terça-feira, 26 de março de 2019

EXPOSIÇÃO 75 ANOS DA ESCOLA GUIGNARD NA GALERIA AM


A exposição inaugurada na Galeria AM, sob curadoria de Emmanuelle Grossi em comemoração aos 75 anos da Escola Guignard, nos fez chegar a algumas reflexões sobre o ensino de arte deste grande mestre.

A exposição mostra logo na entrada da Galeria, quadros de Guignard e seus primeiros alunos. Foi uma forma muito simpática de revisitar os meus colegas e também constatar o fato de que, apesar de recebermos os ensinamentos do mesmo mestre, cada um seguiu um caminho diferente.

Guignard não nos marcou com o seu estilo de arte. Isto devemos ao incentivo do mestre à criatividade de cada um.
Guignard era quase um psicólogo, para descobrir tendências diversas.
O mestre autêntico não é aquele que julga segundo suas inclinações e preferências, mas é aquele que, de forma desinteressada, compreende e conduz o aluno. Ele não traz valores fixos a decretar, mas desperta valores novos ao contato de sua presença e seu estímulo.

Além de se ocupar com o aprendizado de técnicas, Guignard procurava despertar o aluno para toda uma filosofia de vida.
Seguindo o desdobramento da exposição, podemos encontrar também, nos artistas atuais da mesma escola, tendências diversas.

Guignard abriu as portas da criatividade em Minas e deixou entrar luz. Esta luz da criatividade de cada um vai nos conduzindo a novas reflexões.
“Coisa nova!”, dizia Guignard, entusiasmado com os rabiscos de seus alunos. Ele não dava regras fixas a seguir. Ao mesmo tempo incentivava o lápis duro e a disciplina, como forma necessária à descoberta interior.

Por que relaciono o ensino de Guignard com Krishnamurti, que conheci anos mais tarde na Índia? Naquele país tive a oportunidade de visitar várias de suas escolas. Tanto Guignard quanto Krishnamurti buscaram dar ao discípulo uma independência criativa.
“Seja você mesmo, não se prenda a fórmulas tradicionais”, dizia Guignard.
“Seja seu próprio mestre”, dizia Krishnamurti.

Voltando à exposição da AM Galeria de Arte, fiquei muito feliz de estar colocada entre Guignard e Sara Ávila , tendo à minha frente  Amilcar de Castro e Franz Weissman, todos eles colegas e amigos. As gerações mais jovens mostraram a força de suas ideias. Independência criativa chega até os dias de hoje, numa exposição onde o passado e o presente se impõem na distância do tempo. 75 anos de buscas, do encontro com o novo que está dentro de cada um.

Independência criativa é enxergar além das fórmulas, dos conceitos antiquados, das exigências externas, das pressões da moda, das imposições vindas de fora. O caminho da independência criativa se desdobra até os dias de hoje.
O importante no momento é seguir a intuição, buscando cada um o seu próprio caminho.

A redescoberta do cotidiano como forma de arte, foi apresentada por uma mesa de pães e biscoitos, onde todos os presentes tiveram a oportunidade de fazer o seu próprio café.
Esta ideia, de trazer o cotidiano para uma Galeria de Arte, da jovem artista Thereza Portes, nos mostra a importância de estender a arte à vida.

*Fotos de Ivana Andrés e Marília Andrés

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