementos radioativos, pode provocar deformação nas células da população exposta. Consequentemente a ocorrência de câncer.” (Informações da Folha de São Paulo, 13/03/2011)
O vazamento na usina de Fukushima, no Japão, nos traz mais uma vez à memória os ataques nucleares de 1945. As bombas mataram 140 mil japoneses em Hiroshima e calcula-se que mais de 340 mil tenham sido expostos diretamente à radiação. Em Nagasaki estima-se que os mortos foram 74 mil na explosão e mais de 70 mil até um ano depois.
O uso da energia nuclear passa a ser um alerta para o mundo. Países como a Suíça e Alemanha começam a rever seus projetos de energia nuclear. E os efeitos da radiação atômica estão sendo estudados por cientistas do mundo inteiro.
Grupos de ambientalistas protestam contra as usinas nucleares, justificam que se o Japão, um país tão preparado para esses acontecimentos, não consegue proteger sua população, certamente a Europa também não conseguiria.

 Todos nós precisamos pensar um pouco sobre outras formas de energia menos agressivas e perigosas.
 
No Brasil o aquecimento solar é utilizado em 10.000 habitações populares. Belo Horizonte é a capital solar do Brasil, com placas de captação em 2.000 edifícios. Tive a oportunidade de assistir a uma palestra do engenheiro Carlos Faria “Energia Solar – Mercado, Legislação e Aplicações”, no Seminário Internacional Sustentabilidade e Ecoconstrução, em Setembro de 2010 em Belo Horizonte: “A cidade que (re)construirmos hoje definirá nosso compromisso futuro com a sustentabilidade do planeta.” Carlos Faria é coordenador da Iniciativa Cidades Solares do Brasil. Naquela palestra ele nos mostrou como a energia solar vem sendo utilizada em diversos países: Portugal, França, Espanha, Itália, Alemanha, China, Índia, Brasil e vários outros. Destaca-se Israel, onde a instalação de aquecedores solares é obrigatória desde 1980.

Os tradicionais moinhos de vento da Holanda, que povoaram a imaginação das crianças e de todos nós, estão sendo relembrados agora, com a utilização da energia eólica.

Gostaria de acrescentar aqui a experiência de Teresa e Pedro com energia solar para uso popular. “ Em Aracaju existe uma iniciativa afim de aproveitar a energia solar para a cocção de alimentos. O fogão solar pode ser feito de forma simples, com materiais reutilizados, como caixas de papelão e chapas de zinco. Participei de várias oficinas por todo o Estado de Sergipe, ensinando a cozinhar com o sol. O povo vibrou com a novidade, pois muitas pessoas dependem da lenha cada vez mais escassa.”
Teresa me presenteou com um fogão feito em uma caixa de papelão, revestido internamente com papel alumínio. Procurei um lugar que tivesse muito sol e instalei o fogão na frente da minha casa. Depois de 1 hora o vapor começava a subir da panela e uma vizinha me perguntou curiosa: - o que você está fazendo aí? – cozinhando feijão, eu respondi. – só mesmo você Maria Helena! E eu pensei comigo mesma: hoje ninguém acredita, mas um dia terão que acreditar.

O fogão solar pode também ser considerado “arte contemporânea à margem dos museus”.

*Fotos da internet

VISITE MEU OUTRO BLOG “MEMÓRIAS E VIAGENS” CUJO LINK ESTÁ NESTA PÁGINA. HOJE ESTÁ SENDO POSTADO “SUBINDO OS HIMALAIAS”.
















sexta-feira, 18 de março de 2011

CARNAVAL: ARTE CONTEMPORÂNEA À MARGEM DOS MUSEUS

Na década de 1960, Helio Oiticica, pioneiro da arte contemporânea no Brasil, era componente da Escola de Samba da  Mangueira.  Uma de suas mais famosas performances foi levar para o Museu de Arte Moderna do Rio,  durante a ditadura brasileira a escola de samba da Mangueira, alegando que aquilo era uma obra de arte tão importante quanto as que estavam dentro do museu. Naturalmente, a época não era apropriada para entender essa extensão da arte para a vida e, por causa disso, a Escola  de Samba foi retirada do Museu.

