“Maria
Helena Andrés parte sempre, mesmo nos quadros de puro jogo formal de cores e
planos, de dados observados diretamente da realidade, extraindo deles oculta
beleza e submetendo-os aos ritmos próprios de sua composição. Nesta fase ,
última, atinge a pintora mineira um dos pontos altos de uma carreira que apenas
se inicia.
Profundamente ligada à sua terra e à
sua gente, com um raro conhecimento
artesanal, delicada e sensível, Maria Helena Andrés é um dos valores
novos de Minas, uma pintora de invulgar talento que se vai projetando firme e
poderosamente como uma das expressões plásticas do Brasil.”
Jacques
do Prado Brandão
“Maria Helena Andrés vista por Jacques do Prado
Brandão”. Correio do Dia, Belo
Horizonte, 20 de setembro de
“Já falei, em outra nota, dessa jovem
artista mineira que expõe presentemente na galeria do Instituto Brasil -
Estados Unidos, na rua Senador Vergueiro número 103.
O mérito maior que revelam seu quadros,
principalmente os da última fase, reside no fato da pintora ter marchado por si
mesma para a arte não representativa, na cidade de Belo Horizonte, onde, além
de raras incompletas exposições, não há museus, gabinetes de estampas ou
coleções privadas em que se encontrem quadros dessa tendência. Marchou para a
abstração levada mais pelo espírito de aventura e de pesquisa de um meio novo
de expressão - do que propriamente por
uma imposição do ambiente ou por simples conformismo.
Tendo começado a fazer abstrações ou
formas baseadas na realidade, como se vê de sua tela representando um rebanho
no pasto, em breve Maria Helena Andrés se encontrava diante dos problemas
específicos da pintura não-objetiva.
Seus últimos quadros já denotam um
progresso sensível, mostrando que a artista começa a manejar a linguagem
abstrata, livremente, por si mesma, sem recorrer à gramática dos abstratos
suíços ou dos concretos, em seu exercícios intermináveis de círculos,
quadrados, triângulos, “confettis” multicores, feixes de linhas, tudo isso
arranjado, com maior ou menor habilidade dentro do espaço pictórico.
A artista procura agora estruturar suas
composições dentro de ritmos ou de combinações de forças e cores menos
estereotipadas que as concretas já
conhecidas. E sabe desenhar com segurança, como se pode verificar pela série da
“Via Sacra”. Alguns desses desenhos possuem uma grande pureza linear. E são, ao
mesmo tempo, de uma qualidade arquitetônica irrecusável. Lembram esculturas de
fio de ferro, pela nitidez com que se erguem no espaço, parecendo feitas para
uma vida mais transcendente que a do simples desenho em preto e branco.”
Antônio
Bento
Diário
Carioca, Rio de Janeiro, 7 de
setembro de 1953, p. 6.
*Fotos
de arquivo
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