domingo, 30 de outubro de 2011

JACA, UM ANO DE ATIVIDADES

O Jaca completou 1 ano de atividades com grande sucesso em seu objetivo que foi o de “incitar e promover projetos artísticos que utilizem abordagens e tecnologias variadas para atuar especificamente frente à nossa realidade local, seja através de estímulos educacionais, provocações ou ativador de práticas colaborativas.”
Assim se expressou Francisca Caporali uma das fundadoras e diretora do JACA, graduada em comunicação social pela UFMG, Máster em Arte em Barcelona e Fine Arts, pelo Hunter College de New York. Em sua introdução ao catálogo, podemos visualizar uma síntese das propostas e também o resultado do empreendimento.
Francisca atuou durante um ano naquele galpão do Jardim Canadá onde recebia artistas de fora e organizava os trabalhos e as festas.
Em 2010, escreveu ela, o J.A.C.A. inaugurou suas atividades com o lançamento de um programa de residências artísticas, estabelecendo um espaço de produção e interlocução entre artistas brasileiros e internacionais. O projeto previa que, com o deslocamento ao local, as questões específicas do bairro fossem tratadas das mais diferentes maneiras, formas e meios, seja pelas vindas diárias dos artistas locais ou com a estadia dos artistas internacionais.
Acompanhei de perto algumas promoções inclusive uma mesa redonda onde se discutia sobre arquitetura.
Os artistas belo-horizontinos Paulo Nazareth, Pedro Motta, Roberto Andrés,  Fernanda Regaldo, Isabela Prado, Pedro Veneroso e Grupo Passo (Flávia Regaldo e Aruan Mattos) desenvolveram seus projetos durante 8 meses, enquanto os artistas internacionais, Zachary Fabri (EUA), Gabriel Zea e Camilo Martinez (Colômbia), Berglind Jóna (Islândia), Marco Ugolini (Itália), Geraldine Juarez e Magnus Eriksson (México e Suécia) e Sarawut Chutiwongpeti (Tailândia), residiram no Centro por 2 meses.
No decorrer desse primeiro ano de residências, os artistas desenvolveram um conjunto de obras e experimentações e foram responsáveis pela constituição de um ambiente de diálogo, permeado por ações, debates, encontros para acompanhamento crítico, mesas redondas e conversas informais que envolveram curadores, críticos de arte, artistas, estudantes e a comunidade local.
Fernanda Lopes, jornalista, crítica e pesquisadora, curadora do Centro Cultural de São Paulo explica em um texto dedicado ao 1º. Aniversário do JACA a grande mudança que vem acontecendo no campo das artes e a direção que os artistas estão oferecendo nesse emaranhado de possibilidades que estão surgindo.
Procurei fazer uma resenha de seu artigo: “Atenção: Percepção requer envolvimento.”
“As residências artísticas começaram a se estabelecer na Europa, Estados Unidos, Canadá e Japão, fortemente marcadas pelo apoio e incentivo ao desenvolvimento das artes. Um local onde artistas teriam condições, ideais para produzir seus trabalhos.
As residências podem ser consideradas como instrumentos fundamentais na formação do artista contemporâneo.” Estima-se que existam mais de 500 projetos espalhados por pelo menos 60 países. Inúmeras possibilidades se abrem nesse deslocamento que pode se dar quando o artista sai da sua cidade, do seu país, ou mesmo mais simplesmente do seu ateliê. A mudança de ponto de vista, a troca de idéias, o contato com outros artistas e outras realidades e o próprio fato de estar em trânsito são matérias primas para a realização de novos trabalhos.
Em meio a discussões e ações que caminham no sentido de repensar as formas e os espaços de atuação artística, além das relações da arte e do artista com o mundo, as residências artísticas também se configuram hoje como uma nova e significativa maneira de inserção no circuito artístico, para além das galerias e salões de arte.”(Fernanda Lopes)

A pesquisa sobre o Jardim Canadá resultou na publicação de um livro ilustrado com fotos que servirá de exemplo para outros artistas.
As atividades desenvolvidas pelo JA.CA foram importantes e impactantes para a cena artística de Belo Horizonte e estão em busca de patrocínio para o próximo ano de atividades.

