quinta-feira, 18 de setembro de 2014


POR QUE A SEMELHANÇA BRASIL - ÍNDIA

O texto abaixo foi escrito por minha amiga Célia Laborne, quando o livro "Oriente- Ocidente, integração de Culturas" foi editado. Célia foi minha colega na primeira turma da Escola Guignard, mas se dedicou mais ao jornalismo. Célia é, além de jornalista, escritora e poeta, atualmente muito reconhecida em Portugal. Ela tem há muitos anos, um blog na internet, "Vida em Plenitude", que pode ser acessado através desta minha página.

“Oriente e Ocidente são duas metades que se juntam e se integram, hoje de forma maior e mais participada. Porém essa integração começou há muitos séculos atrás, segundo os registros culturais e artísticos de vários pesquisadores. Entre eles, a artista Maria Helena Andrés, que traduziu suas pesquisas sobre o barroco, os hábitos e os costumes do oriente e ocidente, especialmente representados pelo Brasil e a Índia, da forma mais viva e perfeita , isto é, dentro de sua arte.
Viajando várias vezes  para a Índia e Goa, Maria Helena estudou e captou a semelhança nas estruturas básicas da cultura brasileira e indiana, sobretudo. E dessa pesquisa nasceu um belíssimo livro onde há a amostragem pictórica de tradições, de folclore, de música, de hábitos, etc, numa sucessão de pranchas coloridas e artísticas. Verdadeiros painéis de integração Brasil- Índia.
Maria Helena teve, na elaboração do livro, a ajuda eficiente e valiosa de sua filha, também artista Eliana Andrés – também ela com uma longa estada na Índia.
O livro, além da apresentação, é todo ele montado em pranchas próprias para serem aproveitadas em belíssimos quadros. São trabalhos feitos em momentos de inspirada e feliz criatividade da artista. Eles fazem um paralelo, mostrando na parte superior do desenho a cena brasileira e no espaço inferior uma equivalente cena indiana.
As pranchas começam mostrando os veleiros portugueses que tomaram o caminho das Índias e das Américas e fizeram um importante contato, por certo não o primeiro. Vêm em seguida, cenas típicas, festas folclóricas, o Boi- Bumbá, os festejos do interior da Índia; as procissões devocionais, com o povo aqui levando imagens cristãs e lá divindades do hinduísmo.
Ou a Igrejinha do “Ó” com seu telhado chinês e os profetas de Congonhas com turbantes orientais.
Também nova semelhança no artesanato. O trabalho dos cesteiros como uma grande mandala no centro da prancha, mostra acima e abaixo o povo diligente e criativo trabalhando ao ar livre. Ou ainda as cerâmicas de forma muito parecida no artesanato popular.
E o livro é, assim, todo ele um desdobramento de colorido, sensibilidade  e, sobretudo, profunda pesquisa do que se cultiva, se cria, se crê e se cultua em nossa terra e na longínqua Índia.
Cada prancha é toda uma história, um aprendizado, uma beleza nova, valorizada pela explosão do colorido que, nas duas terras, é intenso e vive, além do desenho preciso de uma artista tarimbada e consagrada. Maria Helena não se esqueceu de observar também a música, o ritmo, os tambores e as toadas populares que soam familiares, segundo ela, aos ouvidos brasileiros.
O livro é todo uma obra de arte e Maria Helena o apresenta bem quando diz, logo no início:

“Sentindo as semelhanças existentes entre os povos e os contrastes gerados pelas diversas culturas, observando como essas culturas se comunicam , começamos a perceber que os seres humanos pertencem realmente a uma só e única família. Há razões desconhecidas que promovem semelhanças entre povos muitas vezes distantes, como a Índia e o Brasil. As terras parecem irmãs. Quando estivemos no vale do Jequitinhonha, em Minas Gerais, pudemos sentir, a cada instante, um elo ligando as duas culturas, na dança, na música, nos desafios cantados, no artesanato, na organização familiar e nas festas populares 

“Maria Helena Andrés é uma artista do presente, isto é, faz de sua arte integração e compreensão entre os povos, ela ensina unidade e fraternidade através de sua forma de expressão: a pintura e o desenho, e faz isso sem qualquer preocupação de vaidade, personalismo ou visão comercial.” (Célia Laborne Tavares, Estado de Minas, 22/12/1984)

*Fotos de arquivo

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quarta-feira, 17 de setembro de 2014

segunda-feira, 1 de setembro de 2014


ECOLOGIZAR O BANCO DO BRICS

Aconteceu recentemente um encontro dos BRICS em Fortaleza, ocasião em que foi criado o Banco de Desenvolvimento do BRICS. Recebi de Maurício Andrés Ribeiro o texto abaixo sobre a necessidade de se ecologizar a economia.

“Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul  constituem o BRICS, o grupo dos cinco maiores países emergentes. Juntos,  esses cinco países têm 40% da população mundial e cobrem 23% das terras do planeta.
Em julho de 2014, eles se reuniram em Fortaleza e decidiram criar o banco de desenvolvimento do BRICS, um projeto unificador entre esses cinco países.
Bancos de desenvolvimento direcionam recursos para investimentos e canalizam fluxos de capital para os projetos aprovados.Assim, o Banco Mundial, o Banco Interamericano de Desenvolvimento e o BNDES, entre outros concederam crédito para projetos necessários. Entretanto, foram alvo de críticas por parte de organizações da sociedade, por terem financiado projetos social eambientalmente  questionáveis.
Os Princípios do Equador, propostos em 2003 pela Corporação Financeira Internacional (IFC), vinculada ao Banco Mundial, estabeleceram diretrizes sociais e ambientais para as instituições bancárias. Naquele mesmo ano, a Declaração de Collevecchio, apoiada por organizações da sociedade civil, ressaltou a importância das instituições financeiras assumirem compromissos com  a prevenção de impactos das atividades que financiam, com a transparência das informações, com a prestação de contas à sociedade. Ressaltou-se a necessidade de se repensar a missão dos bancos e a urgência de que eles renunciem a oportunidades de negócios que sejam social ou ambientalmente destrutivas.
Bancos de desenvolvimento precisam ter  missão, mandato e orientação políticaclaramente definidos pelas sociedades que os instituíram.
A espécie humana já domesticou animais e usou sua força. Já domesticou vegetais e se alimentou com eles. Já canalizou a força das águas para produzir energia, para matar sua sede e irrigar as plantações.  Colocou a seu serviço  as energias de todo tipo, fósseis e renováveis.No contexto da crise ecológica e climática planetária, é um desafio ecologizar o capital, pois,  caso seja  deixado livre e sem regulação, sua força, como a das águas, pode ser destrutiva. É preciso colocar a força do capital  a  serviço do bem estar humano e da saúde ambiental.
Assim, por exemplo, o banco do BRICS poderia inovar na utilização de indicadores de sustentabilidade para orientar suas operações e direcionar suas ações no sentido de reduzir injustiças equalizando as pegadas ecológicas per capita dos habitantes dos países que o criaram.
O banco do BRICS poderia atuar como um laboratório para experimentar esse modo de lidar com o capital,realizando suas operações de crédito de forma sintonizada com uma visão ecologizada. Ele  opera com 50 bilhões de dólares,  recursos modestos se comparados com os trilhões de dólares do capital circulante no mundo.  Entretanto,essa poderia ser uma  oportunidade para testar um novo modo de relacionamento com o capital. Sendo exitoso, poderia servir como exemplo e referência para regular os fluxos de capitais, colocando-os a serviço do bem estar e da saúde humana e ambiental.”
( Maurício Andrés Ribeiro, autor dos livros Ecologizar, Tesouros da Índia e Meio Ambiente &Evolução Humana. www.ecologizar.com.br e ecologizar@gmail.com)

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terça-feira, 19 de agosto de 2014


