terça-feira, 17 de dezembro de 2019

ISAURA PENA, UMA REFLEXÃO ECOLÓGICA


Terça feira é o dia do Euler me acompanhar. Ele vem da fazenda trazer verduras orgânicas para vender em BH. É interessado em ecologia e meio ambiente. Convidei-o para visitar a exposição de Isaura Pena, na Galeria Celma Albuquerque.
Logo à entrada da galeria ele me mostrou uma árvore muito especial, o Pau Mulato.
Lá dentro, outras árvores desenhadas em tamanhos diversos, desde as raízes até as copas, registravam um intercambio entre Brasil e Portugal.
A história das árvores brasileiras que foram para Portugal e outras portuguesas que vieram para o Brasil é contada por historiadores e pesquisadores. Agora ela começa a ser contada pelos artistas conceituais.
Arte conceitual parte de uma idéia e desenvolve aquela idéia através de textos, desenhos ou instalações.
A exposição de Isaura é uma instalação com base na ecologia. Os desenhos registraram também os desenhos das águas em Minas Gerais, um percurso que nos remete a outras reflexões. A árvore depende da água para sobreviver e é através dela que a chuva chega até nós. Sem árvores por perto as nascentes morrem. Lembro-me de uma vereda em Brasília cercada de vegetação. Dali nasce um pequeno córrego, depois transformado em rio e assim chega até o mar. Numa seqüência de mudanças e viagens pela terra, a presença da árvore é uma constante. Constatar o intercâmbio entre Brasil e Portugal e o percurso do rio São Francisco foi a minha percepção da proposta de Isaura.
A exposição é todo um hino às árvores.
Isaura esteve em Portugal, estudou 4 anos em Coimbra e ali defendeu tese de doutorado. É doutora e artista de grande sensibilidade. Hoje, como professora da Escola Guignard transmite não somente idéias teóricas mas também sai e conhece o desenho com experiência de vários anos.
Acompanhamos os passos de Isaura registrando no papel raízes, troncos e copas de árvores.
Em novembro de 2018 a artista esteve em Portugal e ali montou uma exposição na Galeria Primer. Os desenhos em grandes dimensões foram feitas numa “Quinta” perto de Lisboa, onde ela organizou seu atelier. A idéia das árvores partiu dali, desenhando o seu entorno.
Uma parte dos desenhos ficou em Portugal, outros desenhos vieram para o Brasil. Na exposição eles estão figurando na parede lateral. Ali estão também os registros do caminho do rio, circulando, trazendo benefícios para a terra e fazendo crescer outras árvores.
O caminho de todo artista é também um caminho cheio de curvas, de encontros e perdas. Um caminho que circula como o rio, beneficiando a terra por onde passa.
Saímos da exposição e o Euler fotografou a árvore plantada em frente, do outro lado da rua.
*Fotos de Isaura Pena
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