Recebi de Maurício e Aparecida Andrés o texto de um livro sobre a água, dirigido a crianças e jovens. Fiz uma série de ilustrações. Trechos deste livro irão compor as próximas postagens.
Venha pra perto de mim
escutar a minha
história.
Vou lhe dizer quem eu sou,
contar-lhe minhas viagens
pelo universo e na Terra.
E também vou lhe mostrar
minha presença na vida
dos bichos, plantas e gentes.
Tente com a imaginação
colocar-se em meu lugar.
Que aventuras vai viver,
que surpresas vai achar!
Tenho a idade do universo.
Viajo pelas galáxias,
entre a poeira do cosmos.
Não fico igual,
sou mutante!
Se faz frio ou faz
calor,
posso virar um cristal,
gotas líquidas
ou vapor.
Cruzo as órbitas de sóis,
de planetas e de estrelas:
a força deles me atrai.
Cometas riscam o céu:
feitos de rocha e metal,
poeira e cristais de gelo,
ao passar perto do sol,
absorvem seu calor.
O calor sublima o gelo,
que derrete e vira água;
misturada à poeira,
torna-se cauda comprida,
que a gente pode enxergar
passeando lá no céu.
No local em que apareço,
pode ser sinal de vida,
mesmo que seja em um planeta
situado muito longe!
Durante milhões de anos,
tive a forma de vapor.
Sou capaz de evaporar,
de mesclar-me aos
gases quentes.
Quando a Terra resfriou,
milhões de anos atrás,
condensando, me tornei
a massa líquida dos oceanos.
Transformei-me em chuva forte
que caiu por muito tempo.
Como todos nós sabemos,
ao cair e escorrer
no chão, nos morros, nas rochas,
“água mole em pedra dura,
tanto bate até que fura!”
Tirei terra das montanhas,
e fui levando pra baixo,
provocando erosão,
juntando a terra nos vales.
Foi se formando o relevo
e a superfície da Terra,
das bacias hidrográficas
com suas belas cachoeiras,
rios, várzeas, corredeiras,
lagos, brejos e oceanos.
Os mares e os oceanos
são como pontos de encontro:
para lá correm as águas
que vêm das chuvas,
das nascentes,
dos córregos, dos rios.
Ali também brota a vida:
cavalos-marinhos, camarões ,
baleias e tubarões,
polvos, peixes coloridos.
E os navios pirata,
que naufragaram um dia,
viram casas submersas
para os bichos aquáticos.
Ali pode haver
tesouros.
Em minhas correntes,
frias e quentes,
já flutuaram garrafas
contendo mensagens de amor,
ou com mensagens de náufragos,
loucos pra serem encontrados.
Se me aqueço além da conta,
ganho muito mais volume.
Provoco cheias nos mares,
nos oceanos da terra,
inundo as áreas costeiras.
As chuvas se intensificam,
se transformam em temporais,
e mais uma vez, as enchentes,
os ciclones tropicais,
as encostas que deslizam,
as barragens que se
rompem,
são tragédias esperadas.
*Ilustrações de Maria Helena Andrés
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