Artista plástica, ex-aluna de Guignard. Maria Helena Andrés tem um currículo extenso como artista, escritora e educadora, com mais de 60 anos de produção e 7 livros publicados. Neste blog, colocará seus relatos de viagens, suas reflexões e vivências cotidianas.
segunda-feira, 27 de maio de 2019
SRI AUROBINDO E VISÕES CONTEMPORÂNEAS SOBRE ESPIRITUALIDADE II
Dando continuidade ao depoimento de Maurício Andrés, transcrevo o texto
abaixo.
Miguel Grinberg, educador e escritor do livro Somos la gente que
estábamos esperando, diz que a ecologia espiritual procura um nexo entre a civilização ecológica
em construção e as questões espirituais; constitui uma ferramenta para indagar
sobre os potenciais latentes de uma pessoa, em harmonia com sua vocação natural
de paz e o papel que pode desempenhar numa sociedade em que as calamidades não
predominem, destrutivamente, e na qual se perceba que o desenvolvimento
metafísico é essencial para resolver os problemas do mundo material; considera
a experiência humana na Terra como uma epopeia de evolução consciente e de
consciência planetária. E recupera a visão de que o ser humano é dotado de uma
consciência cósmica. Jorge Moreira, do Porto, mantém um grupo sobre Ecologia Espiritual no facebook.
Warwick Fox, é o
principal autor da Ecologia transpessoal
que discute a visão de mundo da Ecologia
profunda no contexto da eco filosofia e do antropocentrismo; explora a conexão
entre a Natureza e o Sagrado e a maneira como experiências transpessoais na
natureza expandem o humano; explora como a espiritualidade se relaciona com a
crise ecológica global; usa o termo movimento
ecológico ecocêntrico, que inclui os praticantes da ecologia profunda, os
que adotam abordagem não antropocêntrica e
que se estende além de um sentido
egóico, biográfico ou pessoal do eu.
A ecologia cósmica expande a escala de
tempo e de espaço. Assim o fazendo, ela se aproxima de visões de mundo de
antigas tradições espirituais, ajuda a resgatar a dimensão ética e a
ressacralizar a natureza. A dimensão cósmica abre a sensibilidade para a
transcendência.
Na atual crise
evolutiva, é fundamental a inteligência
espiritual, (ver Zohar; Marshall, 2000). que traz a habilidade para lidar
com impasses e crises, para aprender e resolver problemas novos. A resposta à
atual crise demanda elevado grau de autoconhecimento, independência para seguir
as próprias ideias, flexibilidade, relutância em causar danos aos outros,
capacidade de enfrentar a dor e de aprender com o sofrimento, de se inspirar em
ideais elevados, de estabelecer conexões entre realidades distintas. Todas essas são características da
inteligência espiritual.” (Depoimento de Maurício Andrés)
*Fotos de arquivo
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segunda-feira, 20 de maio de 2019
SRI AUROBINDO E VISÕES CONTEMPORÂNEAS SOBRE ESPIRITUALIDADE I
Nesta época controvertida em que vivemos, o advento de uma era
espiritual começa a se fazer sentir como uma luz que aponta direções.
Principalmente uma reflexão sobre a Ecologia, se torna prioritária, em relação
a outras formas do saber. Transcrevo abaixo o depoimento de Maurício Andrés
Ribeiro, estudioso de Sri Aurobindo, o grande pensador indiano que, no início
do Século XX, apontou direções para a
evolução da humanidade.
“Nessa grande
transição e mudança de eras em que nos encontramos, nesse estágio terminal da
era cenozoica, a era dos mamíferos, vários pensadores propõem designações para
qual será a próxima era. Entre eles, destaca-se Sri Aurobindo que falou do advento de uma era subjetiva e
de uma era espiritual, movida por indivíduos e que se dissemina na
coletividade: “A vinda da era espiritual
deve ser precedida pelo aparecimento de um número crescente de indivíduos que
não estão mais satisfeitos com a existência intelectual, vital e física do
homem, mas percebem que uma evolução maior é a verdadeira meta da humanidade e
tentam efetuá-la em si mesmos, guiar outros para ela e fazer dela o objetivo
reconhecido da espécie.” Ele falava da
crise da evolução e do ser humano como um ser em transição: “« Uma evolução espiritual, uma evolução da
consciência na Matéria, cuja autoformação está constantemente em
desenvolvimento até a forma revelar o espírito que a habita, é então a chave, o
motivo central e significativo da existência terrena”.