IGNACY SACHS, PIONEIRO NA COOPERAÇÃO ÍNDIA - BRASIL

Recebi de Maurício Andrés Ribeiro o texto abaixo que nos mostra com muita clareza a importante missão de estreitar o intercâmbio Oriente-Ocidente e, de modo especial Brasil e Índia. Maurício nos lembra neste artigo a presença de Ignacy Sachs que, na década de 50 iniciou este intercâmbio.
“Nos idos de 1977, quando pus os pés na Índia pela primeira vez, sabia que percorria caminhos que Ignacy Sachs  trilhara, pioneiramente, nos anos 50. Sou grato  a ele pelas orientações e pelas valiosas referências que me ofereceu desde então. Sinto-me em ótima companhia filosófica e intelectual, que me estimula a prosseguir no caminho das Índias.
Ignacy Sachs é socioeconomista, nascido na Polônia e naturalizado francês. Viveu quatorze anos no Brasil, dirigiu o Centro de Pesquisas sobre o Brasil Contemporâneo na Escola de Altos Estudos em Ciências Sociais de Paris. Doutor pela Universidade de Delhi, na Índia, durante mais de 65 anos Ignacy Sachs trabalhou para a cooperação Brasil-Índia. Em uma entrevista, impressionado com a independência da Índia em 1947, perguntava: “Como um país colonizado consegue se livrar da dominação do maior império colonial do mundo quase sem derramamento de sangue? A mensagem é absolutamente extraordinária.”(1).
Gandhi enfatizava a importância da autolimitação das necessidades e foi para Sachs uma referência no tema do desenvolvimento: “Gandhi para mim era e continua a ser o precursor das boas teorias de desenvolvimento, pela maneira como considerava a massa camponesa como o ator central do processo de desenvolvimento.”  Sachs também foi  inspirado pelo prêmio Nobel de Economia Amartya Sen: “Foi a leitura de Amartya Sen que me levou a propor a reconceitualização do desenvolvimento em termos de universalização efetiva do conjunto das chamadas três gerações de direitos: os direitos políticos, civis e cívicos (a democracia como pedra angular, foundational value, diz Sen); os direitos econômicos, sociais e culturais, incluindo o direito ao trabalho decente; e por último os direitos coletivos do desenvolvimento, ao meio ambiente, à infância”.(2)
Nos anos 50, enquanto fazia o doutorado em Delhi,  Ignacy Sachs vivenciou o forte prestígio internacional daquele país, que demonstrava grande confiança em si próprio e que recebia chefes de estado e cientistas sociais de fama mundial. Também são presentes em  textos de Sachs  a admiração pela Índia, descrita como terra de inspiração e laboratório do desenvolvimento. Neles, expressou sua dívida intelectual para com os indianos e nomeou aqueles de quem recebeu estímulos: os economistas K.N. Raj, ex-reitor da universidade de Delhi; Sukihomoy Chakravarti; Deepak Nayar, reitor da universidade de Delhi; Amartya Sen. Além deles,  Sachs relembra a importância dos contatos com outros cientistas, tais como o politólogo Rajni Kothari; o historiador da ciência Rahman; Ashok Parthasarathi; Amulya K.N.Reddy; M.S. Swaminathan; Anil Agarwal; o ecologista Gadgil e o historiador Guha.
Ao acreditar na importância da cooperação entre países tropicais, que podem construir civilizações modernas da biomassa, Sachs enfatizou a necessidade de abre-alas para esse desenvolvimento e propôs que o Brasil e a Índia assumam tal posição. Reforçou a importância dos brasileiros se aproximarem dos indianos através de rede de cooperação técnica por biomas. Ao postular a reforma da ONU, Ignacy Sachs enxergou as possibilidades da liderança colaborativa desses dois países no aprimoramento das instituições internacionais, oxigenando o ambiente e fazendo circular ideias novas, originárias do pensamento do sul.
Hoje continuam precários os laços culturais e de comunicação entre esses países. Para transpor esse abismo propôs estabelecer um centro de pesquisa sobre o Brasil contemporâneo em uma universidade indiana e um centro de pesquisa sobre a Índia contemporânea em uma universidade brasileira e intercambiar estudiosos e bolsistas, criando massa crítica de pessoas que lancem pontes de cooperação. Seria uma estratégia para, em poucos anos, formar um conjunto de jovens com melhor conhecimento mútuo.
A Índia é uma terra fértil para se estudar e compreender a evolução humana  e o papel que a nossa espécie desempenha nessa atual crise da evolução. O conhecimento aprofundado sobre psicologia e sobre a natureza do ser humano encontrado em filosofias indianas ajuda a lidar com esse grande ator da crise atual. No campo da ecologia do ser, dos estudos da consciência e da educação integral, a civilização indiana é guardiã de riquezas valiosas para a autosuperação humana.
A cosmovisão indiana propõe que cada um de nós nessa vida tem seu dharma, sua missão ou tarefa a cumprir. Trabalhar pela aproximação Índia-Brasil tornou-se parte de meu dharma, que exerço com alegria. Agradeço à Índia pela inspiração que me proporcionou.” (Maurício Andrés Ribeiro é ex-pesquisador visitante no Indian Institute of Management, Bangalore. Autor de Tesouros da Índia para a civilização sustentável. www.ecologizar.com.br  ecologizar@gmail.com)

*Sachs foi professor da Universidade de Varsóvia e conselheiro especial da Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, Eco-92. É autor de vários livros e artigos: Capitalismo de Estado e subdesenvolvimento (Vozes, 1969), Ecodesenvolvimento: crescer sem destruir (Vértice, 1981), Espaços, tempos e estratégia de desenvolvimento (Vértice, 1986), Estratégias de transição para o século XXI; A terceira Margem.

[1] Estudos avançados vol.18 no. 52 São Paulo Dec. 2004. Experiências internacionais de um cientista inquieto. Entrevista com Ignacy Sachs
[2] In A Terceira Margem, pág. 316.

