segunda-feira, 17 de setembro de 2018

CRÍTICAS DA DÉCADA DE 60 III


FASE DE GUERRA

            “Na sutileza das transparências, no exagero da sensibilidade, na leveza dos tons, as emoções relembradas por Maria Helena, seja nos óleos ou nas aguadas, são apenas do lado bom da vida. Mesmo quando sua temática se voltou para os aspectos da guerra, motivada por uma época trágica, a artista sempre deixou evidente em seus quadros, ao lado das formas destruídas aparentemente, a impressão de beleza e o desejo de paz na comunicação da arte.”

            Mari’Stella Tristão, Estado de Minas - 1970

  “Ao dinamismo bastante espontâneo e lírico dos desenhos e pinturas anteriores, quase todos com reminiscências de barcos, e velas, sucede agora por necessidade de complementação, a fase em que o espontâneo é controlado pelos elementos da colagem. Os recortes figurativos de rodas, estruturas, máquinas, engrenagens, são entrosadas à composição inicial estruturando a um modo mais firme e violento. Não houve um salto de uma fase para outra, mas a continuação de pesquisas anteriores em que acrescentou a colagem. Os trabalhos atuais lembram o movimento da vida moderna, o dinamismo do mundo em que vivemos e do homem profundamente ligado à máquina.”

            Jayme Maurício. Correio da Manhã, 1965.

  “Há uma forma que se pode dizer constante na obra de Maria Helena: os barcos. Os barcos, sugeridos muitas vezes por entre formas abstratas e nos quadros dados como informais, podem levar-nos a uma série de interpretações. Maria Helena admite uma necessidade de viagem, de descobrir novos mundos, que ela sempre alimentou. Há uma longa fase de sua pintura em que os barcos, navios, se tornaram bastante visíveis. Depois, por volta de 1964, ela passou a figurar máquinas voadoras hoje cristalizadas numa pintura que se pode chamar de “figuração científica”, pois refletem a preocupação da artista pelos últimos acontecimentos da “era espacial”: os cosmonautas chegando à lua. Toda esta pintura reflete um temperamento sonhador, talvez um tanto romântico, com projeção de estados oníricos. Mas houve uma fase dramática em que a artista, consciente de seu tempo, documenta a guerra com muitas de suas implicações. Esta pintura se torna mais dramática porque, junto a formas abstratas, ela usou de colagens realistas, marcando fortemente esta atmosfera de caos e tragédia em que vivemos.

            Márcio Sampaio
            Maria Helena Andrés: Arte vivida dia a dia”, Revista Minas Gerais - Ano 1, nº 1, Belo Horizonte, março/abril de 1969

*Fotos de arquivo

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