A exposição inaugurada na Galeria AM, sob curadoria
de Emmanuelle Grossi em comemoração aos 75 anos da Escola Guignard, nos fez
chegar a algumas reflexões sobre o ensino de arte deste grande mestre.
A exposição mostra logo na entrada da Galeria,
quadros de Guignard e seus primeiros alunos. Foi uma forma muito simpática de
revisitar os meus colegas e também constatar o fato de que, apesar de
recebermos os ensinamentos do mesmo mestre, cada um seguiu um caminho
diferente.
Guignard não nos marcou com o seu estilo de arte.
Isto devemos ao incentivo do mestre à criatividade de cada um.
Guignard era quase um psicólogo, para descobrir
tendências diversas.
O mestre autêntico não é aquele que julga segundo
suas inclinações e preferências, mas é aquele que, de forma desinteressada,
compreende e conduz o aluno. Ele não traz valores fixos a decretar, mas
desperta valores novos ao contato de sua presença e seu estímulo.
Além de se ocupar com o aprendizado de técnicas,
Guignard procurava despertar o aluno para toda uma filosofia de vida.
Seguindo o desdobramento da exposição, podemos
encontrar também, nos artistas atuais da mesma escola, tendências diversas.
Guignard abriu as portas da criatividade em Minas e
deixou entrar luz. Esta luz da criatividade de cada um vai nos conduzindo a novas
reflexões.
“Coisa nova!”, dizia Guignard, entusiasmado com os
rabiscos de seus alunos. Ele não dava regras fixas a seguir. Ao mesmo tempo
incentivava o lápis duro e a disciplina, como forma necessária à descoberta
interior.
Por que relaciono o ensino de Guignard com
Krishnamurti, que conheci anos mais tarde na Índia? Naquele país tive a oportunidade
de visitar várias de suas escolas. Tanto Guignard quanto Krishnamurti buscaram
dar ao discípulo uma independência criativa.
“Seja você mesmo, não se prenda a fórmulas
tradicionais”, dizia Guignard.
“Seja seu próprio mestre”, dizia Krishnamurti.
Voltando à exposição da AM Galeria de Arte, fiquei
muito feliz de estar colocada entre Guignard e Sara Ávila , tendo à minha
frente Amilcar de Castro e Franz
Weissman, todos eles colegas e amigos. As gerações mais jovens mostraram a
força de suas ideias. Independência criativa chega até os dias de hoje, numa
exposição onde o passado e o presente se impõem na distância do tempo. 75 anos
de buscas, do encontro com o novo que está dentro de cada um.
Independência criativa é enxergar além das fórmulas,
dos conceitos antiquados, das exigências externas, das pressões da moda, das
imposições vindas de fora. O caminho da independência criativa se desdobra até os
dias de hoje.
O importante no momento é seguir a intuição,
buscando cada um o seu próprio caminho.
A redescoberta do cotidiano como forma de arte, foi
apresentada por uma mesa de pães e biscoitos, onde todos os presentes tiveram a
oportunidade de fazer o seu próprio café.
Esta ideia, de trazer o cotidiano para uma Galeria
de Arte, da jovem artista Thereza Portes, nos mostra a importância de estender
a arte à vida.
*Fotos de Ivana Andrés e Marília Andrés
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