*Fotos de arquivo 

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terça-feira, 5 de agosto de 2014


CONSIDERAÇÕES SOBRE O BELO

 Escreve Edgar Poe: "Nós somos devorados por uma sede inextinguível. Esta sede faz parte da imortalidade do homem. Ela é uma conseqüência e, ao mesmo tempo, um sinal de sua existência sem termo"... "Então, quando a poesia, ou a mais enervante das formas poéticas, a música, nos fazem cair em lágrimas, choramos, não por excesso de prazer, e sim em razão de uma melancolia positiva, impetuosa, impaciente, que experimentamos por causa da nossa incapacidade  de discernir, plenamente, aqui nesta terra, uma vez por todas, aquelas alegrias divinas de que, através do poema ou da música, não atingimos, senão vislumbramos." ¹
         O homem tende naturalmente para o que é eterno. Ele se inquieta, procurando uma razão de ser para sua vida, aspirando ao que há de bom e verdadeiro no mundo. É o ideal de perfeição, a sede insaciável de eternidade.
         O artista, procurando elevar-se acima de si mesmo através da arte, aspira à Beleza absoluta, e, mesmo inconscientemente, procura Deus. A beleza artística é um reflexo da Beleza Incriada, assim como toda luz é uma certa irradiação da primeira Claridade Divina.
         A tendência natural da arte é de se elevar, aperfeiçoando-se cada vez mais.
         Abrindo um parenteses, consideremos aqui um ponto menos esclarecido: é preciso distinguir a beleza da natureza da beleza artística. O belo em arte não é o belo da natureza. É frequente confundir-se a beleza natural com a beleza espiritual, realizada na obra de arte. "Uma vez que na vida a beleza física é geralmente regular e a tradição clássica faz da regularidade uma das condições de beleza, constitui ainda opinião corrente que o belo é, também, na arte, sinônimo de regular.” (Matteo Marangoni).  
A beleza da arte é puramente espiritual, expressiva. É a emoção dirigida pela inteligência em busca de uma forma ideal que, muitas vezes, pode parecer feia e pueril aos olhos do leigo.
         Assim, ouvimos julgamentos como estes, principalmente em se tratando de Arte Moderna: "Isto até uma criança poderia fazer." - "Isto não passa de um rabisco."
         No entanto, o quanto de sofrimento e luta para se chegar àquela simplicidade, àquele despojamento completo do supérfluo, àquela síntese de vida.
         Os escolásticos, seguindo a doutrina de São Tomás, dão como condições de beleza a integridade, a proporção, brilho ou clareza. Mas ressaltam, também, que não existe uma só maneira, mas mil e dez mil maneiras de a noção de integridade e proporção poderem realizar-se. Tanto as figuras Gregas e Egípcias, como as de Rouault e Picasso são perfeitamente proporcionais, nos seus gêneros.
         Como dizia Jacques Maritain, “as noções de integridade e proporção não têm nenhuma significação absoluta; visam, antes, ao fim da obra, que é de ' fazer resplandecer uma forma sobre a matéria”, isto é, de expressar uma ideia coerente, harmoniosa.
         "Todas as coisas que povoam a terra encontram-se em constante mudança e, por conseguinte, em constante movimento; mas uma lei igualmente universal governa seu movimento: um impulso para encontrar uma condição de harmonia e repouso: harmonia, maturidade e cristalização. A forma pela qual a matéria encontra um equilíbrio de forças constitui sua perfeição, uma solução para o seu problema particular no qual não existe desperdício nem superfluidade. Se acrescentarmos ou retirarmos algo a esta perfeição, a forma perde seu equilíbrio, seu aspecto característico, e deve-se recomeçar a busca de ambos." (Karel Honsih)
         Tudo o que existe, em sua constante renovação procura atingir a Beleza Absoluta ou ser um reflexo dela.
         A procura de perfeição através da arte assemelha-se a este incessante movimento da natureza que busca o equilíbrio nas células microscópicas, no desabrochar de uma flor, nos grandes espaços interplanetários do universo.
         "O Belo consiste na ordem e na grandeza", dizia Aristóteles em sua Poética. Ordem e grandeza, no entanto, não poderão ser padronizadas dentro de cânones rígidos, diversificando-se conforme a exigência de cada obra de arte em particular.
         A fusão dos diversos elementos que constituem a matéria pictórica, a cor e a linha, os planos e as sombras, as texturas, os relevos devem na sua multiplicidade de sugestões procurar a unidade de um conjunto harmonioso.
         Para haver beleza num quadro ou numa escultura, é preciso que haja a adequação perfeita do espírito com a matéria, da ideia criadora com a forma realizada. 
(Trecho do meu livro “Vivência e Arte”, editora Agir, 1966)