*Fotos de Francisca Caporali e Elderth Theza

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sábado, 22 de outubro de 2011

GEORGE IVANOVICH GURDJIEFF

Dia 8 de outubro, com a sala lotada, foi apresentado um concerto de flauta e piano na Fundação de Educação Artística denominado “Viagem por lugares inacessíveis”. O concerto foi nos conduzindo para outra viagem para dentro de nós mesmos e nos fazia recordar também Gurdjieff, músico e viajante, que mais tarde se tornou um grande mestre.
Nascido na Armênia, então parte do Império Russo, Gurdjieff criou, no início do século 20, um sistema de ensinamentos que alia o treino intelectual a uma variedade de práticas, como meditação, música e dança. Influenciado pelas tradições orientais, como a dos sufis muçulmanos, ele chamava seu sistema de “trabalho sobre si”, enfatizando que o despertar espiritual se dá a partir de um esforço de perscrutar e transformar a si mesmo. “Uma frase emblemática de Gurdjieff é esta: ‘Não há injustiça no mundo’. “Tudo acontece exatamente como tem que acontecer. Se queremos mudar o curso de nossa vida, precisamos conhecer as forças que atuam sobre nós e, a partir dessa consciência, criar meios de nos libertarmos dessas forças”.
Gurdjieff dizia que a humanidade vive num estado de sono hipnótico, como se fôssemos todos sonâmbulos. Basta olhar para ver o quanto vivemos nesse estado de letargia, fazendo as coisas de forma automática, sem consciência. Quase todas as nossas ações são de natureza mecânica. Nossas ações e nossas relações também. Por exemplo, passamos a vida inteira preocupados com o que os outros acham de nós, com o que podem pensar a nosso respeito. E vamos agindo em função dessa identificação com a opinião do outro, buscando ganhar a sua aprovação. Agora, será que aquilo que o outro pensa de mim é tão importante assim? Aliás, será que ele realmente está pensando algo de mim? Na maioria das vezes a resposta é não. Mas eu não percebo isso. Assim como não percebo meu próprio corpo.
Ninguém se dá conta, mas estamos o tempo todo submetidos a milhares de tensões musculares inúteis, pura perda de energia. E essa tensão constante só existe por uma razão: achamos isso normal. É preciso rever esse desequilíbrio interno, tampar esses vazamentos de energia e atenção. E é aí que entra o que chamamos de “trabalho sobre si”. Se o ser humano quer, de fato, atingir todo o seu potencial, se quer sair desse estado vegetativo, despertar do sono que o escraviza, precisa buscar o conhecimento de si mesmo.
Gurdjieff era músico e compositor e deixou seguidores também músicos e compositores. Em Belo Horizonte, Artur Andrés Ribeiro juntamente com outros companheiros responsáveis  do Instituto Gurdjieff, buscam dar continuidade à obra de Gurdjieff não só através da prática de suas idéias, como também como intérpretes de suas músicas, tendo gravado juntamente com a pianista Regina Amaral: “Cantos e Ritmos do Oriente” (2000), “Música dos Sayyides e dos Dervishes” (2002) e “Hinos, preces e ritos” (2004), resultado de uma extensa pesquisa realizada a partir da obra musical de Gurdjieff e Hartman.
Artur Andrés Ribeiro foi graduado pela Universidade Federal de Minas Gerais, com habilitação em flauta e em 2000 obteve o título de Doutor em Música por Defesa Direta de Tese. Com a pianista Regina Stela Amaral, sua esposa, forma, desde 1978, um duo de flauta e piano, tendo realizado inúmeros recitais, tanto no Brasil quanto no exterior.
Alexandre Andrés,filho do casal é músico e compositor e muitas vezes participa das apresentações.
Artur Andrés Ribeiro é membro fundador do UAKTI – Oficina Instrumental. O grupo UAKTI é nacional e internacionalmente reconhecido por meio de Cds, turnês de concertos, parcerias com grandes artistas e importantes premiações. Como compositor, Artur escreveu “Alnitak” e “Turning Point” (CD I Ching, 1994) e o “Segredo das Dezessete Nozes”, “Música para um Templo Grego Antigo” e “Trilogia para Krishna” (CD Trilobita, 1997).
Todas as composições são criadas em seu estúdio, na Fazenda da Barrinha em Entre Rios de Minas. Ali Artur, Regina e Alexandre, envolvidos pela energia da natureza, compõem suas músicas e, ao mesmo tempo, têm espaço para as “domingueiras” do Grupo Gurdjieff. Elas acontecem com a participação de todos, nos exercícios, no silêncio das meditações, na preparação das refeições e também nos círculos de auto- conhecimento. Tive a oportunidade de participar de alguns encontros do grupo e organizar uma experiência de arte coletiva. Num ateliê improvisado na varanda, 20 jovens pintaram em conjunto 2 grandes painéis.  
*Fotos de arquivo e da internet
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sábado, 15 de outubro de 2011

