Recebi de Teresa Rolim Andrés, professora com larga experiência em Pedagogia
Waldorf, o relato da Escola Arimatã, aberta na fazenda neste período de quarentena,
juntamente com seu marido Alberto Sica.
“Nestes dois meses que já estamos em casa, de quarentena, eu e o
Alberto, temos feito uma escolinha para os nossos sobrinhos. No começo para
eles, Antônia, Pedro, Rosa Maria e Olivia, mas logo se juntaram Catarina e
Francisco, filhos dos nossos vizinhos e amigos.
A ideia nasceu já na viagem vindo para a fazenda, onde estamos passando
grande parte da quarentena.
Nós, adultos, tínhamos apenas começando a trabalhar em BH. Cada um na escola do seu encontro. Depois de seis meses de experiências variadas, viagens, estávamos cheios de entusiasmo e energia para um ano letivo que logo foi interrompido. A escolinha com os sobrinhos na fazenda foi uma maneira de construirmos algo durante esta quarentena. Além de ter dado ritmo a nós e às crianças, alimento tão saudável neste período de tantas incertezas.
A escolinha logo foi batizada como Aramitã. Nome indígena de uma lenda que conta desde a criação do mundo até o surgimento de um novo povo, sem distinção de cor. Povo dourado, tradução literal. Povo do futuro. União e não divisão.
A placa foi preparada de surpresa pelas crianças e hoje recebe quem vem nos visitar na sala de aula improvisada em um galpão nos fundos da nossa casa. As paredes são de chita florida, os quadro negros se apoiam em pilastras e onde mais for possível, as vezes pendendo do alto, encostados nas paredes voantes de tecido.
Esta é a sala das crianças maiores.
O "Jardim" acontece dentro da nossa pequena casa onde criei um cantinho com almofadas para descansarmos, cantarmos e contarmos histórias.
Muitas coisas já aconteceram nestes dois meses de escolinha. Tivemos a visita dos primos Gabriel e Vitor, encontros com os pais e avós, fizemos uma pequena horta, com direito a preparado biodinâmico, e agora fomos presenteados com a chegada de duas novas primas que vieram também fazer a quarentena aqui. Cora e Cecília trouxeram a alegria e o movimento dos primeiros anos de vida aos nossos encontros diários. Os maiores construíram um caderno com os desenhos de forma que fizeram na primeira "época" da escola, agora estão envolvidos no desafio de construir uma casinha de barro. Os preparativos envolveram uma caminhada até o rio para pegar o barro. E outra aventura para achar areia.
Nós no Jardim trabalhamos nossa força de vontade verso a doação ao mundo: preparamos todos os dias a merenda para todos. Educamos nossas mãos brincando de cozinhar. As crianças do jardim são importantes conhecedoras de um segredo que só virá à tona na hora da merenda: qual o prato do dia. Bolos, biscoitos, tortos que nascem de mãos pequeninas e trabalhadeiras. Já as crianças maiores ajudam a servir e na arrumação. Eu adoro a hora da merenda. Neste momento estamos todos juntos, agradecemos, lanchamos e também conversamos muito.
É assim que passamos nossas tardes nesta quarentena. Grandes e pequenos.
Para nós tios é um grande presente vivenciar essa experiência, que fazemos normalmente com tantas crianças no nosso trabalho, com os nossos sobrinhos.
As crianças se divertem com a autonomia que a fazenda proporciona: irem a pé e sozinhos para a escola. Às vezes com alguma parada para ver os bezerrinhos. Um dia vimos até um nascendo! Experiência única. De um tempo único.
Minha avó diz sempre que devemos aproveitar este tempo e produzir arte. Essa é a nossa.” (Teresa Rolim Andrés)
*Fotos de Tereza Rolim Andrés e Alberto Sica.
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