Relembrar
o construtivismo é relembrar os caminhos por onde passamos.
No
momento em que o construtivismo está em pauta e está sendo estudado, não
somente no Brasil, mas também na Europa, relacionei textos de críticos da
época, que se manifestaram na ocasião.
Transcrevo
nas próximas postagens, o que me foi possível guardar dos jornais da época, no
auge do movimento construtivista no Brasil.
“Maria
Helena Andrés é uma das mais talentosas e inteligentes artistas que surgiram em
Minas desde os anos 40, dotada que é de uma inata sensibilidade e bom gosto.
Com Mário Silésio e Marília Gianetti - não mencionando Guignard que já tem sua
fama e sua arte reconhecida além-fronteiras - representa a vanguarda das artes
plásticas em Minas Gerais, compondo com suas experiências e pesquisas, o que de
melhor, mais sério e ousado se faz aqui no campo da arte moderna, e,
particularmente, a arte abstrata. Saliente-se que, as realizações abstratas de
Maria Helena Andrés são bastante recentes e por isso ainda guardam
reminiscências figurativas. Talvez ela volte um dia à figura, não sei, porque
está sempre pesquisando, procurando antes de tudo o fazer - condição vital de
sua arte - , e nunca repetir-se monotonamente em fórmulas e esquemas. E depois,
talvez, retorne outra vez à abstração. Mas ser figurativa ou abstrata, importa
pouco, para ela, o fundamental é manter a qualidade de sua arte. O fundamental
é a pesquisa constante, é procurar
renovar-se a cada dia, buscando novos temas, materiais, novas maneiras
de dominar o espaço pictórico ou gráfico. Maria Helena não pára: desenha muito,
raciocina bastante sobre os problemas de sua arte. À espontaneidade e à
intuição, acrescenta o domínio da razão e da reflexão, isto é, medita sobre a
história da arte antiga e contemporânea, sobre a filosofia da arte e a
estética. Em sua criação não há nem o domínio puro e simples da intuição , nem
o excesso de racionalização e cerebralismo. Sua arte consegue, assim, ser
deliciosamente espontânea e sabiamente meditada. Desta síntese, sobressai em
seus temas e composições, um lirismo que é exclusivamente seu e que pode ser
visto, ora num retrato ou numa paisagem de sua fase mais guignardiana, ora na
fase dos balões e das colagens, ou mais recentemente, em suas esplêndidas
“cidades iluminadas” nas quais a abstração se intensifica.”
Frederico
Morais
Diário
de Minas, Belo Horizonte, 9 de março
de 1958
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“As
últimas composições da artista denotam uma segurança que não se encontra em
muitos dos nossos abstratos de maior experiência. E revelam também uma
sensibilidade apurada. Sente-se que a pintora tem alguma coisa a dizer na
plástica abstrata, trazendo a sua contribuição a uma arte que requer
autenticidade, pois do contrário não passará de um simples exercício acadêmico”
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Antônio
Bento
Diário
Carioca, Rio de Janeiro, setembro de
1953
Por ocasião da exposição realizada na
Galeria do Instituto Cultural Brasil - Estados Unidos, no Rio de Janeiro
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“Do
grupo de Belo Horizonte, Maria Helena Andrés se destaca pelo progresso que vem
fazendo e pela supremacia linear que dá às suas composições.”
Mario
Pedrosa
“O último esquadrão de pintores”, Jornal do Brasil, Rio de Janeiro,
12
de julho de 1958
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“Maria
Helena, ao que me parece, está em um período de fixação que seria imprudente
declarar definitivo. Sua pintura situa-se entre Mondrian e Juan Miró. De
Mondrian tem a segurança da composição quase geométrica, a maestria no emprego
das cores. De Miró, a graça infantil e travessa que vemos em “Figuras” ou em
“Boizinhos”. Maria Helena experimenta cores, experimenta ritmos, com segura
mão.”
Miranda
Netto
“A herança de Guignard”, Jornal do Comércio, Rio de Janeiro, 1º
de
julho
de 1962
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*Fotos
de arquivo
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