Maurício e Aparecida já desfilaram em escolas de samba: Salgueiro, Mangueira, Unidos da Tijuca. Ele nos deu o depoimento abaixo:
“Quando, há muitos anos atrás, desfilei pela primeira vez no sambódromo, fiquei impressionado com a organização pouco burocrática. A única informação que nos pediram antes era o tamanho dos nossos pés e de nossas roupas, para prepararem a sandália e a fantasia com que iríamos sambar. Nem o nome era necessário, bastava uma senha e nos disseram que,  entre os foliões  fantasiados, havia muitos que não podiam ser  identificados por razões policiais. Outra informação relevante era  o centavo no final do valor pago pela fantasia. Cada folião pagava um valor diferente e a diferença estava no centavo. Maurício pagou R$250,01 e Aparecida R$250,02 por exemplo e assim por diante.  A concentração era um momento importante, para se conhecer os companheiros de ala e aprender a cantar bem o samba da escola e depois o desfile passava durante 30 a 40 minutos pelo sambódromo. Era tudo muito organizado e disciplinado, não podendo haver atrasos. Existiam monitores que tangiam as alas no andamento certo a fim de  evitar que houvesse buracos  entre os sambistas e foliões.
A tecnologia de organização da escola de samba  é uma referência que pode inspirar outras organizações a trabalharem coletivamente  e obterem, no prazo correto e sem maior complicação, os melhores e mais belos resultados. O resultado de conjunto ficou muito bonito, aquilo que Darcy Ribeiro chamava de “o maior espetáculo da terra.”

Em 2011, Alice, filha de Mauricio e Aparecida, desfilou na São Clemente, com dois amigos alemães que queriam ter a experiência do desfile junto com os brasileiros, revelando como as escolas de samba estão presentes em varias gerações. De minha casa, no Retiro das Pedras pude acompanhar o desfile, que foi filmado com uma câmera de celular diretamente da televisão.  Ela dá o seguinte depoimento:

”Meus amigos alemães, que já ouviram muito falar do carnaval brasileiro, fizeram questão de desfilar na Sapucaí. Assim, três meses antes do carnaval, decidimos sair na escola de samba São Clemente e contratamos a confecção das três fantasias – lindas, de pierrôs. Ficamos muito tocados com a alegria que as fantasias pareciam trazer com suas simples presenças: os alemães não paravam de sorrir, quiseram experimentá-las imediatamente e, ao sairmos de casa e entrarmos no primeiro ônibus em direção ao sambódromo, as pessoas nos paravam na rua, desejando sorte para a escola de samba, tiravam fotos. Tudo fazia parte de uma performance espontânea, desligada do trabalho de curadores. Sem dúvida era um processo de arte – bem que o Helio Oiticica tinha razão! Escola de samba é arte contemporânea!”


Marília participou de blocos carnavalescos no Rio em 2011 e nos deu o depoimento abaixo:
“No Rio de Janeiro os blocos carnavalescos emergem dos bairros congregando a população local: idosos, jovens, crianças e até bebês participam dessa celebração de alegria que transparece na alma do povo, resgatando as antigas marchinhas carnavalescas dos anos 1930/40 e as brincadeiras com confetes e serpentinas. O trio elétrico comanda os foliões, produzindo uma unidade sinergética entre as pessoas. Dança, música e brincadeiras proporcionam aos participantes a oportunidade de sentir de perto o que é o carnaval brasileiro.”

