terça-feira, 2 de janeiro de 2018

INTERCÂMBIO FAMILIAR

Vivemos a época dos intercâmbios. Esta iniciativa, promovida pelas instituições, muitas vezes surge também espontaneamente, como uma necessidade interior.
Conhecer outros povos, outras raças, outras famílias, faz parte de um plano maior que visa a paz entre os países e a integração planetária.
É preciso conhecer pessoas nascidas em terras distantes e senti-las de perto como membros de uma só família.

Conheci Yenigul Dogan, há 4 anos, vinda de Istambul para se hospedar com Ivana. Por duas vezes ela passou o Natal conosco, aqui no Retiro das Pedras. Muito afetuosa com todos, ela me chama de mãe e ficou deslumbrada com a paisagem das montanhas. Esta é a quinta vez que ela vem a Belo Horizonte, sempre para rever amigos e fazer novas amizades.

Conheceu Ouro Preto, Sabará, a gruta de Maquiné  e Inhotim. Desta vez foi à Serra da Piedade, onde viu os painéis em azulejo de minha autoria, executados em 1997.

Yenigul viaja há 30 anos, pelos mais diversos países. Tendo trabalhado na Turkish Airlines, tem direito a passagens gratuitas, desde que haja assentos disponíveis. Há 4 anos conheceu a Argentina. Desta vez ela seguirá para o Peru e Colômbia. Na próxima viagem à América do Sul ela pretende conhecer o Chile e ir até a Patagônia. Mais que lugares, são as pessoas que movem esta jovem turca através de tantos países. Ela sempre vem a Belo Horizonte, pois encontrou na nossa família e na família do Luciano, uma outra família, que ela cultiva e vem visitar.

Transcrevo abaixo um trecho da viagem da Ivana à Istambul há 2 anos atrás.

“Em 1987 estive em Istambul com minha mãe e em 1995 com o Luciano. Visitando a Capadócia, eu e o Luciano fizemos uma grande amizade com uma moça turca chamada Yenigul. Nunca mais voltamos à Turquia apesar dela ter vindo ao Brasil 4 vezes. Ela trabalhava na Turkish Airlines e aposentou há poucos meses. Yenigul sempre teve passagens aéreas gratuitas quando há lugares desocupados mesmo em outras companhias aéreas. Agora ficamos sabendo exatamente como ela viaja: depois de pesquisar horários e destinos da Turkish Airlines, com apenas uma mala de mão vai para o aeroporto, paga as taxas de embarque e fica esperando o vôo encher de passageiros. Se há assentos vazios ela embarca. Em outras companhias aéreas parceiras da Turkish Airlines a Yenigul tem também este privilégio. É um exemplo de como conhecer seus poderes e exercitar sua liberdade.

Nas 2 primeiras vezes que esteve no Brasil, levou amigas, e ficaram em minha casa. Ela fez uma amizade muito especial com Ida, mãe do Luciano. Ida, com seu afeto e simpatia conquistou Yenigul, que passou a chamá-la de mãe. A comunicação entre elas transborda em abraços, olhares, beijos e pouquíssimas palavras.

Quando voltamos a Istambul em 2015, conhecemos a família da Yenigul, ou melhor, a irmã mais nova que mora em Istambul. Dona de casa e mãe de um casal de filhos, esbanja simpatia e carisma. Mora num bairro mais simples onde toda a família, vinda do interior, passou a infância. A sobrinha, adorável e extremamente afetuosa, trabalha num hotel e faz faculdade de turismo. Apenas ela fala inglês. O irmão mais novo, com uma expressão matreira fala um pouco o inglês. Yenigul cantou uma canção turca e me pediram para também cantar. Decidi pela canção folclórica brasileira "cintura fina” do nosso Gonzagão. A música substituiu com grandes vantagens a questão da falta de comunicação e alegrou mais ainda aquela turma risonha. De repente, Daram, o menino com carinha matreira se levantou e disse bem alto para mim:"I love you”. Que lindo! 

Mais tarde depois de um almoço delicioso comentamos sobre o Henrique, filho do Luciano. Expliquei a todos que ele não era filho meu, mas fruto de outro casamento. Novamente aconteceu o inesperado para nós brasileiros: a sobrinha da Yenigul se levantou e disse bem alto: aqui, nós dois seremos os seus filhos... Muito emocionante, puro afeto.

O pai deles é chefe de cozinha num restaurante próximo, meia hora de caminhada. De mãos dadas com meus "filhos turcos” fomos andando até o restaurante. Lá estava o pai um senhor de grossos bigodes e um olhar bom. É fácil ver que esta é uma família feliz.

Esta foi a Istambul vista de dentro, do coração das pessoas, das amizades cultivadas.
Por fora há a Istambul cosmopolita, dividida entre a Europa e a Ásia. No centro os principais pontos turísticos: Gran Bazar, Mesquita Azul e palácio Topkapi. Perto uns dos outros, conservadíssimos desde os idos de 1600, sem um vitral quebrado, um arranhão nas colunas ou paredes.

A Mesquita Azul é considerada a mais perfeita das mesquitas otomanas.

O Palácio do Topkapi foi residência dos sultões até o século XIX. Nele está guardada a maior parte dos objetos de valor dos sultões muçulmanos incluindo as relíquias sagradas.

O Gran Bazar coberto com tetos em arcos azuis e brancos, foi construído em 1660. Pode ser considerado uma pequena cidade coberta por centenas de cúpulas. Com 4000 tendas em seu interior é cruzado por ruas e praças internas e tem 18 portas de acesso.” (trecho de Diário de Viagem à Turquia e Jordânia, 2015)

*Fotos de Ivana Andrés e Yenigul Dogan

VISITE TAMBÉM MEU OUTRO BLOG “MEMÓRIAS E VIAGENS”, CUJO LINK ESTÁ NESTA PÁGINA.






Um comentário:

  1. Maria Helena, que satisfação abrir o seu blog e ler este seu texto. Conheci a Yenigul Dogan na casa da Ida Luppi na semana passada. Tive sorte porque encontrei também a Ivana e o Luciano. Realmente, a Yenigul é uma pessoa encantadora e gostei de saber sobre as viagens dela através de seu texto. Tivemos uma ótima conversa com Ivana me ajudando no inglês, recordando os lugares especiais da Turquia onde também estive em 98.
    Envio para você um grande abraço com toda a admiração e carinho.
    Maria Inês Castanha de Queiroz

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