domingo, 30 de dezembro de 2012


BIENAL UNIVERSITÁRIA DE ARTE


A Bienal Universitária de Arte, organizada pela Reitoria da Universidade Federal de Minas Gerais e Escola Guignard, tendo como curadores o s professores Fabrício Fernandino, Benedikt Wierz e Marília Andrés Ribeiro, apresentou, durante o mês de novembro de 2012, no grande Espaço 104, na Praça da Estação em Belo Horizonte, uma mostra coletiva de trabalhos com a participação de estudantes universitários de diversos pontos do Brasil e da América Latina.
Visitamos a exposição num dia de chuva, penetramos devagarinho naquela catedral de arte, onde a nave central era circundada por diversos nichos, com manifestações artísticas das mais variadas tendências: fotografias, desenhos, pinturas, esculturas, cerâmicas, instalações e performances.
A arte contemporânea permite a apreciação de uma multiplicidade de tendências, linguagens e expressões artísticas. Não existe um conceito político ou religioso a ser defendido, apenas o direito de criar com liberdade e colocar para o público alguma experiência escondida nos subterrâneos da memória.
Procuramos nos aproximar dos artistas residentes, que vieram do Brasil e da Argentina, e ali estavam reunidos. Fomos colhendo depoimentos sobre os seus trabalhos.
Bruno Oliveira, que veio de Curitiba, nos dizia: “Trabalho com esculturas moles, de tecido, a partir das quais proponho uma reflexão sobre o espaço e o exercício de expor. O trabalho é norteado pelo pensamento sobre a relação entre a obra, o espaço e o público”.
Paul Setubal, que estuda na Universidade de Goiânia, fez o seguinte depoimento: “É uma série de trabalhos que evoca questões políticas e sociais da vida contemporânea através da história do Ciclo do Ouro em Minas Gerias. Criei uma série de “ouros falsos” e apliquei um golpe com marreta nas peças, simbolizando toda a violência daquele período e de hoje”.
Victoria Ruiz Diaz, pertencente à Universidad Del Litoral, na Argentina, construiu um livro de artista da série “De otros mundos” a partir de  desenhos de lâminas científicas e de mundos inventados. “Animais e plantas da fauna e flora do Brasil  se transformam em seres híbridos para criar um outro mundo que é plasmado num livro de pequeno formato”.
Leonardo Gauna, estudante da Universidad de La Plata, criou o projeto “Ventanas”, que são desenhos sobre os vidros das janelas. “O projeto busca resignificar o espaço cotidiano, urbano e arquitetônico, com as ilustrações”.
Ana Clara D’Amico, também da Universidad de La Plata, inventou o projeto “Sabrosa Diversidad”, que consta de uma instalação feita com moldes de pequenas esculturas criadas a partir das impressões bucais das línguas das pessoas de Belo Horizonte e da Argentina. “O trabalho tem a intenção de refletir sobre a identidade sexual e a anomalia que se apresenta como resultado de uma construção social. Ele se refere também à comunicação e à dificuldade de expressão, gerando uma mescla de culturas, sexos, idiomas, desejos e gêneros, numa eterna construção”.
Naquele espaço de criação que se transformou o Espaço 104, durante a Bienal Universitária, os estudantes criaram suas obras, experimentaram o entorno, trocaram experiências, colheram impressões e dialogaram com os colegas, os curadores e o público visitante.  Foi uma oportunidade de trabalharem a criação e a exposição da obra durante o evento. A Bienal Universitária, por seu caráter inovador na formação dos estudantes, tornou-se um marco na extensão universitária brasileira.

*Fotos de Marília Andrés

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sexta-feira, 23 de novembro de 2012


UAKTI E BEATLES


Nas décadas de 1970 e 80, eu tinha meu atelier em BH na garagem da casa de minha mãe. Ao lado, no porão da mesma casa, o grupo UAKTI ensaiava suas músicas. Eu escutava os acordes, me embalava naqueles sons criativos, que muitas vezes me conduziam a vôos mais altos na pintura. Naquela ocasião eu pesquisava o cosmos e me abria para as filosofias da Índia. Encantava-me  perceber a ligação da pintura com a música e sentir o papel da arte no despertar do século XXI, unindo oriente e ocidente.
Os Beatles, rompendo preconceitos, seguiram o caminho das Índias. Deixaram o conforto de Londres para se dirigirem ao Oriente, buscando uma linguagem mais abrangente para sua música. Meditando à beira do Ganges, perceberam a grandeza de sua proposta de paz e chegaram com uma renovação completa da música contemporânea.

