segunda-feira, 1 de setembro de 2014

ECOLOGIZAR O BANCO DO BRICS

Aconteceu recentemente um encontro dos BRICS em Fortaleza, ocasião em que foi criado o Banco de Desenvolvimento do BRICS. Recebi de Maurício Andrés Ribeiro o texto abaixo sobre a necessidade de se ecologizar a economia.

“Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul  constituem o BRICS, o grupo dos cinco maiores países emergentes. Juntos,  esses cinco países têm 40% da população mundial e cobrem 23% das terras do planeta.
Em julho de 2014, eles se reuniram em Fortaleza e decidiram criar o banco de desenvolvimento do BRICS, um projeto unificador entre esses cinco países.
Bancos de desenvolvimento direcionam recursos para investimentos e canalizam fluxos de capital para os projetos aprovados.Assim, o Banco Mundial, o Banco Interamericano de Desenvolvimento e o BNDES, entre outros concederam crédito para projetos necessários. Entretanto, foram alvo de críticas por parte de organizações da sociedade, por terem financiado projetos social eambientalmente  questionáveis.
Os Princípios do Equador, propostos em 2003 pela Corporação Financeira Internacional (IFC), vinculada ao Banco Mundial, estabeleceram diretrizes sociais e ambientais para as instituições bancárias. Naquele mesmo ano, a Declaração de Collevecchio, apoiada por organizações da sociedade civil, ressaltou a importância das instituições financeiras assumirem compromissos com  a prevenção de impactos das atividades que financiam, com a transparência das informações, com a prestação de contas à sociedade. Ressaltou-se a necessidade de se repensar a missão dos bancos e a urgência de que eles renunciem a oportunidades de negócios que sejam social ou ambientalmente destrutivas.
Bancos de desenvolvimento precisam ter  missão, mandato e orientação políticaclaramente definidos pelas sociedades que os instituíram.
A espécie humana já domesticou animais e usou sua força. Já domesticou vegetais e se alimentou com eles. Já canalizou a força das águas para produzir energia, para matar sua sede e irrigar as plantações.  Colocou a seu serviço  as energias de todo tipo, fósseis e renováveis.No contexto da crise ecológica e climática planetária, é um desafio ecologizar o capital, pois,  caso seja  deixado livre e sem regulação, sua força, como a das águas, pode ser destrutiva. É preciso colocar a força do capital  a  serviço do bem estar humano e da saúde ambiental.
Assim, por exemplo, o banco do BRICS poderia inovar na utilização de indicadores de sustentabilidade para orientar suas operações e direcionar suas ações no sentido de reduzir injustiças equalizando as pegadas ecológicas per capita dos habitantes dos países que o criaram.
O banco do BRICS poderia atuar como um laboratório para experimentar esse modo de lidar com o capital,realizando suas operações de crédito de forma sintonizada com uma visão ecologizada. Ele  opera com 50 bilhões de dólares,  recursos modestos se comparados com os trilhões de dólares do capital circulante no mundo.  Entretanto,essa poderia ser uma  oportunidade para testar um novo modo de relacionamento com o capital. Sendo exitoso, poderia servir como exemplo e referência para regular os fluxos de capitais, colocando-os a serviço do bem estar e da saúde humana e ambiental.”
( Maurício Andrés Ribeiro, autor dos livros Ecologizar, Tesouros da Índia e Meio Ambiente &Evolução Humana. www.ecologizar.com.br e ecologizar@gmail.com)

*Fotos de arquivo

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