A lama desceu
a ladeira
e cobriu tudo
de vermelho.
Sepultou pessoas
que ainda estavam
vivas.
Animais, paisagens
pastos, casas, casebres,
tudo foi coberto
pela lama vermelha.
Vermelho terra,
terra que foi verde,
cheia de flores,
virou uma
argila pastosa, tóxica.
Foi neste ambiente
de destruição e morte
que o artista plástico
Sussuca,
natural de Ouro Preto,
criou a sua
grande instalação,
denominada “LAMA”.
Sussuca esteve presente
no local onde a lama
derramou seus rejeitos.
Fotografou, dialogou com
as pessoas, recolheu
as imagens e as
recriou de forma
Não há quem não se sinta
abalado com a exposição.
Ali está, em forma
de arte, o cenário
fúnebre, tenebroso, a
que foram reduzidas
duas cidades mineiras,
Mariana e Brumadinho,
cobertas de tinta, feita
com as terras da região.
Elas dão testemunho da
tragédia de Minas Gerais.
As montanhas com
todas as suas riquezas
mataram tudo o que
tinha vida.
Sussuca assistiu, anotou,
chorou junto com os
órfãos e as viúvas,
com os parentes, que
ali permaneceram noite e dia
à procura dos corpos,
pedaços de braços,
mãos, pernas, a criança
deitada no berço,
a noiva à espera do
noivo, os bombeiros
também sepultados.
A exposição é um
testemunho importante
de todo um cenário
de morte.
Sussuca não escreve,
ele mostra.
Saímos da exposição
Abaladas...
A exposição precisa correr o Brasil. “Não é
comercial, não pode ser vendida separadamente, mas deve ser adquirida por algum
museu para guardar testemunho do que estamos passando aqui em Minas”.
A arte de denúncia é uma arte que não nos sai da
memória.
*Fotos de Marília Andrés
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