A apresentação do CD UAKTI x BEATLES aconteceu no Palácio das Artes em Belo Horizonte, a platéia superlotada com os apreciadores dos dois grupos musicais, vindos de terras diferentes, mas unidos no mesmo objetivo de criação.
A melodia dos Beatles se entrosava perfeitamente com os tambores, flautas, marimbas, chocalhos, proporcionando um espetáculo de grande beleza e suspense.
Marco Antônio Guimarães subiu ao palco e apresentou sua trajetória e sua admiração pelos Beatles, desde a infância.
Os Beatles são ícones internacionais e estimularam a criatividade de muitos artistas. Eu mesma, num intervalo de muitas abstrações, dialoguei com os sons que me vinham da vizinhança do UAKTI e criei na minha fase de arte coletiva, um quadro a 4 mãos cujo tema era o famoso grupo inglês. Agora acompanho o espetáculo que se desenrola no grande teatro do Palácio das Artes, me emocionando a cada passo e a cada encontro. No final do espetáculo, que contou com a participação de Regina Amaral e Josefina Cerqueira, esposas de Artur e Paulo, uma surpresa: os filhos dos músicos foram chamados ao palco e se apresentaram cada um por sua vez. Alexandre e Artur criaram um duo sobre a canção "Black Bird".
Assistimos a apresentação da filha de Décio Ramos tocando percussão e da filha de Paulinho Santos cantando Yesterday.
Foi de grande importância a apresentação dos filhos dos músicos e veio constatar o fato de que a arte vai se prolongando  no tempo e criando novas mensagens e caminhos.
Lembro-me de uma homenagem a George Harrison com a presença do músico indiano Ravi Shankar. A jovem filha de Ravi regia a orquestra e o filho de George Harrison tocava guitarra. A arte promove cada vez mais este encontro de grupos diversos e etnias diferentes, nos grandes palcos do mundo e também nos pequenos repertórios. A grande síntese está acontecendo e pode ser vista em cada cena que se desenrola espontaneamente na criação dos artistas.
O caminho para a realização da unidade planetária e unidade cósmica ultrapassa países e raças para se manifestar de forma intensiva através de todas as artes, de modo especial a música.

Transcrevo aqui trechos da reportagem de Cinthya Oliveira do jornal HOJE EM DIA sobre o show UAKTI- BEATLES

“O desejo de registrar um trabalho de homenagem aos Beatles é algo natural para um músico, segundo o percursionista Paulo Sérgio Santos. “Todo mundo tem um momento de visitar a obra dos Beatles. É uma influência que todo músico teve em sua vida, seja melódica ou harmônica”, afirma Santos.
A idéia do projeto partiu do arranjador Marco Antônio Guimarães, um fã dos Beatles desde a juventude, quando chegou a ter uma banda cover dos ingleses.
Ele passou cerca de um ano trabalhando na adaptação das músicas para a peculiar sonoridade do Uakti. “Tive que respeitar bem a melodia porque, quando se adquire os direitos autorais, há uma exigência de que a música não pode ser muito modificada”, diz Guimarães, que selecionou as composições de que mais gostava e as que funcionavam melhor com os instrumentos do grupo.”

Fotos de Sylvio Coutinho e de arquivo

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segunda-feira, 5 de novembro de 2012


NUNO RAMOS


Contemplo o trabalho do artista contemporâneo Nuno Ramos. Peço uma cadeira para sentar e ficar quieta, simplesmente olhando para aquela seqüência de triângulos que se justapõem, de formas geométricas em terceira dimensão. Sombras e luzes, pretos e brancos, reflexos no espelho d’água onde as formas submergem. A arte contemporânea permite o uso do espaço para construir e realizar memórias escondidas nos subterrâneos do inconsciente. Foi justamente realizando e concretizando essas memórias que Nuno Ramos produziu, com o auxílio fundamental do arquiteto Alen Roscoe um trabalho de grande impacto.
“Pare e olhe, não fique se dispersando em conversas. Pare, olhe, observe, sinta o presente em toda a sua beleza e intensidade.”
Estas palavras me vêm de dentro, é necessário chegar até o trabalho do jovem artista Nuno Ramos com total despojamento de idéias pré-concebidas. Sentar e contemplar foi o que fiz e o significado da obra foi me despertando momentos de reflexão. O primeiro toque me sugeriu serenidade e paz, uma paz originada, não da sugestão do conteúdo, mas da forma. Conteúdo e forma são importantes na realização de qualquer trabalho de arte, mas o que me tocou logo de início foi a harmonia dos triângulos e retângulos, das sombras e luzes. A demolição de 3 casas  motivaram o artista a produzir essa obra monumental. Veio do sofrimento, da perda, do sentimento de compartilhar a dor, de transmutá-la e transformá-la em arte, como uma flor de lótus que emerge do lodo. Esses momentos de vida são importantes se vivenciados em toda a sua intensidade. Conduzem o artista a uma criação que se liga intrinsecamente à sua própria vida, suas memórias e experiências. Na obra de Nuno, exposta na Galeria Celma Albuquerque, senti o impacto da transmutação e superação de uma experiência dramática vivida pelo artista.
Sobre a experiência artística, temos uma página admirável do grande poeta que foi Rainer Maria Rilke: "Versos não são, como tanta gente imagina, simplesmente sentimentos - são experiências: é preciso ver muitas cidades, homens e coisas, conhecer o vôo dos pássaros e o gesto das flores, quando se abrem pela manhã; voltar em pensamento aos caminhos das regiões desconhecidas, aos encontros inesperados, às separações já de longe previstas, às doenças da infância carregadas de profundas e graves transformações, aos dias fechados ou de sol, às manhãs de vento ao mar, às noites de travessia e de fuga. E tudo isto não basta. É preciso, também, as memórias das vivências passadas e mesmo estas não bastam. Pois é preciso também saber esquecê-las, quando são muitas, e ter-se a imensa paciência de esperar que voltem novamente. E, quando então tudo tiver retornado dentro de nós, como o sangue, a brilhar e a gesticular sem se distinguir de nós mesmos, só então pode acontecer que, na hora rara, a primeira palavra de um poema se levante no meio daquelas experiências e delas prossiga."

