Terça feira é o dia do Euler me
acompanhar. Ele vem da fazenda trazer verduras orgânicas para vender em BH. É
interessado em ecologia e meio ambiente. Convidei-o para visitar a exposição de
Isaura Pena, na Galeria Celma Albuquerque.
Logo à entrada da galeria ele me mostrou
uma árvore muito especial, o Pau Mulato.
Lá dentro, outras árvores desenhadas em
tamanhos diversos, desde as raízes até as copas, registravam um intercambio
entre Brasil e Portugal.
A história das árvores brasileiras que
foram para Portugal e outras portuguesas que vieram para o Brasil é contada por
historiadores e pesquisadores. Agora ela começa a ser contada pelos artistas
conceituais.
Arte conceitual parte de uma idéia e
desenvolve aquela idéia através de textos, desenhos ou instalações.
A exposição de Isaura é uma instalação
com base na ecologia. Os desenhos registraram também os desenhos das águas em
Minas Gerais, um percurso que nos remete a outras reflexões. A árvore depende
da água para sobreviver e é através dela que a chuva chega até nós. Sem árvores
por perto as nascentes morrem. Lembro-me de uma vereda em Brasília cercada de
vegetação. Dali nasce um pequeno córrego, depois transformado em rio e assim
chega até o mar. Numa seqüência de mudanças e viagens pela terra, a presença da
árvore é uma constante. Constatar o intercâmbio entre Brasil e Portugal e o
percurso do rio São Francisco foi a minha percepção da proposta de Isaura.
A exposição é todo um hino às árvores.
Isaura esteve em Portugal, estudou 4
anos em Coimbra e ali defendeu tese de doutorado. É doutora e artista de grande
sensibilidade. Hoje, como professora da Escola Guignard transmite não somente
idéias teóricas mas também sai e conhece o desenho com experiência de vários
anos.
Acompanhamos os passos de Isaura
registrando no papel raízes, troncos e copas de árvores.
Em novembro de 2018 a artista esteve em
Portugal e ali montou uma exposição na Galeria Primer. Os desenhos em grandes
dimensões foram feitas numa “Quinta” perto de Lisboa, onde ela organizou seu
atelier. A idéia das árvores partiu dali, desenhando o seu entorno.
Uma parte dos desenhos ficou em
Portugal, outros desenhos vieram para o Brasil. Na exposição eles estão figurando
na parede lateral. Ali estão também os registros do caminho do rio, circulando,
trazendo benefícios para a terra e fazendo crescer outras árvores.
O caminho de todo artista é também um
caminho cheio de curvas, de encontros e perdas. Um caminho que circula como o
rio, beneficiando a terra por onde passa.
Saímos da exposição e o Euler fotografou
a árvore plantada em frente, do outro lado da rua.
*Fotos de Isaura Pena
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