Há alguns meses atrás, recebi um telefonema de
Alice, minha neta, que mora no Rio de Janeiro.
“- Vó, vou a Belo Horizonte e chegarei até o Retiro
das Pedras para lhe apresentar meu namorado, Paulo. Ele é carioca, mas de
família mineira, você vai gostar dele.
A avó dele era uma antiga colega e amiga, Leda Selmi
Dei Gontijo, também artista plástica. Foi um encontro muito simples, mas muito
agradável.
Recentemente recebo outro telefonema de Alice:
“-Vó, queria que você fizesse uns desenhos para um
chá de panela, vai ser um almoço na casa da mãe do Paulo, lá em Cosme Velho.
Festa simples, só da família.”
Fiquei pensando em como poderia atender à Alice, com
este pedido tão gentil. Comprei cartões e comecei os desenhos, uma mistura de
abstrato com figurativo, inspirado nas prateleiras da minha cozinha. Depois era
só enviá-los via internet... Como as coisas são rápidas hoje em dia, é só
scanear e enviar!
A festa foi protegida pelos guias espirituais que
comandam a temperatura e as chuvas do Rio. Foram 3 dias maravilhosos, a gente
podia passear na praia e colocar os pés no mar...
Depois, aprontar roupas de festa, sapatos
confortáveis e subir o morro de acordo com a idade de cada convidado: ou pela
escada ou por um trenzinho de 3 lugares que, devagarinho , nos conduzia até o
primeiro patamar – e as primeiras salas, com quadros de grandes pintores do
modernismo brasileiro. À entrada ganhamos um cartão com os meus desenhos, onde
teríamos que acrescentar uma mensagem. Depois amarrávamos cada cartão numa
árvore da felicidade, como nas celebrações budistas.
Leda, a avó veio me receber com o entusiasmo e a simpatia
de sempre.
A festa transcorreu no terceiro patamar, depois de
subirmos mais 2 lances de escada: mesinhas decoradas com flores, o chão com
tapetes pintados no cimento, flores também nos jardins. A arquitetura lembra as
mansões toscanas, com paredes cor de terra e varandas. A família Selmi Dei é de
origem italiana e D. Leda já avisou que vai comemorar seus 100 anos lá na
cidade de Luca, norte da Itália, onde nasceu seu pai.
Mas voltemos à festa, ao ar livre, com mesas
preparadas para um almoço às 4 horas da tarde!
A beleza da tarde abençoava o casal de
namorados. A noite descia devagarinho,
as luzes se acenderam e, no topo da escada, como num cenário de teatro,
apareceram os dois jovens, homenageados pelas duas famílias, ambas ligadas por
um parentesco natural de origem mineira e um parentesco espiritual de origem
artística. A mãe de Paulo é também artista e soube construir uma casa com
toques de grande criatividade.
A música tocava e um grupo se reuniu para saudar o
casal.
“-Queremos o pedido, queremos o pedido...”
Foi quando Paulo, tomando a iniciativa, apresentou
uma performance: ajoelhou-se aos pés de Alice e a pediu em casamento.
Nesta hora, os diversos celulares piscavam feito
vagalumes e, um noivado totalmente diferente aconteceu sob a luz das estrelas.
Lá embaixo, amarrados numa árvore, meus desenhos,
reproduzidos em cartões, acenavam votos de felicidades para o jovem casal.
*Fotos de Maurício Andrés e Maria Helena Andrés
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