segunda-feira, 23 de julho de 2018

PINTURA MODERNA XIII



       As obras de arte que não são autênticas desaparecem com o correr dos anos. Às vezes, por equívocos de seus contemporâneos, conseguem impor-se e mesmo ganhar sucesso perante o público e a crítica. Podem ser laureadas e até pertencer a museus. Mas não resistem ao tempo que passa e lhes desnuda a fragilidade. 

         Assim, mais tarde, submetidas ao julgamento das gerações que se sucedem, o verdadeiro lugar lhes é concedido.

         Modigliani terminou seus dias pobre e doente, Van Gogh não conseguiu vender um único quadro e Cezanne não conheceu em vida a glória que por direito mereceu mais tarde. Tiveram apenas, a seu favor, a autenticidade de sua arte e a força do seu gênio criador.

         São estes, e muitos outros, os exemplos que o artista não deve esquecer. E as palavras de Kandinsky, um dos inovadores da pintura abstrata, confirmam: "Não se pode qualificar de bem pintado o quadro de valores exatos; estes inevitáveis valores de que falam os franceses, ou o quadro dividido quase cientificamente em quente e frio; mas sim aquele que possui uma vida interior total."

         A crise espiritual do mundo moderno, a valorização da matéria sobre o espírito, não impedem o artista de procurar sempre o fundamento de sua arte, no seu mundo interior. E o fato de viver submetido à mecanização do século XXI não o impede de continuar a se manifestar também de um modo individual, acrescentando o seu impulso interior às experiências mais modernas e avançadas da pintura.

         Não existe ainda o recuo do tempo para se afirmar qual a maior contribuição que foi dada à arte moderna.

         E a evolução da arte vai se constituindo de heranças sucessivas, neste eterno caminhar em busca da beleza. (Trecho do meu livro “Vivência e Arte”, editora Agir, 1966)

*Fotos da internet

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