terça-feira, 25 de fevereiro de 2020

LIVRO SOBRE A ÁGUA VIII


Dando continuidade ao Livro sobre a Água, de autoria de Maurício e Aparecida Andrés, transcrevo o trecho abaixo:

4.        Na cultura

Eu estou viva nos sonhos
e na memória coletiva
dos que lembram e relembram
a importância que já tive.

Testemunhei a ascensão
e a queda de civilizações.
Eu era a dádiva divina,
que os céus enviavam à terra.
 Fui símbolo da fertilidade
e  também da fecundidade.
Eu era um bem abundante
na natureza generosa:
ninguém pagava por mim.
 As tradições milenares
falam de águas primordiais,
de oceano das origens.
As civilizações antigas
me rendiam homenagens
nas crenças e religiões,
que me diziam sagrada
por meu valor e pureza.

 No Egito, fui divindade;
na Grécia, fui Afrodite,
nascida  da espuma do mar. 

Em Roma, era Netuno,
o deus dos oceanos.
Na tradição judaica,
sou fonte de todas as coisas.
Na tradição muçulmana,
o Alcorão, livro sagrado,
me chama ‘divina’,
se me derramo do céu.



Os hindus tomam banhos rituais
no sagrado rio Ganges.

  Nas águas fazem ritos e oferendas
a muitos deuses e deusas.

  Na Bíblia, o sopro de Deus
pairava sobre mim.

 No batismo dos cristãos,
purifico os pecados. 
No grande dilúvio da Bíblia,
a Arca de Noé,
navegando pelos mares,
salvou os bichos da extinção.


Jesus também fez milagres
caminhando sobre as águas
e transformando-me em vinho.
 
Terra e água fazem o barro
com que Deus criou Adão.
E depois de pensar bem,
Ele fez Eva também!

Nas águas de Belém do Pará,
pescadores encontraram
Nossa Senhora de Nazaré.
Nossa Senhora Aparecida
e a deusa Kali dos hindus
também vieram das águas.


As escadas do Bonfim,
são lavadas na Bahia,
em rituais de purificação.

Na umbanda e no candomblé,
Oxum é o meu orixá.
As oferendas para Iemanjá,
minhas ondas vão levar. 


*ILUSTRAÇÕES DE MARIA HELENA ANDRÉS

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