*Fotos de Maria Helena Andrés

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sábado, 19 de julho de 2014


EXPERIÊNCIA ARTÍSTICA

O texto abaixo é uma página do meu livro “Vivência e Arte”, escrito na década de 60, quando eu me dedicava, não somente à criação dos meus seis filhos, mas também aos estudos de filosofia e estética das artes. Naquela época, continuava o meu caminho nas Artes Plásticas.
         Sobre a experiência artística, temos uma página admirável do grande poeta que foi Rainer Maria Rilke: "Versos não são, como tanta gente imagina, simplesmente sentimentos - são experiências: é preciso ver muitas cidades, homens e coisas, conhecer o voo dos pássaros e o gesto das flores, quando se abrem pela manhã; voltar em pensamento aos caminhos das regiões desconhecidas, aos encontros inesperados, às separações já de longe previstas, às doenças da infância carregadas de profundas e graves transformações, aos dias fechados ou de sol, às manhãs de vento ao mar, às noites de travessia e de fuga. E tudo isto não basta. É preciso, também, as memórias das vivências passadas e mesmo estas não bastam. Pois é preciso também saber esquecê-las, quando são muitas, e ter-se a imensa paciência de esperar que voltem novamente. E, quando então tudo tiver retornado dentro de nós, como o sangue, a brilhar e a gesticular sem se distinguir de nós mesmos, só então pode acontecer que, na hora rara, a primeira palavra de um poema se levante no meio daquelas experiências e delas prossiga."
         A descrição do processo poético, de Rilke, pode aplicar-se a qualquer outra arte. Consideremos o artista plástico diante de sua tela ou da folha de papel em branco. Ao escolher uma cor ou preferir uma linha, o artista revela ao mundo parte de sua vida. Alguma coisa que lhe pertencia, exclusivamente, se faz partilhar naquela forma nova, criada por ele. São suas paixões, seus dramas. São suas primeiras impressões de infância, o despertar para o mundo, as inquietações da adolescência, os sonhos e arrebatamentos da mocidade, a plenitude da idade madura. É a alegria do primeiro filho que nasce, as noites de vigília à beira do berço, a capacidade humana e natural de poder dar-se a alguém.
         A arte não é incompatível com as coisas simples da vida. E, para ser artista, não é preciso viver de um modo extravagante e original. Não é preciso vestir-se excentricamente e andar pelas ruas de madrugada em rodas boêmias, embora a arte não exclua qualquer experiência.
         A vivência artística é a realidade de uma vida interior intensamente vivida, onde os acontecimentos grandes e pequenos, originais ou rotineiros, tem um valor eterno.
         É indispensável que este mundo interior exista, para que haja criação autêntica. É indispensável que exista esta integração perfeita das experiências com a vida do artista. Que elas façam parte do seu sangue, como diz Rilke, para que mais tarde frutifiquem como obra de arte. A mão que traça uma linha e mistura uma cor não estará praticando um gesto vazio de sentido, mas realizando o que sua experiência exigiu de um modo particular e sincero.

*Fotos de Maria Helena Andrés

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terça-feira, 1 de julho de 2014


A EVOLUÇÃO IMPULSIONADA POR PROJETOS UNIFICADORES

O texto abaixo, enviado por Maurício Andrés é importantíssimo.

