Acompanhando a evolução da arte ao longo da
história, podemos ver a importância da espiritualidade estimulando a criação
artística, desde as mais remotas civilizações.
A arte em sua origem foi magia, um auxílio mágico à
dominação de um mundo inexplorado. A religião, a ciência e a arte eram
combinadas, fundidas em uma forma primitiva de magia, na qual existiam em
estado latente, em germe. Esse papel mágico da arte foi progressivamente
cedendo lugar ao papel de clarificação das relações sociais, de iluminação dos
homens em sociedades que se tornavam opacas, ao papel de ajudar o homem a
reconhecer e transformar a realidade social.
A arte vem se
manifestando desde épocas primitivas como porta-voz da sociedade e linguagem
transformadora do meio ambiente. Por meio de símbolos os homens se comunicaram,
inventaram a escrita, transmitiram sentimentos. Testemunharam sua indagação
diante do universo. Criaram objetos de culto, edificaram templos, esculpiram
santos. Havia a necessidade de comunicar sentimentos de fé e de esperança num
mundo melhor. Modelando a argila ou esculpindo a pedra, escolhendo cores e
formas, o artista se enriquecia interiormente.
Procurando a ordem, o ritmo e a harmonia, ele se
harmonizava também consigo mesmo, com a natureza e a sociedade, integrando-se
ao seu meio.
Na antiga China, o artista só começava a pintar
depois que se espiritualizava através de longos anos de meditação. Somente
assim, poderia refletir em sua obra as realidades eternas. De acordo com a
sabedoria egípcia, os quatro ângulos da pirâmide de Quéops simbolizam as quatro
principais vias de aperfeiçoamento humano: arte, ciência, religião e filosofia.
A arte, portanto, nas antigas civilizações, era um caminho espiritual, uma via
de aperfeiçoamento.
Com o advento do Cristianismo no Ocidente, a arte
apareceu como companheira inseparável do espírito cristão, desde as primeiras
manifestações de arte pobre nas catacumbas até o apogeu da Idade Média e da
Renascença.
Associou-se ao espírito do Barroco, penetrou na arte
popular, enriquecendo e testemunhando o sentimento religioso de cada época.
Quando a arte se desligou dos valores espirituais
para ser considerada elemento decorativo, quando se tornou um objeto de consumo
da alta burguesia, houve uma quebra na unidade homem-artista. Já não havia a
totalidade do homem refletida em sua obra, motivada por um sentimento
espiritual. O artista, dissociando a ação do sentimento, conformava-se em
reproduzir fórmulas clássicas ou renascentistas, embora elas já não
representassem as aspirações de seu tempo. Criaram-se as academias de Belas
Artes.
Contra esse tipo de arte, cuja finalidade era
decorar salões, revoltaram-se os primeiros pintores modernos. Courbet, recusando
a Cruz da Legião de Honra que lhe fora conferida, declara guerra à arte oficial
acadêmica. Inspira-se, com vigoroso naturalismo, nos camponeses e
trabalhadores. Recusa-se a aceitar moldes impostos, temas repetidos. O exemplo
de Courbet motivou os impressionistas.
Estes queriam
trabalhar com autenticidade, protestando contra as imposições estéticas do
Academismo. Voltaram-se para a natureza, trabalhando em plena luz solar.
Buscavam captar o instantâneo. Não se preocupavam em criar quadros agradáveis à
vista, mas obras sinceras. Libertaram cor, forma, composição e espaço
tradicionais, procurando comunicar vivências momentâneas da realidade exterior.
(trecho do livro “Os Caminhos da Arte”, editora C/ARTE, 2015)
*Fotos da internet
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