segunda-feira, 7 de março de 2016

A ARTE COMO UM CAMINHO III

A revolta dos artistas modernos iniciada na França em fins do século XIX foi a tomada de consciência da crise de autenticidade na arte. A arte moderna, com todos os seus ismos e correntes estéticas, trouxe em sua essência o não conformismo.

A história da arte moderna é a história da libertação da criatividade, escondida e bloqueada pelas convenções.

De modo geral, podemos sentir, nas correntes artísticas que se estenderam pelo mundo desde o século XIX, uma inquietação constante, que trouxe em seu contexto a desmassificação e a abertura espiritual. Se algumas correntes artísticas denunciaram a sociedade e a violência, outras propuseram a busca interior, revolvendo as camadas do inconsciente. 
O Expressionismo, dando livre curso às emoções, desligou-se completamente do sentido de beleza tradicional, para fazer pulsar de forma direta o mundo subterrâneo de emoções e sentimentos. A pintura torturada de Van Gogh, as deformações de Soutine e Kirchner dão ênfase ao sentimento do artista. O Dadaísmo foi um movimento de contestação e quebra de condicionamentos, que propunha uma atitude de questionamento da sociedade, das guerras, da razão e do próprio conceito de arte. Enfatizou pela primeira vez a ideia de antiarte, isto é, a negação da estética tradicional imposta por uma elite intelectual. 
O ready-made, criado por Marcel Duchamp, tornou-se o símbolo da antiarte. Duchamp, ao explorar as contradições da arte tradicional, procurou dar um sentido simbólico aos objetos do uso cotidiano, até então desprovidos de qualquer conotação estética. O Surrealismo, influenciado pela psicanálise, investigou os sonhos e procurou interpretar e explorar os símbolos do inconsciente. Paul Klee, um dos pioneiros dessa corrente artística, inspirou-se na arte das crianças e dos loucos. Seus quadros trazem à tona a realidade do imaginário, do fantástico. O Abstracionismo intensificou o encontro do Oriente com o Ocidente. Um encontro de inspiração e de atitude diante da vida. 

Já em 1912, Wassili Kandinsky, nascido na Sibéria, criou o primeiro quadro abstrato, completamente desligado da realidade visível. Em seu livro  De lo Espiritual en el Arte, Kandinsky propõe aos artistas ultrapassar conceitos e fórmulas para alcançar, por meio da arte, a realidade espiritual do homem. A pintura de Kandinsky desprendeu-se por completo da terra como ponto de referência. Projetou-se no cosmo. 
O Suprematismo depurou a forma, elevando-a a um plano superior de contemplação estética. As esculturas de Brancusi e as telas de Mondrian comovem pela simplicidade e espiritualidade. Por meio do despojamento  dos elementos perceptíveis, os artistas não figurativos buscaram o significado do eterno. Malevitch tentou atingir a Realidade Suprema, a essência da forma. Seu último quadro,  Branco sobre Branco, é um despojamento completo do supérfluo. . (Trecho do livro “Os Caminhos da Arte”, editora C/ARTE, 2015)

*Fotos da internet

VISITE TAMBÉM MEU OUTRO BLOG “MEMÓRIAS E VIAGENS”, CUJO LINK ESTÁ NESTA PÁGINA



Nenhum comentário:

Postar um comentário