"As
comunicações modernas, velozes como a luz, reduziram a quase zero o tempo entre
as ações dos homens e suas consequências. Um tiro disparado em Berlim pode
fazer explodir o mundo em poucos minutos. Um equilibrista pode tombar do arame
num circo de Moscou e sua morte ser vista em Londres ou Nova Iorque." (Morris
West)
Também na arte, o tempo e a distância
se reduzem e uma obra consagrada nas Bienais de Veneza, São Paulo ou Paris pode
ser imediatamente conhecida, valorizada e criticada pelo mundo inteiro.
É por isso que a pintura de hoje é mais
universal. Este contato com as ideias universais torna o artista moderno
precocemente erudito. São revistas e livros com reproduções coloridas das obras
dos grandes mestres, são conferências e exposições coletivas. O artista traz
realmente, dentro de si, um museu imaginário.
No Brasil, a Bienal de São Paulo veio
trazer a milhares de brasileiros a possibilidade de conhecer de perto os
grandes nomes da pintura mundial. Obras até então desconhecidas ou conhecidas
por informação, puderam ser admiradas no original, confrontadas e estudadas em
seus mínimos detalhes. Novas técnicas começaram a ser usadas e a experiência
européia foi também introduzida em nossa terra.
A história da arte moderna continua e
continuará a ser soma de experiências. As correntes se sucedem e se destroem,
mas, mesmo se destruindo, completam-se.
Essas correntes surgem espontâneas,
como uma inevitável continuidade de todo trabalho criador. E também,
naturalmente, perdem a sua razão de ser quando a sinceridade das primeiras
descobertas dão lugar à fórmula e à repetição, sem originalidade, das idéias
alheias.
Não se pode impor, de fora, determinada
forma de arte e exigir a cega adesão de todos os artistas. Não são as correntes
que fazem o artista, mas sim a autenticidade com que ele se expressa. Quando
surge uma nova idéia, as outras, ilusoriamente, parecem superadas.
Esquece-se de que a fertilidade de
imaginação do artista não conhece os limites vindos de fora; sua sede de criar
e de se expressar independe de estar ou não ligado às últimas idéias da
vanguarda. Às vezes, sua experiência o conduz a caminhos diferentes, que
influem também na conquista de novas e sérias descobertas.
Basta que ele tenha algo de novo a
dizer dentro de determinada maneira, seja ela figurativa, abstrata, concreta,
informal, etc. A arte é a mais evidente afirmação da liberdade humana e, por
isto mesmo, é um desafio ao julgamento restrito de sua época. Ela se impõe,
quando é autêntica, pela própria força desta autenticidade, mesmo que os
contemporâneos não lhe dêem atenção. (Trecho do meu livro “Vivência e Arte”,
editora Agir, 1966)
*Fotos
da internet
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