ENTREVISTA COM O PROFESSOR CLAUS CLUVER

Veio me procurar na minha residência no alto das montanhas, Mr. Claus Cluver, professor e pesquisador da intermidialidade na Universidade de Indiana, nos Estados Unidos. O Prof. Cluver deu aulas na Universidade Federal de Minas Gerais e pronunciou uma palestra sobre a imagem e as letras, focalizando as relações entre as diversas mídias.

Conversamos muito sobre arte durante o almoço e depois estendemos o assunto para o construtivismo brasileiro que, no momento, desperta o interesse de pesquisadores e historiadores.

Realmente, o construtivismo foi um grande movimento no cenário artístico do Brasil e hoje está levando o Brasil para outras terras. Em seu conjunto, o construtivismo obteve grande visibilidade com a exposição da Coleção Leirner nos EUA, parte dela adquirida pelo Museu de Houston, no Texas.

Mr. Claus indagou sobre a minha atuação no movimento, como participante do Grupo de Minas, considerado um grupo independente.

“Até então, a visibilidade dos artistas no exterior se limitava àqueles que se afastaram do Brasil e foram morar na Europa, entre eles Mary Vieira, Lygia Clark e Hélio Oiticica. Os que aqui ficaram não conseguiram a mesma projeção internacional”, me disse ele.

Mr. Claus está estudando, com grande interesse, a arte brasileira como um todo, entrevistando artistas e colhendo informações ao vivo. Para isto se dispôs a deixar, por algum tempo, o primeiro mundo e chegou até nós para colher depoimentos.

Eu, como sobrevivente do construtivismo, tenho ainda muita experiência a ser transmitida. Reuni minhas anotações e artigos para oferecer informações ao meu amigo pesquisador e fui mostrando a ele as minhas releituras que incluem uma versão nova do passado, recriação de uma época em que os quadros não eram valorizados pelo tamanho, mas pela qualidade. Voltei ao pequeno formato, já que o grande estava me dando problemas de saúde. Pintar em telas menores é mais adequado para minha idade e estou me sentindo como há 50 anos atrás, pintando pequenos retângulos coloridos.

Claus Cluver gostou das releituras, porque são criações e não repetições do passado. Conversamos muito e Mr Claus, sempre acompanhado de sua esposa Maria Aparecida, trouxe para minha casa uma vibração de muita alegria e intelectualidade. Foi uma tarde que me valeu por muitas palestras ou aulas, um privilégio poder ouvir de perto um professor estrangeiro interessado em nossa história. Segundo ele, o Brasil lidera a América do Sul, acompanhando e se atualizando de forma própria acerca dos movimentos mais sérios ocorridos no mundo. Claus Cluver mostra uma outra visão da arte brasileira, retirando o preconceito de que o Brasil é um país de artistas primitivos.