*Fotos da internet

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quinta-feira, 18 de outubro de 2012


VIMALA THAKAR


Já conhecia através de livros o pensamento dessa grande instrutora indiana, mas somente em 1993, tive a oportunidade de conhecê-la pessoalmente.
Vimala mora em Mount Abu, no estado do Rajasthan, e durante muitos anos, percorreu vários países do Ocidente, transmitindo seus ensinamentos através de palestras. Em 1993, quando a conheci, ela não viajava mais para fora do país, mas recebia os visitantes com o maior carinho.
Pessoas chegam de diversas partes do mundo para este recanto isolado de Mount Abu. Suas palavras têm o tom incisivo de Krishnamurti, de quem sofreu influência, mas agora seu estilo tem características próprias.
 No livro “Vimalaji on Intensive Self Education”, Vimala nos mostra o caminho da auto-educação, desde a observação do nosso dia-a-dia caótico, até alcançarmos um estilo de vida meditativo plenamente consciente da Totalidade.
Sadhana é o processo de purificação através do qual compreendemos a Realidade, a Essência da Vida. É necessária uma purificação nos níveis físico, emocional e mental. É importante criarmos um ritmo em nosso dia-a-dia, levando em conta as horas de sono, a alimentação equilibrada em horários definidos e o uso comedido da palavra.
Todas as atitudes negativas da mente, tais como a ansiedade, a auto compaixão, a inveja, o medo e o ciúme, devem ser observadas no momento em que surgem, sem deixar para serem analisadas intelectualmente mais tarde. É importante observar como essas atitudes negativas consomem a energia vital.
A indulgência em relação ao negativismo obscurece por completo a mente. A mente perde energia pensando no passado e se preocupando com o futuro. Quando queremos ser nossos próprios educadores devemos colocar prioridades em nossa própria vida. De modo geral perdemos energia em coisas secundárias, desnecessárias, e isso nos conduz a um cansaço inútil no final do dia. Uma pessoa emocionalmente perturbada não poderá ter um sono profundo.
A auto-educação tem início na observação de como estamos usando a energia e, a partir daí, aprendemos a não desperdiçá-la. Tudo isso nos leva a usar a nossa mente com mais responsabilidade.
Vimala nos propõe uma prática diária de sentar em silêncio, a fim de aprendermos a educar os sentidos. Aconselha a escolha de um local reservado, um horário definido diariamente, roupa adequada, estômago vazio. Devemos dar importância à postura, mantendo a coluna reta, e observar a respiração. Segundo Vimala Thakar, a meditação não é um estado de concentração nem um estado de transe. Na meditação, há uma cessação voluntária de todos os movimentos mentais.
Devemos manter uma relação amistosa com a própria mente, observando-a sem julgamentos. Só assim podemos alcançar o estado de silêncio inocente. Uma certa atitude de humildade deve acompanhar esse aprendizado, para se alcançar a percepção pura, livre das reações mecânicas do nosso ego.
Podemos chegar ao estado em que existe somente a percepção pura, sem a divisão entre o observador e o objeto observado. Se no decorrer dessas práticas aparecerem fenômenos psíquicos tais como telepatia, clarividência ou premonição, devemos apenas observá-los, mas não nos prendermos a eles.
Compreendemos que todos os seres humanos, a natureza e os animais são regidos por uma força que podemos denominar “Inteligência Universal”. Se nos colocamos numa atitude de relaxamento, sem expectativas, com fé e humildade diante dessa força e mantendo o silêncio interior, estaremos permitindo que a Energia Universal flua por todo o nosso Ser.
O nosso encontro com Vimala foi de extraordinária beleza. Parecia que a conhecíamos há muitos anos, pois um sentimento de empatia nos envolveu. Quando encontramos uma pessoa que percorre um caminho semelhante ao nosso, o relacionamento flui naturalmente, sem esforço ou resistência, despertando um sentimento de Alegria e Amor.

