FASE DE GUERRA
“Na
sutileza das transparências, no exagero da sensibilidade, na leveza dos tons,
as emoções relembradas por Maria Helena, seja nos óleos ou nas aguadas, são
apenas do lado bom da vida. Mesmo quando sua temática se voltou para os
aspectos da guerra, motivada por uma época trágica, a artista sempre deixou
evidente em seus quadros, ao lado das formas destruídas aparentemente, a
impressão de beleza e o desejo de paz na comunicação da arte.”
Mari’Stella Tristão, Estado de Minas -
1970
“Ao
dinamismo bastante espontâneo e lírico dos desenhos e pinturas anteriores,
quase todos com reminiscências de barcos, e velas, sucede agora por necessidade
de complementação, a fase em que o espontâneo é controlado pelos elementos da
colagem. Os recortes figurativos de rodas, estruturas, máquinas, engrenagens,
são entrosadas à composição inicial estruturando a um modo mais firme e
violento. Não houve um salto de uma fase para outra, mas a continuação de
pesquisas anteriores em que acrescentou a colagem. Os trabalhos atuais lembram
o movimento da vida moderna, o dinamismo do mundo em que vivemos e do homem
profundamente ligado à máquina.”
Jayme Maurício. Correio da Manhã, 1965.
“Há
uma forma que se pode dizer constante na obra de Maria Helena: os barcos. Os
barcos, sugeridos muitas vezes por entre formas abstratas e nos quadros dados
como informais, podem levar-nos a uma série de interpretações. Maria Helena
admite uma necessidade de viagem, de descobrir novos mundos, que ela sempre
alimentou. Há uma longa fase de sua pintura em que os barcos, navios, se
tornaram bastante visíveis. Depois, por volta de 1964, ela passou a figurar
máquinas voadoras hoje cristalizadas numa pintura que se pode chamar de
“figuração científica”, pois refletem a preocupação da artista pelos últimos
acontecimentos da “era espacial”: os cosmonautas chegando à lua. Toda esta
pintura reflete um temperamento sonhador, talvez um tanto romântico, com
projeção de estados oníricos. Mas houve uma fase dramática em que a artista,
consciente de seu tempo, documenta a guerra com muitas de suas implicações.
Esta pintura se torna mais dramática porque, junto a formas abstratas, ela usou
de colagens realistas, marcando fortemente esta atmosfera de caos e tragédia em
que vivemos.
Márcio Sampaio
“Maria Helena
Andrés: Arte vivida dia a dia”, Revista Minas Gerais - Ano 1, nº 1, Belo Horizonte, março/abril de
1969
*Fotos de arquivo
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