segunda-feira, 1 de junho de 2020


O contexto da época era de intensa urbanização e industrialização; as poluições ambientais se avolumavam. Em 1972 acontecera a Conferência de Estocolmo sobre Ambiente Humano, o primeiro grande evento da ONU sobre o tema; o Clube de Roma publicara um livro de impacto sobre Os limites do crescimento. Em 1973 fora criado  o Pnuma- Programa das Nações Unidas sobre o Meio ambiente. No Brasil entre 1968 a 1974 vivia-se o chamado “milagre econômico”, com a construção de Itaipu e de Usina nuclear em Angra dos Reis.
Em Minas Gerais  criou-se em 1973 o  Centro de Conservação da Natureza; em 1975 houve a suspensão das atividades da fábrica Itaú, em Contagem pela prefeitura; em resposta houve a federalização da questão com o  Decreto lei n. 1403  que atribuía ao governo federal a competência exclusiva de suspender  atividade industrial. Em 1975 criou-se no governo Federal a Sema -Secretaria Especial do Meio Ambiente. 
Com José Israel Vargas, várias diretorias da FJP atuaram na questão do meio ambiente: a dimensão ambiental foi incluída em planos regionais para o Rio doce, o sul de Minas, o Noroeste entre outros; em planos urbanísticos municipais, com destaque para aqueles do circuito do Ouro e do circuito do Diamante; a Revista Fundação JP publicou muitos artigos sobre o tema.
A FJP foi uma incubadora de instituições na área ambiental que  floresceram no CETEC, na Secretaria de Ciência, Tecnologia e Meio Ambiente e no Copam, conselho de política ambiental implantado pioneiramente no Brasil; posteriormente oi criada a FEAM.
No século XII temas emergentes surgiram com força: em 2007 tornou-se mais visível a questão do clima quando foi publicado relatório do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas – IPCC. Nesse contexto o tema da água  emergiu com intensidade, por meio de eventos críticos como secas, inundações e estresse hídrico em muitas partes do mundo e do Brasil.
Avanços na consciência e no conhecimento se impõem: hidratar as  políticas públicas e reduzir a hidroalienação; resgatar o eco de ecodesenvolvimento que se perdeu com a adoção dominante do conceito de desenvolvimento sustentável. Ecologizar tudo, a economia, a cultura, a sociedade, o pensamento, se impõe, na perspectiva da ecologia integral. A escala temporal precisa ser alargada : de anos ou décadas, o horizonte de tempo com que se trabalha com o desenvolvimento,  é necessário  expandir esse horizonte  para centenas ou milhares de anos, articulando a história humana com a história natural ( algo que Yuval Harari faz em seus livros Sapiens e Homo Deus).  É necessário expandir uma visão desenvolvimentista para uma abordagem evolucionista.
Finalmente, a pandemia de 2020 torna evidente como nossa espécie é parte integrante da natureza e mostra como um microscópico vírus pode mudar em pouco tempo a vida humana. Dissolve-se a fantasia da separatividade e o equívoco de considerar que nossa espécie se descolou da natureza. Junto com o sofrimento, doenças e mortes que trouxe, a pandemia teve efeitos colaterais positivos: a despoluição do ambiente, do ar, da água; a volta dos animais a áreas de que tinham sido expulsos, a solidariedade de empresas para com os mais vulneráveis, a solidariedade entre países; a aceleração da aplicação de novas tecnologias da comunicação com escritórios em casa e videoconferências.  Quando a FJP me convidou para participar desse encontro, a ideia era que eu me deslocasse de Brasília para BH para participar de um evento presencial num auditório. Em apenas três meses isso mudou radicalmente e realizou-se uma live webinar, com pouco custo econômico e ecológico.
Transformar os efeitos colaterais positivos que foram adotados involuntariamente devido à pandemia  em práticas duradouras  é uma meta que se coloca diante de todos. Novas pandemias virão, eventos climáticos críticos se tornam mais frequentes e intensos e o  futuro demanda muito conhecimento científico e tecnológico, muita capacidade de gestão, um aprimoramento espiritual e novas atitudes de frugalidade, simplicidade voluntaria, austeridade feliz e valorização do conforto essencial.
Com a pandemia, um seminário que seria presencial tornou-se um evento virtual. A FJP se moderniza para responder ao novo tempo.
                                                                                                                
 Espero que a Fundação João Pinheiro, nos próximos 50 anos, se reinvente, inove com criatividade e inteligência. E que continue a prestar bons serviços a Minas Gerais!” (Maurício Andrés Ribeiro)
*Fotos de arquivo

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