quinta-feira, 19 de julho de 2018

PINTURA MODERNA XII


"As comunicações modernas, velozes como a luz, reduziram a quase zero o tempo entre as ações dos homens e suas consequências. Um tiro disparado em Berlim pode fazer explodir o mundo em poucos minutos. Um equilibrista pode tombar do arame num circo de Moscou e sua morte ser vista em Londres ou Nova Iorque." (Morris West)

         Também na arte, o tempo e a distância se reduzem e uma obra consagrada nas Bienais de Veneza, São Paulo ou Paris pode ser imediatamente conhecida, valorizada e criticada pelo mundo inteiro.

         É por isso que a pintura de hoje é mais universal. Este contato com as ideias universais torna o artista moderno precocemente erudito. São revistas e livros com reproduções coloridas das obras dos grandes mestres, são conferências e exposições coletivas. O artista traz realmente, dentro de si, um museu imaginário.

         No Brasil, a Bienal de São Paulo veio trazer a milhares de brasileiros a possibilidade de conhecer de perto os grandes nomes da pintura mundial. Obras até então desconhecidas ou conhecidas por informação, puderam ser admiradas no original, confrontadas e estudadas em seus mínimos detalhes. Novas técnicas começaram a ser usadas e a experiência européia foi também introduzida em nossa terra.

         A história da arte moderna continua e continuará a ser soma de experiências. As correntes se sucedem e se destroem, mas, mesmo se destruindo, completam-se.
         Essas correntes surgem espontâneas, como uma inevitável continuidade de todo trabalho criador. E também, naturalmente, perdem a sua razão de ser quando a sinceridade das primeiras descobertas dão lugar à fórmula e à repetição, sem originalidade, das idéias alheias.

         Não se pode impor, de fora, determinada forma de arte e exigir a cega adesão de todos os artistas. Não são as correntes que fazem o artista, mas sim a autenticidade com que ele se expressa. Quando surge uma nova idéia, as outras, ilusoriamente, parecem superadas.

         Esquece-se de que a fertilidade de imaginação do artista não conhece os limites vindos de fora; sua sede de criar e de se expressar independe de estar ou não ligado às últimas idéias da vanguarda. Às vezes, sua experiência o conduz a caminhos diferentes, que influem também na conquista de novas e sérias descobertas.

         Basta que ele tenha algo de novo a dizer dentro de determinada maneira, seja ela figurativa, abstrata, concreta, informal, etc. A arte é a mais evidente afirmação da liberdade humana e, por isto mesmo, é um desafio ao julgamento restrito de sua época. Ela se impõe, quando é autêntica, pela própria força desta autenticidade, mesmo que os contemporâneos não lhe dêem atenção. (Trecho do meu livro “Vivência e Arte”, editora Agir, 1966)

*Fotos da internet

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