Sobre a
importância do espírito ele observa
que “O destino da raça nesta era de
crises e revolução dependerá muito mais do espírito que somos do que da
maquinaria que usaremos.” E que “Quando
se perde a espiritualidade, perde-se tudo.”
Sri Aurobindo escreveu bastante sobre esse tema. Ainda que ele não se
refira em nenhum momento de sua obra às questões ecológicas, seu pensamento foi
ecologicamente pioneiro pois, dezenas de anos depois de seus escritos, emergem
visões contemporâneas em estreita afinidade com eles nas artes, na
filosofia, e em campos emergentes das ciências tais como na ecologia
espiritual, na ecologia integral, na ecologia transpessoal, na ecologia
cósmica, na espiritualidade integral, na inteligência espiritual. Essas ainda
não são visões dominantes no mundo atual, mas são como sementes que germinam aqui
e ali e que podem vir a ocupar o lugar das visões hegemônicas que ainda hoje
prevalecem.
Para Sri Aurobindo, “O primeiro e mais baixo uso da Arte é puramente estético; o segundo é intelectual ou educativo; o terceiro e mais alto é espiritual.”Nas artes plásticas destaca-se a visão e a prática da arte abstrata que buscava a essência para além das aparências, de Kandinsky, que escreveu o livro " Do espiritual na arte" e da vanguarda russa.” (Depoimento de Maurício Andrés Ribeiro)
*Fotos de arquivo
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domingo, 12 de maio de 2019
GIOVANI FANTAUZZI, ARTISTA E ARTESÃO
“A
exposição de Giovani Fantauzzi, no Museu de Congonhas, nos leva a fazer elos
com o barroco mineiro.
Giovani
molda o ferro com as mãos, assim como os artistas e artesãos da colônia
portuguesa esculpiam a pedra e entalhavam a madeira. Há uma ideia que se
concretiza nas mãos do artista/artesão, transformando-se em figuras de santos,
anjos e profetas de Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho, ou em esculturas
musicais de Giovani Fantauzzi. Em ambos, o pensamento e o fazer artístico criam
formas sinuosas, elegantes e ascendentes que buscam um diálogo entre o céu e a
terra.
Nas
esculturas de Giovani esse diálogo acontece com a presença da luz e da sombra, configurando
imagens musicais que dançam no espaço. As formas elegantes e sinuosas
projetadas no chão e nas paredes do jardim de esculturas apresentam uma
coreografia que dialoga com o cenário dos profetas de Aleijadinho, no adro do
Santuário de Bom Jesus de Matozinhos, em Congonhas.
Mas,
na igreja barroca a relação entre o público e as imagens é permeada pela fé, a religiosidade
e a contemplação dos objetos devocionais, levando o fiel à relação espiritual com
a entidade transcendental. Já no jardim de esculturas do artista contemporâneo,
o expectador/participante envolve-se num jogo lúdico e sensorial com os objetos
e as imagens projetadas. Este jogo forma desenhos construtivos, e toma diferentes configurações a partir do movimento do
participante dentro da obra.
As
perspectivas mudam, e o artista/artesão transforma-se no propositor de uma obra
aberta à participação do público, em sintonia com a proposta interativa do
Museu de Congonhas, que busca conduzir o visitante a “uma experiência de
fruição estética, sensorial e intelectual”.
Marília Andrés Ribeiro
GIOVANI
FANTAUZZI
Caminhei
pela exposição
De Giovani
Fantauzzi
Seguindo o
roteiro de
Marília
Andrés e
Sérgio
Rodrigo Reis.
Ambos nos
deram
Uma visão
clara
Da obra de
Giovani.
