segunda-feira, 29 de outubro de 2018

CONSTRUÇÕES SENSÍVEIS NO CCBB


A exposição Construções sensíveis: A experiência geométrica Latino-Americana na coleção ELLA FONTANAIS-CISNEROS, traz ao Brasil um recorte da abstração em nosso continente. Junto ao importante legado do concretismo e neoconcretismo brasileiros, são apresentadas as poéticas abstratas que prosperaram em outros países a partir dos anos 1930.”(Extraído do catálogo da exposição Construções Sensíveis, no CCBB de Belo Horizonte)

Percorro uma exposição que nos remete ao passado,
ao Construtivismo que percorreu o mundo  e veio nos mostrar o quanto somos irmãos.
Realmente, somos parecidos, mesmo que não tenhamos
tido a oportunidade de um encontro pessoal.
Existe o encontro espiritual, encontro de sensibilidades semelhantes.
O construtivismo vai nos mostrando a identidade dos  artistas.
Ele veio da Europa e encontrou na América Latina seus irmãos espirituais.

Os construtivistas europeus vieram da Rússia, desceram até a Alemanha e a França, e, por motivo de guerra, chegaram às Américas.
A América acolheu os imigrantes artistas, como Mondrian.
Ali ele se redescobriu, ficou famoso.
A Argentina e o Uruguai receberam a mensagem construtiva, através da arte e do pensamento de Torres Garcia.
Ele buscava o espiritual na arte e a redescoberta dos povos primitivos das Américas.
O Brasil tornou-se o grande difusor das ideias construtivas.
No nosso solo floresceram artistas plásticos, poetas, críticos, tendo a Bienal de São Paulo como a grande difusora.
O construtivismo chegou até as montanhas de Minas e ali encontrou jovens artistas que aderiram ao movimento.

Revejo nesta exposição os Bichos de Lygia Clark, os Metaesquemas de Hélio Oiticica, as telas construtivas de Volpi e Ivan Serpa, os objetos de Ana Maria Maiolino e Mira Schendel.
Dá vontade de chegar perto, tocar e participar.
Mas o Bichos estão resguardados por vidros protetores.
Caminhar pela exposição é encontrar as origens, a expansão e o sentido deste movimento que percorreu o Brasil na década de 1950.
Fiz parte deste movimento.
Nunca me senti tão bem numa exposição de arte.
Dá vontade de ficar olhando cada quadro, cada escultura, cada desenho ou gravura.
Seus autores já partiram para outro plano, mas deixaram sua obra como testemunho de sua passagem pelo planeta.

O construtivismo sensível não acaba nunca, porque ele é o mensageiro de uma paz que existe dentro de todos nós.
Esta paz, os artistas buscaram por meio de obras de grande beleza e serenidade.
O desejo de paz veio à tona numa época de grandes guerras.
Duas grandes guerras na Europa, várias ditaduras pelo mundo.
Todos passaram para a história, os artistas morreram, mas sua arte continua viva, trazendo até nós o desejo da paz que os inspirou.

O construtivismo é uma meditação.
Mergulhados no silêncio de sua própria interioridade os artistas transcenderam a violência e a opressão.
Percorrendo as salas desta exposição vou sentindo cada vez mais o poder da arte de transmutar energias.
Os movimentos políticos passam, mas a arte permanece.

*Fotos da internet

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