Fotos da internet

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quarta-feira, 26 de setembro de 2012


RAMAKRISHNA


As cores do poente destacam a silhueta do templo de Ramakrishna, em Bangalore, enquanto vozes masculinas e femininas entoam o cântico vespertino.
Um jovem sannyasin roda o turíbolo com o fogo sagrado, em atitude de reverencia.
Ramakrishna também foi um desses jovens. Viveu na Índia nos fins do século passado, era um devoto da divina Mãe Kali e com ela conversava diariamente.
Reconhecido pelo povo como Encarnação Divina, Ramakrishna fundou uma ordem para propagar seus ensinamentos e a unidade de todas as religiões.
Na Índia, a pessoa iluminada entra em contato com energias superiores e se torna Um com o Deus Pessoal e Impessoal. Ramakrishna teve a mesma experiência em todas as religiões, tornando-se Um com Cristo, Buda, Maomé, a Divina Mãe e outros Avatares. Falou com a autoridade de quem realmente se elevou acima da densidade da terra e entrou na imensidão da energia Divina.
Através dos ensinamentos de Ramakrishna e Vivekananda, comecei a me interessar por Yoga, na década de 70, e senti desde o inicio uma ligação muito forte com esse mestre indiano e seu discípulo Vivekananda. A minha busca holística encontrava ressonância na atitude do mestre em não aceitar nada sobre autoridade de segunda mão. Ele sempre quis conhecer a Verdade diretamente.
Praticou como investigador cientifico todas as grandes religiões do mundo, obedecendo seus rituais e realizou o estado de comunhão com Deus em todas elas.
Ramakrishna abriu caminho para o encontro ecumênico de todas as religiões. A realização de Deus, ou o encontro com o Absoluto, depende unicamente de uma sincera busca espiritual.
“Revela-te em meu coração” é o mantra a ser repetido para se alcançar a revelação do Deus pessoal, seja ele Cristo, Buda, Maomé, Krishna, Ramakrishna ou a Divina Mãe. O encontro com o arquétipo da Divindade gravado no coração do Ser é o primeiro passo para a Realização do Deus Impessoal sem forma, sem nome. Mas, se a pessoa se apegar à experiência do Deus pessoal é impedida de alcançar a Consciência Universal. Ramakrishna era profundamente ligado à Divina Mãe Kali. “Tome a espada do discernimento e me corte ao meio”, ordenou-lhe a deusa. Assim fez Ramakrishna para alcançar a realização do Imensurável que existe além de todas as formas.
Ramakrishna alertava seus discípulos que os poderes psíquicos e o poder de curar são obstáculos na senda da conquista da Consciência Divina. A realização de Deus é um caminho direto, sem desvios.
Um dos grandes discípulos de Ramakrishna , Swami Vivekanada, introduziu o Vedanta para o mundo ocidental, quando participou em 1893 de um congresso de religiões em Chicago, nos Estados Unidos.
A clareza de sua palavra causou a mais profunda admiração entre os presentes.

Fotos de arquivo e da internet

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sexta-feira, 7 de setembro de 2012


A CONQUISTA DO ESPAÇO


 “A sonda norte americana Voyager 1, lançada em 5 de setembro de 1977, entra em um mundo até agora inexplorado, ultrapassando os limites do nosso Sistema Solar. Faz 35 anos que ela deixou a Terra e,a mais de 18 bilhões de km de nosso planeta . A Voyager 1 está prestes a se tornar o primeiro objeto de fabricação humana a ultrapassar esse limite e alcançar o espaço interestelar. Carrega um disco chamado “Voyager Golden Record” contendo imagens e sons representativos da história de nosso mundo: um gráfico com a posição da Terra no espaço, a estrutura do DNA, sons  de animais, uma seleção musical e ainda mensagens em 55 línguas diferentes.” (Jornal  Hoje em dia, 6/9/2012)

Relembro a minha fase de pintura espacial, realizada nos fins da década de 60, em meu atelier em Belo Horizonte. Em 1969, quando Neil Armstrong pisou na lua pela primeira vez, eu inaugurava uma exposição desses quadros no Rio de Janeiro. A semelhança das fotos publicadas pela mídia celebrando o evento, com meus quadros espaciais, despertou a atenção de jornalistas que foram me entrevistar sobre aquela coincidência.

Transcrevo algumas críticas da época sobre a minha fase espacial:

         “O artista é o grande pioneiro, como sempre foi, da conquista universal. Quantas vezes descemos em Vênus com um poema? Quantas atmosferas foram criadas com a matéria pictórica, quantos azuis transpassados. E tudo num ato de amor, num vôo, num desejo panorâmico de ver, conhecer e habitar de felicidade.
         Um destes artistas é a mineira Maria Helena Andrés, que exporá dia 5 na Galeria do Copacabana Palace, e que marca a primeira exposição de temas interplanetários”. (Walmir Ayala em “Os engenhos voadores”, Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 2 de agosto de 1969)

“Maria Helena Andrés, sobretudo em suas grandes telas, com domínio perfeito da técnica, espatulada, organizada e rítmica, obtém efeitos de grande beleza cromática. São aparentes suas referências dramático-poéticas, de naves naufragadas ou aviões estraçalhados no espaço.”(Aracy A. Amaral, São Paulo, 1968)

