Conheci Kátia Santana, durante o 3° Festival de Inverno de Entre Rios de Minas, realizando uma performance de pintura diante de um público curioso e admirado. Ali, diante dos olhares atentos, Kátia, ignorando o burburinho ao redor, dialogava diretamente com a tela e as tintas. Para ela, só existia esse diálogo, em seus níveis mais profundos de consciência, onde as mãos faziam uma ponte direta entre as emoções e a mente. Não havia um caráter premeditado, mas sim uma ênfase no aqui e no agora, em uma pintura espontânea e gestual, com cores que surgiam da jovem artista como os sons que saem dos dedos de um músico. Para mim, a música tem uma grande relação com a pintura, onde as cores significam notas musicais.
Naquele dia, sentada em sua cadeira de rodas, Kátia irradiava luz. Estava feliz, pintando, e, depois do quadro pronto, também se alegrava com a receptividade do público e com uma comunicação que superava palavras.
Kátia é portadora de paralisia cerebral desde o nascimento e a possibilidade de expressar seu mundo interior através da arte a vem conduzindo a um despertar de consciência cada vez mais intenso. Apesar de ter dificuldades com a fala, Kátia escuta bem e se comunica através do computador, tendo, inclusive, começado a escrever um livro sobre sua própria vida.
A arte de Kátia é um colorido que se desdobra como jardins de flores variadas, sem a preocupação em delinear uma forma, mas que se conduz e se expressa de maneira abstrata, em uma linguagem muito própria. Dentro da trajetória da arte moderna, sua arte lembra grandes mestres franceses que usavam cores puras e justapostas, deixando-as vibrar e respirar.
Kátia é aluna de Ivana Andrés, psicóloga e artista, desde 2002, e seu aprendizado ocorreu rapidamente, sem bloqueios. Atualmente, ela pode ser considerada uma artista com um alto QS – Quociente de Superação –, um dos índices de inteligência mais reconhecidos nos dias de hoje.
* Fotos de Leandro Luppi
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