terça-feira, 16 de junho de 2020

LORENZATO


Lorenzato reflete em sua trajetória, o seu itinerário pelo mundo, de forma livre e descondicionada.

Ele viajou,correu a Europa de bicicleta, puxando um trailer.Vendia cartões para se sustentar, vivendo o “aqui e agora” sem recursos econômicos.
Seu objetivo era conhecer o Oriente e chegou a conhecer o Egito, Grecia, Turquia e os países do Leste Europeu.

Como descendente de italianos, este artista mineiro de nascimento, não se filiou a nenhuma corrente artística, mas conheceu artistas famosos tais como Picasso, Matisse e Gine Severini, quando esteve em Paris. Vendeu quadros em Montmartre, onde os artistas modernos vendiam seus quadros e teve a rara oportunidade de visitar os melhores museus da Europa e ali aprender diretamente o que os grandes mestres da pintura lhe transmitiam.

Lorenzato foi considerado por um cronista como precursor dos hippies.
Talvez, seu sangue europeu lhe transmitisse a energia dos trovadores que viajam pelo mundo para conhecer a vida das pequenas cidades europeias, suas praças onde cantam e recebem do povo aplausos e donativos.

Tive a oportunidade de conhecer na Itália,um casal de artistas ambulantes que também se apresentava nas praças de Roma para recolher novas experiências.

Acompanhava-os um pintor de quadros que já tinha sido pintor de paredes.
Lorenzato se fazia acompanhar de um holandês que se tornou seu amigo e companheiro de viagens. Viajaram juntos por 2 anos pelos vilarejos europeus recolhendo croquis que mais tarde se transformavam em pequenos quadros ou aquarelas. O jovem Lorenzato, percorrendo as estradas da Europa, como um cigano, estava cursando a grande universidade da vida. Não recebia aulas teóricas, nem passava pelos cansativos modelos de gesso considerados importantes nas escolas acadêmicas.

Ele frequentou em sua juventude a Real Academia de Vicenza, cidade próxima à Veneza, mas não seguiu os métodos acadêmicos da escola. Preferiu continuar ganhando a vida,  aprendendo a escolher cores como pintor de paredes.

Lorenzato se considerava um autodidata,aprendeu a pintar com a sua rica experiência de vida. Seus quadros refletem a sua vida e sua formação se deu através da educação do olhar.

Assim também fez Guignard em suas visitas aos museus, sua aversão ao academismo e sua profunda admiração pelos mestres florentinos. Ambos estiveram em Florença e ali aprenderam com os grandes mestres renascentistas e pré-renascentistas.

Lorenzato admirava Leonardo da Vinci e Guignard tinha uma profunda admiração pelas telas e desenhos de Boticelli. Assim como Lorenzato, Guignard estudou na Real Academia de Munich, mas não seguiu os ensinamentos academicos. Ambos tiveram a oportunidade de conhecer os museus da Europa, eterna fonte de conhecimentos.

Acho que eles nunca se encontraram, mas a história de vida destes 2 artistas tem algo de semelhante.

*Fotos de arquivo

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