“Maria Helena Andrés andou sempre adiantada em sua época, desenhando, pintando, escrevendo coisas que sequer seus contemporâneos pensariam ou acreditariam, tais como suas naves e viagens interplanetárias. Dessas viagens pelo onírico às viagens reais pelo mundo, levou e trouxe conhecimentos que, numa troca de valores, consolidaram sua estatura de intelectual e artista, e uma filosofia de vida singular. Tem lugar definido nas artes plásticas do nosso país e é orgulho de todos nós.” (Mari’Stella Tristão, Estado de Minas, 1988)

         “Por volta de 1964, Maria Helena Andrés, fundindo o significado simbólico das embarcações com chamamentos diretos da contemporaneidade, passou a figurar, na mesma crescente diluição quase abstrata, máquinas voadoras num universo de sonho e luminosidades metálicas.” (Roberto Pontual, Rio de Janeiro)

“Há muito familiarizada com os temas que sugerem caminhadas espaciais e aeronaves passeando o céu, a artista obtém na monumentalidade mural, um extraordinário efeito. Sobre uma imensa superfície azul repousa uma viagem. O percurso taticamente mantido sem insinuações explícitas, estabelece a possibilidade vital do vôo criativo. O público caminhará à esteira do sonho.” (Celma Alvim, apresentação do catálogo da exposição de pinturas realizada na Sala Manoel da Costa Athaíde, Museu da Inconfidência em Ouro Preto, Fevereiro de 19)

“Há uma longa fase de sua pintura em que os barcos, navios, se tornaram bastante visíveis. Depois, por volta de 1964, ela passou a figurar máquinas voadoras hoje cristalizadas numa pintura que se pode chamar de “figuração científica”, pois refletem a preocupação da artista pelos últimos acontecimentos da “era espacial”: os cosmonautas chegando à lua. Toda esta pintura reflete um temperamento sonhador, talvez um tanto romântico, com projeção de estados oníricos”. (Márcio Sampaio, “Maria Helena Andrés: Arte vivida dia a dia”, Revista Minas Gerais - Ano 1, nº 1, Belo Horizonte, março/abril de 1969)

*Fotos de arquivo e da internet

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sexta-feira, 10 de agosto de 2012


ECOPPAZ



A Ong Ecoppaz (Ecologia pela Paz) surgiu a partir da consciência de um grupo de alunos da oficina de Cultura Ambiental e Cultura de Paz, coordenada pelo arquiteto e ambientalista Mauricio Andrés Ribeiro, no I Festival de Inverno de Entre Rios de Minas, em 2006. O grupo, formado por professores da rede escolar, estudantes e ativistas ambientais, elaborou naquela ocasião um documento com uma pauta de questões relevantes para aquele município mineiro, como o abastecimento de água, o lixo e o esgoto, o desmatamento, a erosão de solos e voçorocas, a extração de areia, a proteção do patrimônio edificado e dos quintais, além da geração de ICMS ecológico e sua destinação.
A Ecoppaz tem como missão defender e promover o desenvolvimento sustentável em busca do equilíbrio ecológico entre todos os seres, visando a ética, à paz, à cidadania, aos direitos humanos e a outros valores universais.
Dentre as ações recentes da Ong destaca-se a aprovação da Serra do Gambá (situada nos municípios de Entre Rios de Minas e Jeceaba) como Unidade de Conservação Estadual – Monumento Natural.
A Ong propõe também ações relacionadas à proteção, revitalização e uso adequado de córregos, tanto na zona urbana quanto na zona rural do município de Entre Rios, visando melhoria na qualidade de vida das populações ribeirinhas e adjacentes.
A Ecoppaz realizou nos últimos dois anos atividades de educação ambiental em escolas, não somente de Entre Rios de Minas mas também do município de Congonhas. Neste último integrou em 2011 a proposta do Projeto Aya (Arte / Yoga / Ambiente) às suas ações, realizando inclusive junto aos alunos, o plantio de árvores na área de lazer da Escola Municipal José Cardoso Osório.

*Fotos de Maria Aldina Oliveira Resende, Sarahy Fernandes e da internet

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quarta-feira, 25 de julho de 2012


