sexta-feira, 29 de julho de 2011

segunda-feira, 18 de julho de 2011

TRÊS ARTISTAS, TRÊS PROPOSTAS

Até os anos 70 os artistas sonhavam com a possibilidade de mudar o mundo, de criar uma arte social e lutavam pela liberdade total de expressão. Nos anos 80, após a queda do muro de Berlim e dos socialismos de um modo geral, os artistas passaram a atuar dentro de um contexto maior da arte, propondo uma política que está inserida no cotidiano da vida urbana, das comunidades e da família.
Na 29ª  Bienal de São Paulo, resgataram-se artistas brasileiros que atuaram nos anos 60, como também novos artistas, representantes do momento em que vivemos. O fluxo energético do passado se estende ao presente e se projeta no futuro. A arte continua sendo um radar da sociedade, forma espontânea de abertura de consciência.
Tomei como exemplo duas artistas que participaram da 29ª  Bienal de São Paulo, Marilá Dardot e Rosângela Rennó.
Marilá criou uma instalação, uma verdadeira epopéia do livro, homenageando escritores, poetas, artistas e intelectuais que contribuíram para seu crescimento. Ali, cada espectador participante foi convidado a entrar por labirintos e penetrar no universo da leitura. A instalação foi uma homenagem ao livro, à leitura, no momento em que o livro tradicional está se transformando em e-books, blogs, sites, etc.

Rosângela Rennó nos mostrou em sua instalação a história da fotografia, apropriando-se de fotos antigas e de câmeras fotográficas. Os objetos ali expostos mais tarde foram leiloados e inseridos no mercado de arte fora da Bienal.
Essas duas artistas proporcionaram questionamentos sobre a situação da arte atual, do livro e do mercado de arte. A transversalidade da arte contemporânea viaja pelo passado para se projetar no futuro.
Relembrando as primeiras instalações ocorridas nos anos 60, a editora C/Arte, sempre atenta aos movimentos atuais da arte contemporânea brasileira, publica no momento o livro de Terezinha Soares que, na década de 1960, lutou pela libertação da mulher, quebrando corajosamente os tabus sexuais da época. Seu livro não é uma denúncia política, mas do comportamento humano, numa sociedade repressiva. Sua denúncia é também ambiental e questiona a insensibilidade dos seres humanos em relação à natureza.

*Fotos do arquivo de Terezinha Soares e fotos da internet de Marilá Dardot

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sexta-feira, 8 de julho de 2011

O INSTITUTO EM TRANSFORMAÇÃO: UM EXEMPLO DE TRANSDISCIPLINARIDADE

O Instituto Maria Helena Andrés surgiu em 2005, fruto de um desejo de pessoas ligadas à região dos Campos das Vertentes, de construir um pólo de abertura de consciência através da atividade artística. Nesses anos ele produziu quatro Festivais de inverno que mobilizaram a população de Entre Rios e geraram como resultados a criação de ONG ecológica, a Ecoppaz e um curso de teatro.
Os festivais ofereceram à comunidade a oportunidade de se aproximar de espetáculos eruditos e populares, além de palestras, mesas-redondas e lançamentos de livros. Foram oferecidas diversas oficinas de formação cultural e artística, como yoga, pintura, desenho, música, literatura, história, teatro, circo, arte e educação, ecologia, dança, arquitetura, contos, vídeo, arte no computador, capoeira, circo, gastronomia, cerâmica e artesanato, entre outras. Na 4ª edição, contou com a participação de moradores
da comunidade rural Natividade dos Ferreiras, que ministraram oficinas visando à preservação das tradições históricas e culturais locais e realizaram apresentações folclóricas ao final do evento.
Outro projeto foi o de musicalização nas escolas, que tem o objetivo de estimular a criatividade, a concentração e a atenção de alunos da rede pública do ensino fundamental, por meio do aprendizado dos elementos básicos da música e do desenvolvimento de uma audição ativa e crítica, valorizando todos os aspectos da criação musical. O Projeto consiste na realização de aulas quinzenais, ministradas por músicos capacitados em educação musical infantil, e inclui atividades e brincadeiras pedagógicas promovidas pelos próprios docentes das escolas.
 Através de projetos variados, as pessoas vão exercitando diferentes práticas criativas junto ao IMHA.
Sarahy estendeu o IMHA para Jeceaba onde ministra o projeto Arteterapia na Escola que tem como objetivo promover o desenvolvimento intelectual, emocional e social de crianças e adolescentes, por meio do aprendizado e do desenvolvimento de diversas técnicas artísticas, além de dinâmicas e contos. São muitos os estudos que apontam o potencial curador que a arte tem sobre as emoções negativas, resultando em uma transformação positiva para o indivíduo – estimulando seu crescimento, abrindo horizontes e ampliando a autoconsciência. Assim, como benefícios da arteterapia na escola, destacam-se a melhoria das relações interpessoais e do aprendizado como um todo, influindo diretamente na qualidade de vida dos alunos.
O projeto Resgate com Arte oferece à população de Entre Rios encontros com sua história. Esse projeto, de iniciativa de Maria Aldina está despertando a criatividade da população, unindo todas as classes sociais.
Hoje, o IMHA é um ponto de cultura, onde os adolescentes estão se aproximando da tecnologia pelo viés da arte. Eles aprendem a trabalhar com programas de computador avançados para criação de imagens e vídeos. Esse aprendizado se conecta a outra arte, a música. As imagens e vídeos produzidos têm o objetivo de complementar aulas de música para crianças. Todo esse material didático irá para o site do projeto, podendo  ser acessado por qualquer aluno ou professor de música em qualquer lugar do mundo.

Teresa deu seu depoimento, já como nova presidente do Instituto, eleita em 18 de junho de 2011: “ Meu objetivo é colocar em prática os ensinamentos de Maria Helena – dar ênfase à extensão da arte para a vida. Fico feliz do IMHA ter suas ações em Entre Rios, cidade onde moro e de que sempre gostei.”

 O IMHA é um instituto onde a transdisciplinaridade é posta em ação. Suas idéias não são dogmáticas, mas se transformam na linha do tempo.  Movido pela energia da arte, o IMHA foi se estendendo para outras regiões vizinhas: arte estendida à vida está sendo posta em ação.

*Fotos de Júlio Margarida e Luiz Cruz

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