*Fotos de Marilia Andrés e André Melo Mendes

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segunda-feira, 3 de outubro de 2011

PRÊMIO VERDE DAS AMÉRICAS 2011

 "Aconteceu em Brasília, no Museu Nacional da República, Esplanada dos Ministérios, nos dias 20, 21 e 22 de setembro de 2011, o XI Encontro Verde das Américas, o "Greenmeeting", reunindo lideranças nacionais e internacionais sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, tanto governamentais, quanto não governamentais. Entre outros acontecimentos houve a entrega do Prêmio Verde das Américas 2011 durante a abertura solene do Encontro realizada às 09:30 horas do dia 20/09.
 
O Prêmio Verde das Américas 2011 homenageia personalidades e instituições que têm, ao longo dos anos, contribuído para o desenvolvimento e a preservação ambiental do planeta. Em 2011 foram premiados Cosette Ramos ( Educação), Fabio Colombini (fotografia), Ney Matogrosso (ação ambiental) e Maurício Andrés (Recursos Hídricos).
 
Ao agradecer o prêmio, que dedicou a todos os que trabalham com a alfabetização ecológica, Maurício afirmou que vivemos um momento de crise da evolução cujos sinais principais são as mudanças climáticas e as perdas de biodiversidade e que as atividades humanas estão entre os principais fatores que causam as atuais transformações ambientais. Como tais atividades decorrem de pensamento e  emoções humanas é crucial que eles e a consciência humana também sejam transformados, por meio da ecoalfabetização e da ecologização das consciências.

Maurício Andrés - Arquiteto, foi Presidente do Instituto de Arquitetos do Brasil- MG, Secretário de Meio Ambiente de Belo Horizonte (90-92); Presidente da Fundação Estadual de Meio Ambiente de Minas Gerais (95-98); Diretor Executivo do CONAMA, Brasília (2001-2002). Assessor e Secretário Geral substituto da Agência Nacional de Águas – ANA – 2002 a 2011. Autor de diversos  artigos e livros, entre eles “Ecologizar ” , 4ª edição- trilogia, Editora Universa, (2009) ; “Tesouros da Índia para a Civilização Sustentável”, Santa Rosa Bureau Cultural (2003); e “Ecologizando a cidade e o planeta” Editora C/Arte, 2008.   www.ecologizar.com.br " (depoimento de Maurício Andrés)
Fico lembrando daquele prêmio “São Tomas de Aquino”que Maurício recebeu quando era menino. Foi um dia inesquecível. Com uma trajetória que inclui arte, ecologia, fotografia e Meio Ambiente, ele recebeu muitos prêmios. Tirei da internet a relação de alguns:

1.    Primeiro prêmio no XII Salão Nacional de Arte de Belo Horizonte com projeto de Valorização de Pontos focais em Belo Horizonte, BH, 1981
2.    Coordenador geral da equipe 3834, classificada em 1o . lugar no Concurso BH-Centro, promovido pela Prefeitura de Belo Horizonte, 1989.
3.    Convidado pelo USIS para visita de estudos às cidades americanas de Washington, Seattle, Olympia, San Francisco, Denver, Boulder, Austin para estudos sobre gestão ambiental e municípios, setembro 1992
4.    Detentor da Medalha Chico Mendes para o meio ambiente, conferida pela Câmara Municipal de Belo Horizonte, 1994
5.    Detentor da Comenda do Girassol dada pelo Partido Verde-MG, em julho de 1995.
6.    Premio ao mérito, consórcio de Municípios da Bacia do Rio Paraopeba, B. Horizonte, 1997
7.    Homenagem do Conselho Municipal de Meio Ambiente de Belo Horizonte em 5.6.2000
8.    Diploma de honra ao livro Ecologizar, pelo alto valor meritório no Prêmio Ambiental Von Martius, São Paulo, 24.10.2000

Estamos todos muito felizes com esta trajetória que une ecologia e arte.
*Fotos de arquivo
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