A revolta dos artistas modernos iniciada na França
em fins do século XIX foi a tomada de consciência da crise de autenticidade na
arte. A arte moderna, com todos os seus ismos e correntes estéticas, trouxe em
sua essência o não conformismo.
A história da arte moderna é a história da
libertação da criatividade, escondida e bloqueada pelas convenções.
De modo geral, podemos sentir, nas correntes
artísticas que se estenderam pelo mundo desde o século XIX, uma inquietação
constante, que trouxe em seu contexto a desmassificação e a abertura
espiritual. Se algumas correntes artísticas denunciaram a sociedade e a
violência, outras propuseram a busca interior, revolvendo as camadas do
inconsciente.
O Expressionismo, dando livre curso às emoções, desligou-se
completamente do sentido de beleza tradicional, para fazer pulsar de forma
direta o mundo subterrâneo de emoções e sentimentos. A pintura torturada de Van
Gogh, as deformações de Soutine e Kirchner dão ênfase ao sentimento do artista.
O Dadaísmo foi um movimento de contestação e quebra de condicionamentos, que
propunha uma atitude de questionamento da sociedade, das guerras, da razão e do
próprio conceito de arte. Enfatizou pela primeira vez a ideia de antiarte, isto
é, a negação da estética tradicional imposta por uma elite intelectual.
O
ready-made, criado por Marcel Duchamp, tornou-se o símbolo da antiarte.
Duchamp, ao explorar as contradições da arte tradicional, procurou dar um
sentido simbólico aos objetos do uso cotidiano, até então desprovidos de
qualquer conotação estética. O Surrealismo, influenciado pela psicanálise,
investigou os sonhos e procurou interpretar e explorar os símbolos do
inconsciente. Paul Klee, um dos pioneiros dessa corrente artística, inspirou-se
na arte das crianças e dos loucos. Seus quadros trazem à tona a realidade do
imaginário, do fantástico. O Abstracionismo intensificou o encontro do Oriente
com o Ocidente. Um encontro de inspiração e de atitude diante da vida.
Já em
1912, Wassili Kandinsky, nascido na Sibéria, criou o primeiro quadro abstrato, completamente
desligado da realidade visível. Em seu livro
De lo Espiritual en el Arte, Kandinsky propõe aos artistas ultrapassar
conceitos e fórmulas para alcançar, por meio da arte, a realidade espiritual do
homem. A pintura de Kandinsky desprendeu-se por completo da terra como ponto de
referência. Projetou-se no cosmo.
O Suprematismo depurou a forma, elevando-a a
um plano superior de contemplação estética. As esculturas de Brancusi e as
telas de Mondrian comovem pela simplicidade e espiritualidade. Por meio do
despojamento dos elementos perceptíveis,
os artistas não figurativos buscaram o significado do eterno. Malevitch tentou
atingir a Realidade Suprema, a essência da forma. Seu último quadro, Branco sobre Branco, é um despojamento
completo do supérfluo. . (Trecho do livro “Os Caminhos da Arte”, editora
C/ARTE, 2015)
*Fotos da internet
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