segunda-feira, 27 de junho de 2016

EXPOSIÇÃO “QUASE UM MUSEU DE OBJETOS ESQUECIDOS”

“Todos os nossos guardados, nossas lembranças e recordações. Nosso passado, nosso presente e futuro. Tudo aflora e se abre diante de nossos olhos. Abrimos gavetas, reviramos caixas. Encontramos o elo perdido. Não são recordações. São memórias do presente, atuais.
Cada momento, cada minuto nos reserva uma surpresa, como a caixa de doces ou o vidro com licor. Podemos crescer ou diminuir. Como assim achar melhor.” (George Helt)

Com esta introdução penetramos na mostra de Thais Helt “Quase um museu de objetos esquecidos” exposta na AM Galeria de Arte em Belo Horizonte.

 Frequentei o atelier de Thais Helt durante algum tempo, quando ela dirigia a reconhecida Oficina 5. Thais abriu para os artistas a possibilidade de um contato direto com a litografia. Em sua oficina passaram os artistas mais conhecidos de Minas, para um encontro com a gravura. Um dos maiores frequentadores era Amilcar de Castro.

A Oficina 5 foi um marco na arte de Minas e um ponto de reunião de artistas.

Na mostra da AM está exposto de forma admirável todo um passado da artista, e colecionadora de memórias. São caixas de vidro feitas sob medida para guardar um cotidiano que muitas vezes é relegado ao lixo, como sucata.
O reaproveitamento de coisas que sobram neste tumultuado século XXI nos propõe momentos de reflexão.

O lixo, o supérfluo é o grande problema da nossa sociedade de consumo, feita para viver o momento e jogar fora o que sobrou. O reaproveitamento do que ficou para trás tem sido fonte de inspiração para alguns de nossos melhores artistas, tais como Farnese Andrade, meu colega da Guignard, Vic Muniz, Celso Renato e muitos outros. Nas páginas de Lygia Clark, ela falava de sua peregrinação pelas ruas de Paris à cata de coisas jogadas fora, para depois reorganizá-las de forma artística.

Há uma linha de conduta que une esses artistas, todos eles tirando sua fonte inspiradora daquilo que muitas vezes é desprezado.

Com grande criatividade e sabedoria, eles sabem transformar o lixo em obra de arte.
A exposição de Thais nos ensina a olhar com mais atenção para as pequenas coisas do cotidiano, muitas vezes relegadas ao completo esquecimento.

A tônica é transformar, reorganizar o caos e fazer surgir um objeto novo, com toda a dignidade de um momento de luz.

Thais teve um itinerário silencioso, paciente. Foi coletando coisas em vários baús, já sabendo que um dia elas se transformariam em arte. O conjunto de obras nos mostra o paciente e tranquilo olhar da artista para as coisas do seu cotidiano, objetos que remetem a memórias do passado.

Parabéns à Thais e aos artistas que se dedicam a transformar as coisas comuns em arte.

*Fotos de Eliana Andrés e de arquivo


VISITE MEU OUTRO BLOG “MEMÓRIAS E VIAGENS”, CUJO LINK ESTÁ NESTA PÁGINA

Nenhum comentário:

Postar um comentário