terça-feira, 1 de março de 2016

A ARTE COMO CAMINHO II

Acompanhando a evolução da arte ao longo da história, podemos ver a importância da espiritualidade estimulando a criação artística, desde as mais remotas civilizações.
A arte em sua origem foi magia, um auxílio mágico à dominação de um mundo inexplorado. A religião, a ciência e a arte eram combinadas, fundidas em uma forma primitiva de magia, na qual existiam em estado latente, em germe. Esse papel mágico da arte foi progressivamente cedendo lugar ao papel de clarificação das relações sociais, de iluminação dos homens em sociedades que se tornavam opacas, ao papel de ajudar o homem a reconhecer e transformar a realidade social.

 A arte vem se manifestando desde épocas primitivas como porta-voz da sociedade e linguagem transformadora do meio ambiente. Por meio de símbolos os homens se comunicaram, inventaram a escrita, transmitiram sentimentos. Testemunharam sua indagação diante do universo. Criaram objetos de culto, edificaram templos, esculpiram santos. Havia a necessidade de comunicar sentimentos de fé e de esperança num mundo melhor. Modelando a argila ou esculpindo a pedra, escolhendo cores e formas, o artista se enriquecia interiormente.

Procurando a ordem, o ritmo e a harmonia, ele se harmonizava também consigo mesmo, com a natureza e a sociedade, integrando-se ao seu meio.
Na antiga China, o artista só começava a pintar depois que se espiritualizava através de longos anos de meditação. Somente assim, poderia refletir em sua obra as realidades eternas. De acordo com a sabedoria egípcia, os quatro ângulos da pirâmide de Quéops simbolizam as quatro principais vias de aperfeiçoamento humano: arte, ciência, religião e filosofia. A arte, portanto, nas antigas civilizações, era um caminho espiritual, uma via de aperfeiçoamento.

Com o advento do Cristianismo no Ocidente, a arte apareceu como companheira inseparável do espírito cristão, desde as primeiras manifestações de arte pobre nas catacumbas até o apogeu da Idade Média e da Renascença.
Associou-se ao espírito do Barroco, penetrou na arte popular, enriquecendo e testemunhando o sentimento religioso de cada época.

Quando a arte se desligou dos valores espirituais para ser considerada elemento decorativo, quando se tornou um objeto de consumo da alta burguesia, houve uma quebra na unidade homem-artista. Já não havia a totalidade do homem refletida em sua obra, motivada por um sentimento espiritual. O artista, dissociando a ação do sentimento, conformava-se em reproduzir fórmulas clássicas ou renascentistas, embora elas já não representassem as aspirações de seu tempo. Criaram-se as academias de Belas Artes.

Contra esse tipo de arte, cuja finalidade era decorar salões, revoltaram-se os primeiros pintores modernos. Courbet, recusando a Cruz da Legião de Honra que lhe fora conferida, declara guerra à arte oficial acadêmica. Inspira-se, com vigoroso naturalismo, nos camponeses e trabalhadores. Recusa-se a aceitar moldes impostos, temas repetidos. O exemplo de Courbet motivou os impressionistas.

 Estes queriam trabalhar com autenticidade, protestando contra as imposições estéticas do Academismo. Voltaram-se para a natureza, trabalhando em plena luz solar. Buscavam captar o instantâneo. Não se preocupavam em criar quadros agradáveis à vista, mas obras sinceras. Libertaram cor, forma, composição e espaço tradicionais, procurando comunicar vivências momentâneas da realidade exterior. (trecho do livro “Os Caminhos da Arte”, editora C/ARTE, 2015)

*Fotos da internet

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