Veio me procurar na minha residência no alto das montanhas, Mr. Claus Cluver, professor e pesquisador da intermidialidade na Universidade de Indiana, nos Estados Unidos. O Prof. Cluver deu aulas na Universidade Federal de Minas Gerais e pronunciou uma palestra sobre a imagem e as letras, focalizando as relações entre as diversas mídias.
Conversamos muito sobre arte durante o almoço e depois estendemos o assunto para o construtivismo brasileiro que, no momento, desperta o interesse de pesquisadores e historiadores.
Realmente, o construtivismo foi um grande movimento no cenário artístico do Brasil e hoje está levando o Brasil para outras terras. Em seu conjunto, o construtivismo obteve grande visibilidade com a exposição da Coleção Leirner nos EUA, parte dela adquirida pelo Museu de Houston, no Texas.
Mr. Claus indagou sobre a minha atuação no movimento, como participante do Grupo de Minas, considerado um grupo independente.
“Até então, a visibilidade dos artistas no exterior se limitava àqueles que se afastaram do Brasil e foram morar na Europa, entre eles Mary Vieira, Lygia Clark e Hélio Oiticica. Os que aqui ficaram não conseguiram a mesma projeção internacional”, me disse ele.
Mr. Claus está estudando, com grande interesse, a arte brasileira como um todo, entrevistando artistas e colhendo informações ao vivo. Para isto se dispôs a deixar, por algum tempo, o primeiro mundo e chegou até nós para colher depoimentos.
Eu, como sobrevivente do construtivismo, tenho ainda muita experiência a ser transmitida. Reuni minhas anotações e artigos para oferecer informações ao meu amigo pesquisador e fui mostrando a ele as minhas releituras que incluem uma versão nova do passado, recriação de uma época em que os quadros não eram valorizados pelo tamanho, mas pela qualidade. Voltei ao pequeno formato, já que o grande estava me dando problemas de saúde. Pintar em telas menores é mais adequado para minha idade e estou me sentindo como há 50 anos atrás, pintando pequenos retângulos coloridos.
Claus Cluver gostou das releituras, porque são criações e não repetições do passado. Conversamos muito e Mr Claus, sempre acompanhado de sua esposa Maria Aparecida, trouxe para minha casa uma vibração de muita alegria e intelectualidade. Foi uma tarde que me valeu por muitas palestras ou aulas, um privilégio poder ouvir de perto um professor estrangeiro interessado em nossa história. Segundo ele, o Brasil lidera a América do Sul, acompanhando e se atualizando de forma própria acerca dos movimentos mais sérios ocorridos no mundo. Claus Cluver mostra uma outra visão da arte brasileira, retirando o preconceito de que o Brasil é um país de artistas primitivos.
*Fotos de Marilia Andrés e André Melo Mendes
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