GLORIOSA IDADE


Foi ao som de Noel Rosa e bossa nova, tocando na vitrola recém-consertada, que a artista plástica, escritora e professora Maria Helena Andrés recebeu a repórter Ana Brant do Estado de Minas em sua casa, no Retiro das Pedras. “O vinil tem um som mais quente, por isso gosto de escutar e dançar. Olha que disco mais atual este do Noel! Foi feito há muito tempo atrás. Se bobear o que produzi há 50 anos está mais atualizado em termos de mercado do que o que produzo hoje. Igual ao Noel Rosa”, observa Maria Helena.
 Prestes a celebrar 90 anos em agosto, ela está às voltas com seus dois blogs, Minha vida de artista (mariahelenaandres.blogspot.com) e Memórias e viagens (memoriaseviagensmha.blogspot.com), e com a exposição que vai marcar o seu aniversário. “Tem gente que acha fantástico esconder a idade. Acho fantástico não esconder. No Oriente, as pessoas têm o costume de perguntar qual a sua gloriosa idade. E tenho uma gloriosa idade. Longevidade é bom sim, mas tem que viver bem. Longevidade com hospital não adianta. Vivo bem. A pessoa não pode ficar à toa. Quando a cabeça está desocupada, só pensa coisa que não presta e aí não vale a pena”, filosofa Maria Helena, que teve sua formação artística com Carlos Chambelland, no Rio de Janeiro; Alberto Guignard e Edith Bhering, em Belo Horizonte; e Theodoros Stamos, em Nova York.
A mostra que vai celebrar suas nove décadas de vida e os quase 70 de trabalho vai entrar em cartaz no dia 18 de agosto na Galeria Livrobjeto, na Pampulha. Além das telas com temas recorrentes, como os barcos e as cidades, e esculturas inspiradas em desenhos do concretismo que ela mesmo esboçou, Maria Helena Andrés releva que vai apresentar vários pergaminhos, simulando rolos chineses, com pinturas e textos produzidos  por ela. “Esse projeto vai mostrar o que estou fazendo agora. Não gosto de repetir. As pessoas têm essa mania. Gosto de ir renovando minha obra de acordo com a idade. A gente se cansa das mesmas coisas, por isso é bom variar. Minha principal preocupação é fazer o que sinto vontade, usar a minha criatividade, atender uma necessidade interior, mesmo que não atenda o mercado”, preconiza a artista, que acredita que um dos segredos de estar tão bem aos 90 anos é ter sempre as mãos trabalhando e focar no presente. “Senão elas atrofiam. E, além do mais, não faço planos. Não se pode preocupar só com o passado ou o futuro. Viver o presente é o que importa e o aqui e agora é sempre mais bonito”, garante.
 Vivendo há 34 anos em uma casa no Retiro das Pedras, onde também funciona seu ateliê, Maria Helena conta que costuma passar uma parte da semana no ‘meio do mato’ e outra em Belo Horizonte e que esse contato com a cidade é extremamente profícuo. “Costumo passar uns dias aqui e outro em BH. Acho extremamente importante ter esse contato com o meio urbano. Não dá pra ficar o tempo todo isolado. É bom para a cabeça. Tem muita coisa interessante em Belo Horizonte. Seja nas artes plásticas ou na música. A cidade está fervilhando em várias áreas”, pontua.
Mas, sem dúvida, é no alto das montanhas que ela se sente plena. Seja contemplando o horizonte, sentindo a natureza, descendo e subindo com destreza as escadas sinuosas de sua casa, a artista plástica sequer reclama da baixa temperatura, típica da região, e que se intensifica neste período do ano. “Dou-me muito bem com frio e vento. O pessoal diz que sou conservada. Claro, vivo numa geladeira”, brinca, enquanto relembra as inúmeras viagens que fez pelo mundo, principalmente para o Oriente, como Nepal, Tibete, Japão, Tailândia e Índia, onde chegou a morar por um ano.
Boa parte das experiências vividas nesses países está nos blogs criados por ela, que são atualizados semanalmente, com o auxílio da filha Ivana. Maria Helena diz que é adepta das novas tecnologias e que isso facilita seu trabalho. A última aquisição foi um presente do neto: um iPad. “Gosto muito de mexer com ele, é bem interessante. Essas coisas modernas ajudam muito. São importantes como informação e como formas de comunicação com o mundo. Tenho muito contato com pessoas de fora do país. Meu blog tem cerca de 20 mil acessos e as pessoas ficam curiosas querendo saber sobre Guignard, sobre o construtivismo em Minas, momentos que vivenciei bem”, justifica.
Nascida poucos meses depois da Semana de Arte Moderna, Maria Helena Andrés acredita que ter vindo ao mundo em uma época tão efervescente culturalmente pode tê-la inspirado de certa forma. “Enquanto puder viver nessa Terra, que é tão bonita, cheia de cores, sons, com uma natureza maravilhosa, vou aproveitar o máximo. É um privilégio e temos sempre que nos manifestar de forma positiva. Se for para espalhar negativismo não compensa. É assim que deve ser”, resume.
*Fotos de Maria Tereza Correia e Maria Helena Andrés
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domingo, 8 de julho de 2012