Perceber o
todo,
Sentir a
presença
Do
expectador nas
Pessoas que
passavam
E nas
crianças que
Se
entusiasmaram
Brincando
com as esculturas
Entrando
dentro delas.
Sua obra
possibilita
A
participação do espectador.
Na
espontaneidade
Do menino
que brincou
Com uma
escultura
Gigante, nas
sombras
Que as peças
esculturais
Projetavam
na parede
E criavam
desenhos e
Luzes.
Participar é
Sentir e ver
a escultura
Com o corpo
todo, entrando
Dentro dela,
brincando de
Esconde -
esconde, escorregando
Nas rampas.
Giovani soube
Sentir de
perto o
Público
jovem que
Percorre uma
exposição
E a
transforma no lúdico
Na
brincadeira.
Maria Helena Andrés
*Fotos de
Marília Andrés e Maria Helena Andrés.
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terça-feira, 7 de maio de 2019
UMA ENTREVISTA COM ÂNGELA GIANNETTI
Ângela Giannetti é minha vizinha no Retiro das Pedras. Desde 2007 começou a pesquisar as plantas dos
campos rupestres da Serra do Espinhaço.
Na entrevista que fizemos com ela conversamos sobre o seu trabalho e
Ângela nos informou:
“Comecei a trabalhar no Centro de Biodiversidade, em Sabará, ilustrando
as plantas das serras mineiras. Entusiasmei-me com o trabalho e dei
continuidade a essa pesquisa percorrendo as montanhas de nosso entorno. Segundo
o parecer de um botânico, que por aqui passou,
os campos desta altitude são tão fascinantes que podem ser comparados
com as crianças em frente às guloseimas. Quanto a mim, considero estes campos
como uma floresta anã, tal a diversidade de plantas existentes. Depois das
chuvas, elas surgem exuberantes, cobrindo a terra de cores variadas”.
(Entrevista realizada com Ângela Giannetti no Instituto Maria Helena Andrés, em
07/abril/2019)
Este depoimento da artista, que é ilustradora botânica de técnica de
aquarela, poderá ser enriquecido com o texto que ela escreveu para a exposição
que realizou na Casa Guignard, em Ouro Preto.
“As plantas que
ilustrei estão situadas na biosfera da serra do Espinhaço acima de 800 metros
de altitude e localizadas principalmente no quadrilátero ferrífero de Minas
Gerais. Muitas delas são endêmicas da região e de importância para o eco
sistema pois dependem dessas plantas vários insetos polinizadores os quais só
sobrevivem neste ambiente, como répteis, libélulas, colibris, calangos e
outros. Todos fazem parte dos chamados “campos rupestres ou de altitude”. Este
bioma está ligado com o cerrado e a mata atlântica mas tem uma vegetação única
e singular de grande importância também”.
Ainda segundo Ângela
Giannetti: “Todos os naturalistas que passaram pelo Brasil no século 19 ficaram
encantados com esta vegetação e suas descrições traduzem essa beleza e
importância. Os naturalistas Spix e Martius chegando na serra de Ouro Branco escreveram:
‘O caminho segue por
essas belas montanhas sempre acima e desenrola aos olhos do viajante a cada
passo, objetos do maior interesse. As variadas vistas dos vales nos quais as
quintas espalhadas aparecem com maior frequência e se alternam quanto mais
perto se vai chegando a Vila Rica. Ficamos porem especialmente maravilhados
quando subimos o íngreme morro do Gravier, continuação da serra de Ouro Branco,
ao avistarmos os lírios arbóreos, cujos caules fortes e nus bifurcados nuns
poucos galhos, muitas vezes terminados com um tufo de folhas compridas com as
queimadas dos campos: carbonizados na superfície, são uma das mais maravilhosas
formas do mundo das plantas’. (Do livro Viagem ao Brasil, Volume 1)
Ângela Giannetti nos deu uma verdadeira aula de
botânica e nos apresentou aquarelas de grande sensibilidade e beleza.
*Fotos de Maria Helena Andrés e do arquivo de Ângela
Giannetti
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quarta-feira, 1 de maio de 2019
LOBOSTOCK
Em agosto de 1969, aconteceu o
Festival de Woodstock, nos EUA.