*Fotos de Marília Andrés, Maurício Andrés e Alice Andrés



quinta-feira, 10 de março de 2011



 

MEDITAÇÃO NO TRABALHO

Uma das características mais pronunciadas da civilização oriental é a busca de uma realidade interior, de um plano espiritual de vida que reúne todas as coisas numa totalidade.
            O oriental procura através da religião, da filosofia ou da arte, a integração do homem à natureza e ao cosmos, buscando encontrar além do tempo e do espaço o valor intrínseco das coisas. Para isto serve-se de guias, mestres e filósofos. Alguns renunciam à vida familiar, recolhendo-se às comunidades espiritualistas ou ashrams. Outros aproximam-se da natureza, buscando no silêncio das florestas ou no interior de grutas afastadas a resposta para suas indagações. Há também aqueles que aperfeiçoam-se como chefes de família, transmitindo aos filhos os ensinamentos dos mestres.
            Buscam o encontro com o Ser Interno através da meditação e do auto-conhecimento. Essa realidade interna, quando reconhecida, liberta a mente das inquietações provocadas pela agitação do mundo. A tranqüilidade mental, visada por toda a filosofia do Oriente, não conduz à apatia, mas à serenidade do homem superior.

Transcrevo aqui trechos do artigo de Débora Rubin (Revista “Isto É” de 1/12/ 2010) sobre Meditação no Trabalho:

“Tendência na Europa e nos EUA, que criaram até salas para meditar dentro das empresas, a prática se espalha entre profissionais brasileiros.(...) Essa foi a semente para um movimento que só cresce no exterior e já começa a se instalar no Brasil. Grandes executivos e respeitadas corporações perceberam como o ato de meditar pode melhorar a dinâmica dos ambientes corporativos e a vida de cada profissional. Nos EUA e na Europa, por exemplo, é cada vez mais comum as companhias criarem salas de meditação. Algumas equipes fazem até minutos de silêncio antes de uma reunião, como forma de fazer com que os participantes fiquem menos discursivos e mais atentos ao que está sendo discutido. (...) Menos ansiedade, mais concentração, capacidade de lidar com o estresse e com a competitividade. Para a monja Coen, do Zen Budismo, meditar não é ausentar-se, pelo contrário, é desenvolver presença absoluta. (...) Segundo York Stillman, diretor do Centro Shambala, com a mente mais clara há menos desentendimentos, mais opções e mais criatividade. A meditação também ajuda a recuperar o verdadeiro significado do trabalho, a felicidade de servir o outro. É o que prega dom Laurence Freeman, monge beneditino e presidente da Comunidade Mundial de Meditação Cristã. Segundo o religioso, a delicadeza nas relações e a atenção plena aos colegas, clientes e fornecedores deveriam ser a base  da vida profissional, mas são atitudes que caíram no desuso conforme a pressa, a competição e o estresse dominaram a cena. Meditar é uma forma de combater os infelizes padrões profissionais do mundo moderno, acredita Freeman. Há mais de 20 anos ele é convidado por grandes empresas para ensinar os funcionários a meditar.”

O estado de meditação pode ser alcançado também em outras situações da vida, como nos momentos de criação artística. Compara-se o artista ao místico. Tanto um quanto outro voltam-se para o infinito, buscando alguma coisa mais que as simples tarefas utilitárias. O místico, no plano sobrenatural, e o artista, no plano natural, estão ligados por uma semelhança que se traduz na ascese, na busca do espiritual. Um procura a vida espiritual, o outro a idéia criadora, mas ambos transcendem o mundo com suas limitações e incertezas. Ambos se inclinam à vida interior, tentando sondar a profundidade de sua própria alma, onde se encontram as verdadeiras riquezas.
Em meados do século XX o monge beneditino Bede Griffiths trouxe para o Cristianismo a meditação baseada nas práticas milenares da Índia. Em seguida, foi inaugurado em Londres um centro de meditação cristã onde a palavra MARANATA que significa o nome de Jesus em aramaico, deve ser repetida durante a meditação

*Fotos de Maurício Andrés e da internet