EYMARD BRANDÃO NA ÍNDIA


Visitei a exposição de Eymard Brandão na Galeria da C/Arte, na Pampulha, em Belo Horizonte. Num espaço muito próprio para seus quadros, onde se destaca a busca do aproveitamento de recursos da terra, fui relembrando acontecimentos que, de certo modo, marcaram a arte de Eymard.
Sua viagem à Índia em 1979 certamente contribuiu para esse trabalho contemplativo que busca na terra a sua referência. Eymard tem seu atelier em Nova Lima e, nessa região onde as mineradoras estão sempre em busca do lucro extraído da terra, Eymard, serenamente dela extrai sua arte. Recolhe tintas e pedras do chão de Minas e, como alquimista, vai construindo painéis coloridos que, vistos em seu conjunto, alinhados na exposição livro-objeto, me recordam os sáris da índia. A Índia está presente nessa exposição também no depoimento do próprio artista em seu livro da série Circuito Atelier. Transcrevo em seguida trechos desse texto:
“A ecologia não surgiu em meu trabalho. Foi sendo a ele incorporada gradativamente, por uma série de fatores externos e internos. Estava me preparando para fazer o curso de pós graduação em Londres, no Royal College of Arts, quando assisti a uma palestra de Maria Helena Andrés. Nessa palestra ela abordava, entre outros assuntos, uma escola que conheceu no sul da Índia chamada World Academy of Wonder ( a palavra wonder significa uma forma específica de percepção na arte). Essa escola era uma das unidades de uma universidade que englobava diversas áreas como arte, literatura, música, fotografia, dança, teatro, etc. Mudar os referenciais e viver esse encontro de Oriente e Ocidente através da arte passou a me atrair profundamente. Enviei o currículo e recebi uma resposta promissora, juntamente com a explanação dos cursos oferecidos. Consegui uma bolsa de estudos e tive, naquele país, uma experiência de arte e de vida extremamente gratificantes.”
“Estudantes do mundo inteiro conviviam nessa escola, com novas possibilidades de lidar com seu potencial. Estruturas circulares eram desenvolvidas dentro de padrões milenares e, ao mesmo tempo, contemporâneas, para o trabalho realizado nas formas de ensino ali experimentadas. A história da arte era abordada pelo aspecto psicológico. E as cores da natureza eram relacionadas com nossas emoções, para depois serem aplicadas no papel, na tela ou em formas na terceira dimensão. Com folhas e flores, construíamos belas mandalas. Uma estrada pela floresta levava a um grande e bonito lago. Em frente a ele, subindo para a montanha, uma placa de madeira indicava a entrada da escola. Nela, sugestivas palavras nos convidavam a deixar as sombras de nossos egos para trás e lidar com as formas de estudo ali propostas, onde conviver com os ritmos e mistérios da natureza eram um ensinamento diário, por ser o universo em si, como um próprio campo no qual o jogo cósmico da arte vem acontecendo desde tempos imemoriais.”
Relembrando minhas viagens à Índia, vou encontrando referências também na arte de Eymard Brandão que é, sem dúvida, uma manifestação de seu próprio self de artista. A palavra self, usada por Jung para significar o centro psicológico do “ser” tem diferentes denominações nas diversas religiões do mundo. Significa o Cristo interno dos cristãos, o Atman dos hindus, a Luz interna de Krishnamurti.
O verdadeiro “eu” se encontra na parte interior, mais profunda de nosso ser, nos disse Sri Aurobindo em seus ensinamentos.

*Fotos de Maurício Andrés

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terça-feira, 26 de junho de 2012


RIO + 20, UM OBSERVADOR À DISTÂNCIA I


Recebi de Maurício Andrés o texto sobre Rio +20, que transcrevo abaixo:

“Um observador à distância
De conferência sobre sustentabilidade
Vê ao longe o espetáculo,
Como um astronauta contemplando a Terra.
É desnecessária sua presença física
Pois está conectado por vários meios:
Manchetes de jornais anunciam os fatos.
Na internet, surfa sobre artigos reflexivos, análises, avaliações críticas.
Nas redes sociais, anúncios buscam atrair o público para eventos,
alguns curtem, comentam e compartilham.
A tevê lhe traz em casa matérias sobre segurança, trânsito na cidade.
 Ele se nutre de extratos de artigos, análises, avaliações.
Vê a conferência através dos olhos de comentaristas,
articulistas, cientistas.
Participa ecologicamente:
Quieto em seu lugar, não causa a emissão de gases de efeito estufa;
 reduz impactos sobre o planeta.
 À distância, não tem os inconvenientes do suor,
dos deslocamentos desgastantes no trânsito.
Sua vivência é isolada, individual, 
ele tem tempo para refletir.
Está conectado no que ocorre no Rio
Transformado numa ágora global
O espaço público da feira e da política.
O cenário onde foi dada a partida
 E o espetáculo começou.
II
São 50.000 atores.
 Parecem muitos,
 mas juntos correspondem a menos de
 0,00001% dos 7 bilhões de seres humanos.
Há 1000 palcos e eventos;
190 delegações de países ricos, emergentes ou pobres,
e 167 chefes de estado.
Parlamentares, lideranças, sindicalistas, ativistas,
Crianças, jovens e mulheres,
 indígenas,
 cientistas, acadêmicos e estudantes,
 empresários, consumidores, gestores, industriais, empreendedores,
profissionais, religiosos, acadêmicos, formadores de opinião.
agricultores,  representantes de organizações não governamentais.
Há as emoções e a excitação da participação presencial;
a imersão no ambiente,
 a troca de energia humana entre os atores e as platéias, 
congraçamento e  interação social.
E também o suor, o trânsito, a aglomeração.
O Rio é nesses dias
um microcosmo do mundo,
Um ponto de encontro da variedade humana,
uma Babel de línguas, religiões,
histórias,
de culturas, idéias e de estágios de consciência.
Entre os 99,99999% que não estão lá,
Uns acompanham as notícias. Outros, não.
III
No grande espetáculo da conferência,
há muita atividade e agitação.
Autoridades negociam palavras e vírgulas,
tiram e põem colchetes em textos oficiais.
Divergem e buscam consensos.
Entre os atores no meio do povo,
uns articulam, advertem, alertam, exortam;
denunciam e criticam,
reclamam, censuram, acusam,
reivindicam, exigem.
Há quem faça discursos que
entusiasmam, empolgam, energizam,
 inspiram, conscientizam, sensibilizam,
 emocionam, comovem, convencem.
Outros se auto-promovem em viagens egóicas.
Há quem fale e escute, dialogue,
Troque idéias, aprenda, ensine.
 apresente boas práticas e exemplos.
Alguns se defendem,
assumem compromisso, assinam pactos.
Lançam relatórios, fazem acordos,
mostram serviço.
É intensa a atividade dos 0,00001% da humanidade
 que representam nos palcos, tendas  e pavilhões.
Enquanto isso, os demais 99,99999%
seguem suas vidas
E alguns tomam conhecimento do que ali se passa,
porque também há aqueles atores
 que fotografam, gravam, registram, entrevistam,
Comentam e transmitem ao vivo,
tuitam e postam mensagens e imagens
 e assim divulgam o espetáculo.”