“A realização da Copa do Mundo de futebol no Brasil testa a capacidade do país de se organizar, oferecer mobilidade e segurança nas cidades Além disso, testa sua habilidade para receber milhares de visitantes e turistas, aloja-los, dar-lhes condições de  bem estar. Os governos são cobrados em sua competência para realizar as obras necessárias a tempo e com custos adequados. A sociedade se movimenta em torno do evento: alguns exaltam seu aspecto festivo, outros criticam os gastos realizados. Ao se oferecer para sediar a Copa e ser escolhido, o Brasil se propôs um desafio  que catalisou energias e recursos. Da mesma forma, uma cidade  escolhida para sediar os Jogos Olímpicos induz seus governantes a saírem da gestão do dia a dia; mobiliza organização, planejamento, energias humanas e institucionais, monitoramento e fiscalização para que tudo esteja pronto a tempo para o grande evento. O desfile de escolas de samba no Rio de Janeiro, definido por Darcy Ribeiro como o maior espetáculo da Terra também demanda tal capacidade.
Organizar eventos festivos é um desafio pequeno se comparado a outros projetos coletivos. No Brasil, a construção de Brasília foi um projeto que mobilizou vontade, determinação, planejamento e capacidade de realização.  Em Portugal no século XVI, as  navegações foram cuidadosamente planejadas e executadas com a participação da Escola de Sagres. No século XX a descida do homem na lua foi evento que mobilizou esforço e inteligência coletiva, sob o comando da NASA.
A construção das catedrais, das pirâmides do Egito, da muralha da China mobilizaram vultosos recursos econômicos, humanos, tecnológicos e de conhecimento. Foi necessário pagar a subsistência de cada trabalhador, financiar, arrecadar e investir recursos para que elas fossem realizadas com sucesso, durante décadas ou séculos.
Dispor de um projeto, meta ou mito unificador é um requisito importante para fazer  convergir as energias humanas num rumo comum. Em alguns casos, tais projetos que buscam a unificação interna são essencialmente destrutivos e voltados para a dominação de outros povos, tais como as grandes guerras. No sentido inverso apontam projetos de unificação  politica, tal como o que se desenvolve na União Europeia,  com todos os desafios, recuos e avanços que o caracterizam.
Para catalisar energias que levem a um futuro promissor, a humanidade pode precisar de novos projetos e obras unificadores. Um deles pode ser a construção de uma unidade politica planetária. Edgar Morin em texto intitulado O grande projeto observa que “A fecundidade histórica do Estado-Nação hoje se esgotou. Os Estados-Nação são por si mesmos monstros paranóides incontroláveis, ainda mais sob ameaças mútuas. Uma primeira superação dos Estados-Nação não pode ser obtida senão por uma confederação que respeite as autonomias, suprimindo a onipotência”. “Mas nós ainda estamos na "idade do ferro planetário": ainda que solidários, continuamos inimigos uns dos outros e a explosão dos ódios de raça, de religião, de ideologia, provoca sempre guerras, massacres, torturas, ódio e desprezo”. Um projeto político ainda por se realizar é a constituição de uma Federação Planetária que suceda a atual fase dos estados –nação e que avance em relação à Organização das Nações Unidas, da mesma forma como essa avançou em relação à Liga das Nações.
Um projeto unificador é necessário para lidar com a crise ecológica e climática planetária. Thomas Berry e Brian Swimme propõem uma obra coletiva de transitar dessa crise para uma era em que exercitemos nossa capacidade de sustentar o mundo natural para que o mundo natural possa nos sustentar, num processo de  sustentabilidade recíproca. Eles observam que “Todos nós temos nosso trabalho particular. Temos uma variedade de ocupações. Mas além do trabalho que desempenhamos e da vida que levamos, temos uma Grande Obra na qual todos estamos envolvidos e ninguém está isento: é a obra de deixar uma era cenozóica terminal e ingressar na nova Era Ecozóica na história do Planeta Terra. Esta é a Grande Obra”. Eles observam que “Precisamos reinventar o humano no nível da espécie porque os temas com que estamos envolvidos parecem estar além da competência de nossas tradições culturais atuais, seja individualmente ou coletivamente”.
A crise climática está associada a uma crise da evolução biológica e cultural. Diante da perspectiva de colapso planetário e da percepção dos limites da capacidade de suporte do planeta, a busca da segurança motiva uma construção coletiva de respostas. Um dos mitos unificadores atuais é o da sustentabilidade, que se procura viabilizar por meio de um conjunto de iniciativas que envolvem governos, empresas, organizações sociais e indivíduos. Imaginar um projeto unificador, ter a determinação e mobilizar os recursos para colocá-lo em prática numa obra coletiva é um pré-requisito para se construir um futuro promissor.” (Maurício Andrés)

 Autor de Ecologizar e de Meio Ambiente & Evolução Humana WWW.ecologizar.com.br ecologizar@gmail.com

*Fotos de Maurício Andrés e de arquivo

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terça-feira, 17 de junho de 2014


