“A sonda norte americana Voyager 1, lançada em 5 de setembro
de 1977, entra em um mundo até agora inexplorado, ultrapassando os limites do
nosso Sistema Solar. Faz 35 anos que ela deixou a Terra e,a mais de 18 bilhões
de km de nosso planeta . A Voyager 1 está prestes a se tornar o primeiro objeto
de fabricação humana a ultrapassar esse limite e alcançar o espaço
interestelar. Carrega um disco chamado “Voyager Golden Record” contendo imagens
e sons representativos da história de nosso mundo: um gráfico com a posição da
Terra no espaço, a estrutura do DNA, sons
de animais, uma seleção musical e ainda mensagens em 55 línguas
diferentes.” (Jornal Hoje em dia,
6/9/2012)
Relembro a minha fase de pintura espacial, realizada nos
fins da década de 60, em meu atelier em Belo Horizonte. Em
1969, quando Neil Armstrong pisou na lua pela primeira vez, eu inaugurava uma
exposição desses quadros no Rio de Janeiro. A semelhança das fotos publicadas
pela mídia celebrando o evento, com meus quadros espaciais, despertou a atenção
de jornalistas que foram me entrevistar sobre aquela coincidência.
Transcrevo
algumas críticas da época sobre a minha fase espacial:
“O artista é o grande pioneiro, como sempre foi, da
conquista universal. Quantas vezes descemos em Vênus com um poema? Quantas
atmosferas foram criadas com a matéria pictórica, quantos azuis transpassados.
E tudo num ato de amor, num vôo, num desejo panorâmico de ver, conhecer e
habitar de felicidade.
Um destes artistas é a mineira Maria Helena Andrés, que
exporá dia 5 na Galeria do Copacabana Palace, e que marca a primeira exposição
de temas interplanetários”. (Walmir Ayala
em “Os engenhos voadores”, Jornal do
Brasil, Rio de Janeiro, 2 de agosto de 1969)
“Maria Helena Andrés, sobretudo
em suas grandes telas, com domínio perfeito da técnica, espatulada, organizada
e rítmica, obtém efeitos de grande beleza cromática. São aparentes suas
referências dramático-poéticas, de naves naufragadas ou aviões estraçalhados no
espaço.”(Aracy A. Amaral, São Paulo, 1968)
“Maria Helena Andrés andou
sempre adiantada em sua época, desenhando, pintando, escrevendo coisas que
sequer seus contemporâneos pensariam ou acreditariam, tais como suas naves e
viagens interplanetárias. Dessas viagens pelo onírico às viagens reais pelo
mundo, levou e trouxe conhecimentos que, numa troca de valores, consolidaram
sua estatura de intelectual e artista, e uma filosofia de vida singular. Tem
lugar definido nas artes plásticas do nosso país e é orgulho de todos nós.” (Mari’Stella
Tristão, Estado de Minas, 1988)
“Por volta de 1964, Maria Helena Andrés, fundindo o
significado simbólico das embarcações com chamamentos diretos da
contemporaneidade, passou a figurar, na mesma crescente diluição quase
abstrata, máquinas voadoras num universo de sonho e luminosidades metálicas.” (Roberto
Pontual, Rio de Janeiro)
“Há muito familiarizada com os
temas que sugerem caminhadas espaciais e aeronaves passeando o céu, a artista
obtém na monumentalidade mural, um extraordinário efeito. Sobre uma imensa superfície
azul repousa uma viagem. O percurso taticamente mantido sem insinuações
explícitas, estabelece a possibilidade vital do vôo criativo. O público
caminhará à esteira do sonho.” (Celma Alvim, apresentação do catálogo da
exposição de pinturas realizada na Sala Manoel da Costa Athaíde, Museu da
Inconfidência em Ouro Preto ,
Fevereiro de 19)
“Há uma longa fase de sua
pintura em que os barcos, navios, se tornaram bastante visíveis. Depois, por
volta de 1964, ela passou a figurar máquinas voadoras hoje cristalizadas numa
pintura que se pode chamar de “figuração científica”, pois refletem a
preocupação da artista pelos últimos acontecimentos da “era espacial”: os
cosmonautas chegando à lua. Toda esta pintura reflete um temperamento sonhador,
talvez um tanto romântico, com projeção de estados oníricos”. (Márcio Sampaio, “Maria Helena Andrés: Arte vivida dia
a dia”, Revista Minas Gerais - Ano 1, nº
1, Belo Horizonte, março/abril de 1969)
*Fotos de arquivo e da internet
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