(Maurício Andrés WWW.ecologizar.com.br)

*Fotos da internet

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terça-feira, 12 de junho de 2012


FELICIDADE INTERNA BRUTA PARA TODOS


 “Rio + 20, Felicidade Interna Bruta.”
Este slogan, lançado ao mundo em 1972  pelo rei do Butão, está agora em pauta e vai constituir motivo de debate na próxima conferência Rio + 20. Deixar de lado a preocupação com o lucro e os valores materiais para buscar outros valores, é um grande passo no caminho da Paz sobre o Planeta Terra. Valorizar o ser humano, seu bem estar, sua felicidade unida à natureza é o que todos nós pretendemos neste tumultuoso início do século XXI.
Caminhar para a paz universal é deixar que a felicidade chegue a todos e não a um pequeno grupo de privilegiados.
O rei do Butão anteviu isto desde 1972, e o colocou em prática em seu pequeno país, situado nos Himalaias. Quando um repórter veio entrevistá-lo sobre o PIB de seu país, ele respondeu que este produto interno bruto (PIB) tão badalado no mundo ocidental, não era prioridade para ele. A prioridade era a paz e a felicidade para todos os seus súditos.
Hoje, intelectuais, antropólogos e cientistas do mundo inteiro, inclusive dois Prêmios Nobel, começam a estudar suas idéias, buscando adapta-las ao nosso ocidente materialista.

Transcrevo abaixo trechos do artigo de Heloísa Helvécia, publicado no jornal Folha de São Paulo, em 5 de junho:

“A felicidade entrou no debate da Rio + 20. A criação de uma alternativa ao PIB capaz de medir o bem estar dos países é o “assunto da hora”, segundo a antropóloga americana Susan Andrews, coordenadora aqui do projeto FIB (Felicidade Interna Bruta).
Sob patrocínio da ONU, o FIB butanês vem sendo recriado por um time de intelectuais. O grupo fez um questionário que sonda padrão de vida, governança, educação, saúde, vitalidade comunitária, proteção ambiental, acesso à cultura, uso do tempo e bem-estar psicológico. No Brasil, o FIB é mais do que um indicador, segundo Susan. É um catalisador de mudança social que tem o potencial de unir poder público, empresas e cidadãos para a felicidade de todos. É pensamento sistêmico na prática, diz a antropóloga graduada em Harvard, que é também mestre em psicologia e sociologia. E monja.
A monja junta ao currículo o título de embaixadora do FIB no Brasil, país para o qual ela veio por ocasião da Eco-92- e ficou.
Naquele ano, fundou o Parque ecológico Visão Futuro em Porangaba, a duas horas de São Paulo. É uma das primeiras ecovilas do país.
Segundo disse Banki-Moon, secretário-geral da ONU, a Rio+ 20 precisa gerar um “novo paradigma” que não dissocie bem-estar social, econômico e ambiental. Os três, para ele, definem a “felicidade global bruta”.
Susan Andrews acha que a introdução de indicadores mais sistêmicos já é um movimento mundial. É parte do espírito do tempo.”

Heloisa Oliveira, fotógrafa mineira, muito familiarizada com o Butão, esteve recentemente naquele país, preparando um filme sobre os costumes e o modo de viver daquele povo. Heloisa estará participando da Rio + 20 com um depoimento na conferência intitulada  “Cúpula dos Povos”. Sua abordagem sobre o FIB é importante devido ao fato de que a nossa fotógrafa de Minas Gerais esteve várias vezes no Butão e conheceu pessoalmente o rei daquele país.

*Fotos de Heloisa Oliveira

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