Quando Alexandre nasceu, eu viajava pelo sul da
Índia com um pequeno grupo de brasileiros. Estava em Arunachala, junto à
montanha sagrada, reverenciada pelo aparecimento de uma grande luz em forma de
coluna de fogo. O local é um lugar de peregrinação e ali morou um dos maiores
mestres da Índia, Ramana Maharishi. Existe um mantra de grande poder de cura,
associado àquela montanha. Repetindo o mantra Arunachala Shiva Shiva, os fiéis
sobem cantando em reverência ao Deus Shiva.
Arunachala, situada em Tiruvanamalai, é considerada
uma das mais antigas formações rochosas do planeta.
Estávamos dentro de um carro, e, do banco de trás eu
podia ver a montanha se afastando. Propus a todos que cantássemos como
despedida o mantra Arunachala Shiva Shiva.
A montanha aos poucos se afastava e, quando me dei
conta, eu tinha substituído Arunachala por Alexandre. Alexandre Shiva Shiva,
Alexandre Shiva Shiva.
Tomei consciência da substituição das palavras e
exclamei com alegria: meu neto nasceu, Alexandre está nascendo...
Realmente, naquele momento, Alexandre estava
nascendo...
Este menino, filho de pais músicos, desde cedo se
dedicou à música. Desde criança seu brinquedo preferido era sempre um
instrumento musical e aos 12 anos se apresentou tocando Mozart para um grupo de
artistas e familiares. Sua sensibilidade para interpretar Mozart impressionou a
todos.
Com sua flauta ele conduzia o público a uma
transcendência que extrapolava o mundo material.
Aos 18 anos Alexandre tornou-se também compositor e
tem a disciplina necessária aos que se dedicam de corpo e alma ao seu ideal de
arte. Ele não permite dispersões inúteis. Levanta-se de madrugada, e, à luz das
estrelas vai compondo suas músicas. Elas brotam de uma intuição muito clara com
outros planos de consciência, onde as artes tem como objetivo principal a
transmutação de energias neste planeta tão cheio de violência.
Hoje, aos 26 anos, Alexandre é um músico reconhecido
internacionalmente e está fazendo também um intercâmbio com o oriente através
da música, tendo apresentado com sucesso o seu último CD Haru em Tóquio, Kioto
e outras cidades japonesas.
Assisti a apresentação deste CD em BH, na Fundação
de Educação Artística. Foi um admirável espetáculo de música, apresentado por
Alexandre Andrés e Rafael Martini. De onde eu me encontrava podia ver o palco e
os dois músicos com seus instrumentos. De um lado, Rafael com piano e teclado,
do outro Alexandre com 3 instrumentos: flauta, violão e a própria voz. Havia uma comunicação performática que envolvia os
músicos, o teatro e inclusive a plateia que também se tornava parte do evento. Os dois
músicos integravam seus sons que nos conduziam à terras distantes, mas também
próximas.
O Oriente e o Ocidente encontraram-se no palco e trouxeram a sua mensagem para todos nós que assistimos.
Integrando o evento “Verão Arte Contemporânea”, o
espetáculo “Haru” será apresentado em BH no CCBB, no dia 24 de janeiro, às 20
horas.
*Fotos da internet
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