terça-feira, 6 de janeiro de 2015


CÉLIA LABORNE, ARTISTA MÚLTIPLA

Conheci Célia Laborne desde criança, quando da criação do Minas Tênis Clube. Célia morava em frente, era nadadora oficial do Minas, conquistando ali várias medalhas.
Aquela coragem de se jogar nas águas da piscina, percorrer espaços, conquistar prêmios, não era para qualquer adolescente da época. Lembro-me de ficar sentada na arquibancada, torcendo por aquela nadadora mirim que, aos 12 anos de idade, conquistava troféus.
Mais tarde fui encontrar Célia na Escola de belas Artes Guignard, onde ela se inscreveu na primeira turma. Célia era muito sensível, desenhava flores e paisagens do parque e dava preferência às aguadas transparentes. O elemento água preponderava em seus trabalhos muito elogiados pelo mestre Guignard.
Transparência, sensibilidade, observação da natureza, das árvores, dos céus de Minas. As aquarelas e o desenho de linha com lápis duro, estimulados pelo mestre, caminharam juntos com outra forma de expressão da artista, a palavra escrita e falada. Surgiram versos espontâneos, líricos. O lirismo próprio de nossas montanhas, transbordava nos versos e nas cores, conjugando as duas formas de arte numa só inspiração.
Célia guardava os versos, que lhe vieram muito antes da pintura, desde os 13 anos de idade. Eram seus, o seu colóquio com os níveis mais profundos de consciência, uma abertura para o campo imensurável da poesia. Seus poemas surgiram da necessidade de expressão de uma jovem de Minas Gerais que, das montanhas lançava o seu canto.
Ser artista é um caminho neste planeta, um caminho de abertura de consciência, um diálogo com Deus.
Seus textos espiritualistas despertaram a atenção de pessoas ligadas à mesma sensibilidade, muitas vezes residindo em lugares distantes. Foi do Oriente que ela assimilou a profundidade dos pensamentos filosóficos e poéticos.
Célia foi cronista de vários periódicos da cidade de Belo Horizonte e sua coluna ficou conhecida através do jornal “Estado de Minas”, onde ela ocupava o espaço denominado “Vida Integral”. Célia foi a primeira e quase única jornalista que divulgou as filosofias orientais e as técnicas de meditação, relaxamento e a importância da respiração. Seus seguidores são múltiplos, e sua mensagem transpôs as fronteiras de Minas, para alcançar outros espaços mais amplos. Atravessou os mares, foi bem recebida em Portugal, na Europa e nos Estados Unidos. Em Florianópolis eles se transformaram em vídeo, através da iniciativa de um seguidor.
A mensagem de Célia é poética e espiritual, e penetra num espaço pouco explorado pelos poetas modernistas. Situa-se numa linha bem própria, estudando mestres de Yoga tais como Vivekananda, o primeiro a introduzir a Yoga no mundo ocidental. Sua mensagem é ecumênica, abrange religiões, filosofia e as ci~encias mais modernas tais como a física quântica. Ela partiu do estudo mais denso para os mais sutis.
Seu universo está situado em níveis mais altos de consciência, naquele espaço onde a palavra toca a alma das pessoas para ajuda-las a transcender o cotidiano.
O cotidiano é importante, mas existe um espaço além, onde muitas vezes a palavra não consegue penetrar.
Os textos de Célia nos conduzem para este espaço além do noticiário dos jornais. Célia é jornalista e poeta e continua divulgando suas mensagens através de seu blog “Vida em Plenitude”.
Ali a palavra é o toque mágico que nos conduz ao infinito, para uma dimensão transcendente, além da Terra.
Todos nós devemos um pouco a esta mensageira da paz e da harmonia entre os seres vivos.
Abaixo, segue um dos poemas de Célia Laborne:

Quem será Este que apenas antevejo e já me transfigura? E amplia em mim doação e paz – como um aroma a indicar amanhecida flor?

Quem é Ele que ainda não o vi e já o pressinto como o mais caro, amorável e luminoso? Comandando o tempo e o espaço, Ele chega...

Quem é Este que ainda não toquei e já vibra em mim e se comunica e se transmite?

Quem é Este que o silêncio desvenda?

Quem se oculta atrás de tanta força e harmonia e sabe fazer-se pequeno em minhas palavras?

Quem se vai tornando dádiva nas minhas humílimas mãos que transbordam em oferenda?

Ah! O Teu nome que é flor e canto e vento leve e suave cor... Teu nome mutável, maleável que se instalou em mim como seiva e fruto!

Este nome repercute e vibra para encher minhas horas e meus dias e dizer-me tudo sobre Teus caminhos.

Ah! O Teu nome violento, sem fronteiras, campo de amor e de conquista. O Teu nome que só o silêncio conhece...

Esse nome indecifrável que me acorda e se funde no meu próprio nome para fazer-me viva. O Teu nome que me dissolve e recria.

Enquanto o ouço desdobram-me como flor à espera da revelação...

Já não sou a voz, a palavra, a ideia, o gesto, mas e tão só, o instrumento dócil da entrega.

Entretanto, assim sendo, cresço em harmonia e tudo em mim se alarga e se faz ilimitado.

Sou o rio por onde navega o Criador da fonte; por isso posso identificar-me à vida, à luz, ao amor.

Agora, já não canto meu canto, entoo o hino do que está em mim.

*Fotos da internet


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