O gesto
A partir da década de 1960 surge o gesto, feito com a quina do carvão sobre o papel camurça, revelando a transparência do claro e escuro. Nessa fase gestual o desenho se estrutura na forma dos barcos, levando à libertação da rigidez concretista e ao encontro do expressionismo informal. A série de barcos conduz à série de guerra, realizada em nanquim sobre o papel, denunciando a violência e a morte que acontecia nos porões da ditadura brasileira e nas intervenções imperialistas nos países do Terceiro Mundo. O trabalho Radioactive Ship marca essa fusão de séries, dos barcos com a guerra e também a fusão de técnicas: o desenho, a pintura e a colagem.
A releitura
A partir do ano 2000 MHA faz uma releitura de sua trajetória e o gestual, que surgiu primeiro nos desenhos, se expande nas pinturas em preto e branco, realizadas em acrílica sobre tela. “A acrílica possibilita trabalhar a transparência em amplas telas, usando vassouras de esponja. A esponja, a vassoura, que encontro no cotidiano, são incluídas no meu trabalho.”
O processo de releitura conduz a artista a experimentar a escultura como um outro meio de expressão. Os desenhos concretistas, que surgiram dos boizinhos da fazenda, foram projetados por Elena Andrés Valle executados em aço por Allen Roscoe, resultando nas esculturas construtivas. Recentemente, ela investiga uma forma mais livre para construir esculturas e encontra o papel encorpado para fazer “os enrolados”. Estes se tornaram maquetes para as esculturas orgânicas executadas em aço por Giovanni Fantauzzi.
O trabalho criativo de MHA continua em processo de investigação constante, acompanhando sua necessidade interior de se expressar através de diferentes meios e de estar em sintonia com as mudanças de seu tempo.
Roberto Andrés Rolim
Marília Andrés Ribeiro
Curadores
*Fotos:
Esculturas: Euler Andrés e Maria Helena Andrés
Desenhos : Arquivo Maria Helena Andrés
Pintura Concretista: Juninho Motta
Desenho da série de Guerra: Roberto Andrés
*Link para o site: www.imha.org.br/linhaegesto
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