UM CHÁ DE PANELA QUE VIROU NOIVADO

Há alguns meses atrás, recebi um telefonema de Alice, minha neta, que mora no Rio de Janeiro.
“- Vó, vou a Belo Horizonte e chegarei até o Retiro das Pedras para lhe apresentar meu namorado, Paulo. Ele é carioca, mas de família mineira, você vai gostar dele.
A avó dele era uma antiga colega e amiga, Leda Selmi Dei Gontijo, também artista plástica. Foi um encontro muito simples, mas muito agradável.
Recentemente recebo outro telefonema de Alice:
“-Vó, queria que você fizesse uns desenhos para um chá de panela, vai ser um almoço na casa da mãe do Paulo, lá em Cosme Velho. Festa simples, só da família.”
Fiquei pensando em como poderia atender à Alice, com este pedido tão gentil. Comprei cartões e comecei os desenhos, uma mistura de abstrato com figurativo, inspirado nas prateleiras da minha cozinha. Depois era só enviá-los via internet... Como as coisas são rápidas hoje em dia, é só scanear e enviar!
A festa foi protegida pelos guias espirituais que comandam a temperatura e as chuvas do Rio. Foram 3 dias maravilhosos, a gente podia passear na praia e colocar os pés no mar...
Depois, aprontar roupas de festa, sapatos confortáveis e subir o morro de acordo com a idade de cada convidado: ou pela escada ou por um trenzinho de 3 lugares que, devagarinho , nos conduzia até o primeiro patamar – e as primeiras salas, com quadros de grandes pintores do modernismo brasileiro. À entrada ganhamos um cartão com os meus desenhos, onde teríamos que acrescentar uma mensagem. Depois amarrávamos cada cartão numa árvore da felicidade, como nas celebrações budistas.
Leda, a avó veio me receber com o entusiasmo e a simpatia de sempre.
A festa transcorreu no terceiro patamar, depois de subirmos mais 2 lances de escada: mesinhas decoradas com flores, o chão com tapetes pintados no cimento, flores também nos jardins. A arquitetura lembra as mansões toscanas, com paredes cor de terra e varandas. A família Selmi Dei é de origem italiana e D. Leda já avisou que vai comemorar seus 100 anos lá na cidade de Luca, norte da Itália, onde nasceu seu pai.
Mas voltemos à festa, ao ar livre, com mesas preparadas para um almoço às 4 horas da tarde!
A beleza da tarde abençoava o casal de namorados.  A noite descia devagarinho, as luzes se acenderam e, no topo da escada, como num cenário de teatro, apareceram os dois jovens, homenageados pelas duas famílias, ambas ligadas por um parentesco natural de origem mineira e um parentesco espiritual de origem artística. A mãe de Paulo é também artista e soube construir uma casa com toques de grande criatividade.
A música tocava e um grupo se reuniu para saudar o casal.
“-Queremos o pedido, queremos o pedido...”
Foi quando Paulo, tomando a iniciativa, apresentou uma performance: ajoelhou-se aos pés de Alice e a pediu em casamento.
Nesta hora, os diversos celulares piscavam feito vagalumes e, um noivado totalmente diferente aconteceu sob a luz das estrelas.
Lá embaixo, amarrados numa árvore, meus desenhos, reproduzidos em cartões, acenavam votos de felicidades para o jovem casal.

*Fotos de Maurício Andrés e Maria Helena Andrés


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domingo, 1 de junho de 2014


VIVÊNCIA E ARTE I

O Livro “Vivência e Arte”, editado pela Agir e já esgotado, é um livro que até hoje continua sendo uma referência para vários artistas. Foi escrito numa fase de minha pintura construtivista, mas alcança em seu contexto a arte conceitual. Na época contei com a colaboração de minha cunhada Lourdes Resende, recentemente falecida. As próximas postagens, extraídas de “Vivência e Arte”, constituem uma homenagem à Lourdes, irmã do Luiz e muito minha amiga.
Alceu Amoroso Lima, grande pensador católico, dedicou no prefácio do livro palavras incentivadoras, que transcrevo abaixo:

