Nas décadas de 1970 e 80, eu
tinha meu atelier em BH na garagem da casa de minha mãe. Ao lado, no porão da
mesma casa, o grupo UAKTI ensaiava suas músicas. Eu escutava os acordes, me
embalava naqueles sons criativos, que muitas vezes me conduziam a vôos mais
altos na pintura. Naquela ocasião eu pesquisava o cosmos e me abria para as
filosofias da Índia. Encantava-me
perceber a ligação da pintura com a música e sentir o papel da arte no
despertar do século XXI, unindo oriente e ocidente.
Os Beatles, rompendo
preconceitos, seguiram o caminho das Índias. Deixaram o conforto de Londres
para se dirigirem ao Oriente, buscando uma linguagem mais abrangente para sua
música. Meditando à beira do Ganges, perceberam a grandeza de sua proposta de
paz e chegaram com uma renovação completa da música contemporânea.
A apresentação do CD UAKTI x
BEATLES aconteceu no Palácio das Artes em Belo Horizonte , a
platéia superlotada com os apreciadores dos dois grupos musicais, vindos de
terras diferentes, mas unidos no mesmo objetivo de criação.
A melodia dos Beatles se
entrosava perfeitamente com os tambores, flautas, marimbas, chocalhos,
proporcionando um espetáculo de grande beleza e suspense.
Marco Antônio Guimarães subiu
ao palco e apresentou sua trajetória e sua admiração pelos Beatles, desde a
infância.
Os Beatles são ícones
internacionais e estimularam a criatividade de muitos artistas. Eu mesma, num
intervalo de muitas abstrações, dialoguei com os sons que me vinham da
vizinhança do UAKTI e criei na minha fase de arte coletiva, um quadro a 4 mãos
cujo tema era o famoso grupo inglês. Agora acompanho o espetáculo que se
desenrola no grande teatro do Palácio das Artes, me emocionando a cada passo e
a cada encontro. No final do espetáculo, que contou com a participação de
Regina Amaral e Josefina Cerqueira, esposas de Artur e Paulo, uma surpresa: os
filhos dos músicos foram chamados ao palco e se apresentaram cada um por sua
vez. Alexandre e Artur criaram um duo sobre
a canção "Black Bird".
Assistimos a apresentação da
filha de Décio Ramos tocando percussão e da filha de Paulinho Santos cantando
Yesterday.
Foi de grande importância a
apresentação dos filhos dos músicos e veio constatar o fato de que a arte vai
se prolongando no tempo e criando novas
mensagens e caminhos.
Lembro-me de uma homenagem a
George Harrison com a presença do músico indiano Ravi Shankar. A jovem filha de
Ravi regia a orquestra e o filho de George Harrison tocava guitarra. A arte
promove cada vez mais este encontro de grupos diversos e etnias diferentes, nos
grandes palcos do mundo e também nos pequenos repertórios. A grande síntese
está acontecendo e pode ser vista em cada cena que se desenrola espontaneamente
na criação dos artistas.
O caminho para a realização
da unidade planetária e unidade cósmica ultrapassa países e raças para se manifestar
de forma intensiva através de todas as artes, de modo especial a música.
Transcrevo aqui trechos da
reportagem de Cinthya Oliveira do jornal HOJE EM DIA sobre o show UAKTI-
BEATLES
“O desejo de registrar um
trabalho de homenagem aos Beatles é algo natural para um músico, segundo o
percursionista Paulo Sérgio Santos. “Todo mundo tem um momento de visitar a
obra dos Beatles. É uma influência que todo músico teve em sua vida, seja
melódica ou harmônica”, afirma Santos.
A idéia do projeto partiu do arranjador Marco Antônio Guimarães, um fã dos Beatles desde a juventude, quando chegou a ter uma banda cover dos ingleses.
Ele passou cerca de um ano trabalhando na adaptação das músicas para a peculiar sonoridade do Uakti. “Tive que respeitar bem a melodia porque, quando se adquire os direitos autorais, há uma exigência de que a música não pode ser muito modificada”, diz Guimarães, que selecionou as composições de que mais gostava e as que funcionavam melhor com os instrumentos do grupo.”
A idéia do projeto partiu do arranjador Marco Antônio Guimarães, um fã dos Beatles desde a juventude, quando chegou a ter uma banda cover dos ingleses.
Ele passou cerca de um ano trabalhando na adaptação das músicas para a peculiar sonoridade do Uakti. “Tive que respeitar bem a melodia porque, quando se adquire os direitos autorais, há uma exigência de que a música não pode ser muito modificada”, diz Guimarães, que selecionou as composições de que mais gostava e as que funcionavam melhor com os instrumentos do grupo.”
Fotos de Sylvio Coutinho e de
arquivo
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