segunda-feira, 10 de fevereiro de 2020

LIVRO SOBRE A ÁGUA VII


Dando continuidade ao Livro sobre a Água, de autoria de Maurício e Aparecida Andrés, transcrevo o trecho abaixo:

Nadar,
remar,
velejar,
mergulhar nas ondas
é tão bom!


Mas é preciso atenção:
a um pequeno descuido,
alguém pode se afogar!


Nos  chuveiros e banheiras, 
eu escorro pelos corpos
nus como vieram ao mundo.

Quando limpa, cristalina,
sou sem cor, cheiro e sabor.
Posso lavar e limpar,
removendo a sujeira
Se estou suja,
vêm comigo
as bactérias e outros germens
causadores de doenças.

As febres e infecções,
Quando não são bem tratadas,
se espalham entre as pessoas.

Mosquitos que trazem a dengue
gostam de pôr os seus ovos
em poças de água parada,
como nos pratos dos vasos de planta,
nos pneus e latas velhas.
É preciso vigiar!

Se  as pessoas adoecem
e ficam desidratadas,
elas ficam tão fraquinhas
 que podem vir a morrer! 
Para restaurar a saúde,
sou bebida gota a gota,
com um pouquinho de sal
e  um bocadinho de açúcar.

Quando na forma de soro,
também podem me injetar diretamente na veia.

Quando alguém me bebe,
no interior de seu corpo
ocorre uma transformação:
misturada a elementos,
posso tornar-me sangue,
virar  saliva ou urina.



Estou no leite das mães
que amamentam seus bebês.
E na linfa protetora,
que transporta vitaminas,
gorduras  e outros nutrientes
até que passem para o sangue.
A linfa também funciona
ajudando na defesa
do corpo contra as doenças
pois também leva os micróbios
até o sistema de filtros
onde eles ficam retidos,
até que sejam expelidos.

Nos campeonatos de cuspe,
as crianças me arremessam
- quanto mais longe, melhor!
E me expulsam de seus corpos
também quando tossem ou espirram
e quando fazem xixi. 


 Se elas caem e se machucam,
já me perco pelo sangue
que escorre de suas feridas.

Saio em gotas de suor
da pele dos corpos cansados
de quem trabalha ao sol.




Os tuaregues são homens
que vivem pelos desertos;
precisam ficar bem quietos,
retendo a umidade do corpo
se quiserem ficar vivos.

Eles enxergam miragens
de belos lagos tranqüilos,
que vão fugindo, fugindo,
pra bem longe, no horizonte.
Sonham sempre com os oásis,
de tanto calor que sentem!
E viajam de camelo,
em fila, pelos desertos.



Sou as lágrimas do choro
das crianças que estão tristes
e de todos os que sofrem
com os problemas dessa vida.

Sabia que os esquimós
não podem chorar ao ar livre?
É que no frio intenso,
as lágrimas em seus olhos
viram continhas de gelo...

Quando as pessoas morrem
e depois, são enterradas,
eu abandono seus corpos,
e vou para dentro da terra.
   
  Se os corpos forem cremados,
  restam só cinzas e  pó.
 A morte é seca.

*ILUSTRAÇÕES DE MARIA HELENA ANDRÉS

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