         “Este pequeno e modesto volume é um admirável solucionador de equívocos. Não conheço, em nossa língua, melhor introdução à arte moderna, com a dupla autoridade de quem meditou profundamente e sem preconceitos sobre o próprio fenômeno estético, e pratica uma arte, a pintura, com uma vocação e uma originalidade absolutamente incontestáveis.
         O mal-entendido entre a arte moderna e o grande público é muito anterior à ruptura que, em 1914, a Primeira Grande Guerra criou entre o século XX e o século XIX. Já sem remontar à "batalha de Hernani", na literatura ou às telas de Delacroix, na pintura, com o advento do Romantismo, foi com o Simbolismo em literatura e com o Impressionismo em pintura ou música que começou o mal-entendido. Tudo se agravou, porém, de modo precipitado depois que as várias correntes do pré-modernismo ou do próprio modernismo, especialmente a partir de 1904, se anteciparam ao dinamismo revolucionário do novo século. A arte precedeu e como que anunciou os acontecimentos, confirmando o paradoxo de Oscar Wilde, de que a natureza imita a arte. Os novos artistas e os novos críticos começaram a compreender que a interpretação que os renascentistas, e acima de tudo os "acadêmicos", que dominaram o século XIX, haviam dado à estética de Aristóteles, era errada. Quando o Estagirita definiu a arte como "imitação da natureza" não queria dizer que a arte era uma cópia das formas naturais, e sim que imita o modo de criar da natureza. Ora, a natureza não copia modelo algum. Quando muito poderíamos dizer que a estética de Platão imporia à arte a imitação de formas ideais. E nesse sentido o renascentismo, e seu reflexo sem talento, o academicismo, são muito mais platônicos que aristotélicos. Mas o realismo aristotélico ou escolástico é o fundamento filosófico da liberdade estética. E Maritain o demonstrou cabalmente.
         Essa liberdade é que está na base da arte moderna e é o grande motivo do famoso equívoco entre o público e os artistas. Ou entre artistas "acadêmicos" e artistas "modernos". Bem sei que no fundo o equívoco ou o mal-entendido está entre artistas com talento criador ou sem talento. E entre o público que considera a arte simples passatempo e o que toma a sério o fenômeno artístico.
         A autora desta pequena e lucidíssima introdução à arte em geral, à arte moderna em particular e à arte religiosa, compreendeu admiravelmente o problema e o coloca em termos tão simples, tão honestos, tão accessíveis e sensatos, que custa a crer que haja quem resista às suas razões.
         É precisamente essa ausência total do complexo de superioridade ou de inferioridade, que dá tanto calor a esta introdução à estética. Não tem nenhum complexo de superioridade, como acontece muitas vezes com os livros dos modernos críticos de arte, tratando o público de cima de suas tamancas, como sendo um rebanho de ignorantes e de retardatários. O complexo de inferioridade, que considero pior que o outro, se coloca por sua vez na posição do falso publicano, que no fundo se gaba de sua humildade, dizendo que não entende os modernos, mas deve ser porque não está à altura etc.
         A autora destas considerações não assume nem uma nem outra atitude. Apresenta-se com a simplicidade de quem sofreu muito para chegar às conclusões a que chegou, e por isso mesmo as exibe sem nenhuma pretensão de querer converter ninguém. Quem quiser que se converta a si mesmo ou se convença do bem fundado delas e depois passe a aplicá-las, na prática, não confundindo preferências pessoais com uma compreensão objetiva das formas infinitas com que os artistas – que por natureza palmilham os caminhos dos possíveis e não dos já trilhados ou impostos pela arrogância dos dogmatizadores de regras disciplinares – exprimem a sua capacidade de criação.
         A autora não pretende ser pedagoga e muito menos palmatória do mundo. Como provavelmente passou pelos mesmos transes de ser chocada pela arbitrariedade e multiplicidade das formas estéticas e pelas deformações das formas naturais e pela ausência de critérios de perfeição ideal, sabe perfeitamente que ninguém se converte senão por si mesmo. Se isto é verdade até em religião, onde a graça indispensável não tem nome nem forma nem palavra que a exprima, quanto mais em arte, quando a vocação é que desempenha o papel da Graça e o trabalho, o métier, a técnica, o da Natureza.
         A autora, além disso, não se limita a doutrinar sobre arte ou a repetir o que aprendeu nos livros dos filósofos da matéria. É ela própria uma artista, uma grande pintora. Uma criadora de formas novas, com um extraordinário talento e uma originalidade não procurada mas espontânea. E tudo isso à custa de muito trabalho, de muito "sangue, suor e lágrimas", dessas que os verdadeiros artistas, da palavra, do som, da matéria, do movimento, do que quer que seja, escondem ou por vezes não escondem na obra feita ou no silêncio dos seus ateliers.
         Sente-se, nas entrelinhas deste pequeno breviário de estética, especialmente pictural – com uma síntese histórica da evolução da pintura moderna, muito instrutiva – o enorme trabalho interior de raízes, para se chegar a esta pequena árvore tão fresca, tão simples, tão copada, que dá uma sombra tão repousante e luminosa ao leitor de boa vontade.
         Nem por isto deixa de condenar o mau gosto, como sendo o grande inimigo da verdadeira arte. Justamente por ter a arte moderna reivindicado, para o artista, os direitos da liberdade, é que o problema da honestidade ou da desonestidade em arte, do bom e do mau gosto, tanto dos artistas como do público em geral, é hoje muito mais importante do que quando a arte obedecia a certos modelos e disciplinas compendiadas e ensinadas. "A fotografia libertou a pintura", disse Jean Cocteau numa frase célebre. Mas também soltou os cabotinos. Contra os quais então o mau gosto reage em nome da sinceridade... Em matéria de arte religiosa então é que o mal-entendido se tornou mais grave. E a autora sai da sua mansidão habitual para escrever coisas incisivas e indispensáveis como esta: "A Igreja passou a ser a depositária deste mau gosto público. E a ornar os seus altares com o que de pior pode haver em matéria de arte. Não se pode mesmo dar o nome de arte a esses santos de bazar, porque neles não se vê a menor preocupação de estilo. Nem ao menos de acadêmica poderia ser chamada esta pseudo-arte das igrejas". Perfeito.
         Não quero, porém, nem poderia de modo algum, substituir-me à autora, com sua tríplice autoridade – de pintora, de conhecedora teórica do fenômeno estético e de escritora, tão simples, tão natural, tão sem pretensão. E last... tão profundamente espiritual.
         Não será esse último aspecto o mais íntimo segredo destas páginas, que recomendo vivamente aos que querem compreender? Porque aos que não querem, nem Deus convence...” (Alceu Amoroso Lima, 1965)

Fotos de arquivo e da internet


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