O festival exemplificou a era
da contracultura do final da década de 1960 e começo de 70. Trinta e dois dos mais conhecidos
músicos da época apresentaram-se durante um fim de semana por vezes chuvoso,
para 400 mil espectadores. O evento original provou ser único e lendário,
reconhecido como um dos maiores momentos na história da música popular.
Mesmo contando com uma qualidade
musical excepcional, o destaque do festival foi mesmo o retrato comportamental
exibido pela harmonia social e a atitude de seu imenso público. (Retirado da
internet)
Inspirado no Woodstock, um grupo de
jovens músicos mineiros se reuniram numa fazenda em Entre Rios de Minas,
situado no Campo das Vertentes. Tivemos a oportunidade de assistir à segunda edição do “Lobostock”. O poema
abaixo é uma homenagem à esta iniciativa, que obteve um excelente resultado.
LOBOSTOCK
Fomos
convidados
Para o Lobostock
No Campo das
Vertentes
Entre Rios
de Minas
Onde nasceu
o IMHA.
Nasce agora
Um grupo de
jovens
Movimento
pacífico
De jovens
guerreiros
De uma
claridade
Que está surgindo.
Ela está
presente
Nos olhos
brilhantes
Na voz que
ressoou
Pelas
montanhas.
Minas é
terra de
Muita luz.
A arte abre
Caminho
Para o
futuro.
Faz escuro
mas
Eu canto
Dizia o
poeta
Tiago de
Melo
Nos tempos
da
Ditadura.
Faz escuro
no
Entorno mas
Um novo
canto
Surge vindo
Das
vertentes
Mostrando
Que a
esperança
Está nos
jovens
Assentados
No gramado.
No tablado
Em frente
Há música
De qualidade.
Vozes que já
Ecoaram
Pelo mundo
Afora
Agora se
Reúnem
Neste palco.
Vozes da
América
Latina
Que
ressurgem
Como um
canto
De paz
Tirando
música
Da natureza
Do canto dos
Pássaros
Da percussão
Das rãs
Que
chacoalham.
O sol
desaparece
E a lua
cheia
Surge
brilhante
Sobre os
campos
Das
vertentes.
Parabéns à
esta iniciativa, que teve incentivo constante de Cláudia Duarte, a fotógrafa do
grupo! Na equipe do festival, além de Cláudia, os seus filhos Tomaz Duarte Lobo, Pedro Duarte Lobo, além de
Estevão Mascarenhas, David Mascarenhas, Filipe e Alexandre Andrés.
Foi um dia
inteiro de apresentações, no Vale dos Lobos (fazenda de Cláudia Duarte)! O dia
começou com artistas realizando atividades como slackline, slackwater (pessoas
se equilibravam em um elástico entre árvores e sobre uma lagoa), livepanting,
tenda da cura e muito mais. Às 16:30 começaram os shows! A abertura foi de
Flávio Tris,cantautor de São Paulo, na sequência ‘Haru’
(Alexandre Andrés e Rafael Martini), Maíra Baldaia, Rosa Neon e Pequena Morte.
As DJs Naroca e Sandri discotecaram entre os shows e fizeram uma apresentação
para fechar a festa.
Além de
todas as atrações pudemos contemplar o palhaço Maisena, suas trapalhadas e
malabarismos e uma linda exposição de fotografias, com vários fotógrafos envolvidos.
Naquela fazenda estivemos com cerca de 150
pessoas, dentre elas a ilustre presença de Áurea Carolina. Eleita deputada
federal em MG, veio de Brasília prestigiar os espetáculos.
A esperança
vem destes grupos pequenos que atuam em conjunto dispensando leis de
incentivo.É a própria energia coletiva que está produzindo um som novo, um novo
caminho, uma política nova.
Áurea
Carolina é jovem, foi eleita deputada federal com o entusiasmo dos jovens. Está
em Brasília defendendo nossas montanhas, a cultura e a educação brasileira,
além do direito das mulheres!
*Fotos de
arquivo e da internet
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