O texto abaixo foi escrito por
minha amiga Célia Laborne, quando o livro "Oriente- Ocidente, integração
de Culturas" foi editado. Célia foi minha colega na primeira turma da
Escola Guignard, mas se dedicou mais ao jornalismo. Célia é, além de
jornalista, escritora e poeta, atualmente muito reconhecida em Portugal. Ela
tem há muitos anos, um blog na internet, "Vida em Plenitude", que
pode ser acessado através desta minha página.
“Oriente e Ocidente são duas metades que se juntam e
se integram, hoje de forma maior e mais participada. Porém essa integração
começou há muitos séculos atrás, segundo os registros culturais e artísticos de
vários pesquisadores. Entre eles, a artista Maria Helena Andrés, que traduziu
suas pesquisas sobre o barroco, os hábitos e os costumes do oriente e ocidente,
especialmente representados pelo Brasil e a Índia, da forma mais viva e
perfeita , isto é, dentro de sua arte.
Viajando várias vezes para a Índia e Goa, Maria Helena estudou e
captou a semelhança nas estruturas básicas da cultura brasileira e indiana,
sobretudo. E dessa pesquisa nasceu um belíssimo livro onde há a amostragem
pictórica de tradições, de folclore, de música, de hábitos, etc, numa sucessão
de pranchas coloridas e artísticas. Verdadeiros painéis de integração Brasil-
Índia.
Maria Helena teve, na elaboração do livro, a ajuda
eficiente e valiosa de sua filha, também artista Eliana Andrés – também ela com
uma longa estada na Índia.
O livro, além da apresentação, é todo ele montado em
pranchas próprias para serem aproveitadas em belíssimos quadros. São trabalhos
feitos em momentos de inspirada e feliz criatividade da artista. Eles fazem um
paralelo, mostrando na parte superior do desenho a cena brasileira e no espaço
inferior uma equivalente cena indiana.
As pranchas começam mostrando os veleiros
portugueses que tomaram o caminho das Índias e das Américas e fizeram um
importante contato, por certo não o primeiro. Vêm em seguida, cenas típicas,
festas folclóricas, o Boi- Bumbá, os festejos do interior da Índia; as
procissões devocionais, com o povo aqui levando imagens cristãs e lá divindades
do hinduísmo.
Ou a Igrejinha do “Ó” com seu telhado chinês e os
profetas de Congonhas com turbantes orientais.
Também nova semelhança no artesanato. O trabalho dos
cesteiros como uma grande mandala no centro da prancha, mostra acima e abaixo o
povo diligente e criativo trabalhando ao ar livre. Ou ainda as cerâmicas de
forma muito parecida no artesanato popular.
E o livro é, assim, todo ele um desdobramento de
colorido, sensibilidade e, sobretudo,
profunda pesquisa do que se cultiva, se cria, se crê e se cultua em nossa terra
e na longínqua Índia.
Cada prancha é toda uma história, um aprendizado,
uma beleza nova, valorizada pela explosão do colorido que, nas duas terras, é
intenso e vive, além do desenho preciso de uma artista tarimbada e consagrada.
Maria Helena não se esqueceu de observar também a música, o ritmo, os tambores
e as toadas populares que soam familiares, segundo ela, aos ouvidos
brasileiros.
O livro é todo uma obra de arte e Maria Helena o
apresenta bem quando diz, logo no início:
“Sentindo as semelhanças existentes entre os povos e
os contrastes gerados pelas diversas culturas, observando como essas culturas
se comunicam , começamos a perceber que os seres humanos pertencem realmente a
uma só e única família. Há razões desconhecidas que promovem semelhanças entre
povos muitas vezes distantes, como a Índia e o Brasil. As terras parecem irmãs.
Quando estivemos no vale do Jequitinhonha, em Minas Gerais, pudemos sentir, a
cada instante, um elo ligando as duas culturas, na dança, na música, nos
desafios cantados, no artesanato, na organização familiar e nas festas
populares
“Maria Helena Andrés é uma artista do presente, isto
é, faz de sua arte integração e compreensão entre os povos, ela ensina unidade
e fraternidade através de sua forma de expressão: a pintura e o desenho, e faz
isso sem qualquer preocupação de vaidade, personalismo ou visão comercial.”
(Célia Laborne Tavares, Estado de Minas, 22/12/1984)
*Fotos de arquivo
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