terça-feira, 15 de março de 2016

A ARTE COMO UM CAMINHO IV


O século XX, com sua dinâmica de transformações, levou artistas e críticos a protestar contra os erros e injustiças da sociedade industrial, contra as guerras e o consumismo. As propostas de Marcel Duchamp no princípio do século inspiraram os  happenings, as instalações, as performances e a Arte Conceitual. Andy Warhol enfatizou  os objetos do cotidiano, dando origem a experiências que se repetiram nos anos 1990.
As artes, quebrando os limites da dualidade, começaram a caminhar no sentido de maior integração. As artes plásticas ligaram-se ao teatro, à dança e à música, aliaram-se à educação e à terapia, libertaram a alegria de viver. Consciente ou inconscientemente, os artistas quebraram condicionamentos, romperam estruturas arcaicas, procurando viver a intensidade do momento presente e trazer à tona a beleza do dia a dia.

No final do milênio, a arte buscou a sua desmaterialização. Artistas plásticos e fotógrafos, usando a tecnologia como meio, ampliaram suas possibilidades criativas com o auxílio de computadores e vídeos. A arte virtual foi também uma conquista do século.

No decorrer do século XX, a arte-educação e a arte-terapia ampliaram seu campo de ação para as favelas, asilos, presídios e empresas. A energia da criatividade passou a ser usada como meio de libertação psicológica, como catarse e registro do inconsciente, despertando e realizando sua missão de paz, num mundo conturbado por violência e guerras. Grupos holísticos usaram o teatro, a dança, a música e as artes plásticas para  quebrar a dualidade entre os seres humanos e despertá-los para um novo comportamento, mais consciente e solidário.

A visão do mundo como um todo começou a se manifestar por meio da criação artística. Artistas ocidentais resgataram símbolos de antigas civilizações. A previsão de Jean Cassou, um grande crítico de arte europeu, de que a arte seria, na segunda metade do século, qualquer coisa inteiramente diferente do que pôde ser para o homem nas diversas etapas da história está se concretizando. Estamos realmente assistindo a um grande trabalho de recriação do ser humano por meio do seu potencial criador, a um processo de transformação que engloba o mundo todo em seu contexto, como se o Grande Artista modelasse novamente o novo Adão.
No século XXI, a arte, transcendendo o caos, redescobrirá o caminho do cosmo. 
(Trecho do livro “Os Caminhos da Arte”, editora C/ARTE, 2015)

*Fotos de arquivo e da internet

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