Marília
chegou da Bahia onde participou de um Congresso de historiadores da arte do Comitê
Brasileiro de História da Arte.
O historiador pesquisa, descobre coisas que
foram vividas pelos homens de antigamente, fatos ainda não mencionados na
história convencional.
Ela
me diz: “Fizemos uma visita ao convento dos franciscanos em Paraguaçu, no
Recôncavo Baiano. Você iria gostar de ver esse mosteiro, que tem uma história
bonita de intercâmbio entre o Brasil e a Índia, e hoje está abandonado”
A
Bahia era a porta de entrada dos antigos navegantes portugueses. Aqui chegavam
as caravelas trazendo especiarias da China e da Índia, em troca de produtos
brasileiros.
A
Bahia foi a primeira região brasileira a inaugurar a síntese Oriente/Ocidente.
Eu já pesquisei esse assunto um dia, quando participei em 1983 de um Congresso
em Goa.
O
Brasil na Carreira da Índia, do historiador Luiz Roberto Lapa, foi o livro que
me permitiu conhecer essa história esquecida de intercâmbio comercial entre o
Brasil e a Índia, fruto das relações inter-continentais entre os países
tropicais.
Agora,
os novos historiadores, movidos pelo interesse em descobrir, documentar e
preservar o presente, estão dentro desse mosteiro abandonado, repensando a
importância de conhecer essa história e preservar esse patrimônio arquitetônico.
Marilia
nos diz: “Nessa visita, tive a oportunidade de sentir o impacto e a beleza de
uma Igreja franciscana, situada em Paraguaçu, na beira de um grande rio,
apresentando uma arquitetura e uma decoração de forte influência oriental. Me
lembrou os templos indianos, construídos em formas piramidais, que se situam
próximo aos rios.
Esse
sentimento inicial foi enriquecido pela leitura do texto de Paulo Ormindo de
Azevedo sobre as relações inter-coloniais e as influências orientais nos
conventos franciscanos do nordeste. Nesse texto o historiador discute as
relações artísticas e arquitetônicas entre o Brasil e a Índia durante o período
colonial. Enfatiza a importância dos ornamentos de pedra construídos nos
cruzeiros situados nos átrios das Igrejas franciscanas e das chinesices e
esculturas que também ornamentam o interior dessas igrejas. Mostra ainda que
essa influência não se dá apenas na decoração dos templos, mas aparece também
nos partidos arquitetônicos de forma piramidal que se encontram nos templos
hinduístas da região de Kerala e nas igrejas indo-portuguesas de Goa.
A
história dessa Igreja como também a história de outras igrejas brasileiras,
abandonadas e esquecidas ao longo do tempo, precisa ser relembrada, reescrita,
restaurada e preservada pelos órgãos públicos ligados ao Instituto do
Patrimônio Histórico e Artístico Nacional”.(Depoimento
dado pela historiadora Marília Andrés Ribeiro)
*Fotos
de Marília Andrés Ribeiro e Almerinda da Silva Lopes
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TAMBÉM MEU OUTRO BLOG “MEMÓRIAS E VIAGENS”, CUJO LINK ESTÁ NESTA PÁGINA.
Prezada Maria Helena
ResponderExcluirEstive com a Marília no convento franciscano de Paraguaçu (também sou do CBHA) e fiquei muito tocada por aquele monumento em um estado de abandono lastimável e inaceitável. Obrigada por nós oferecer um texto tão instrutivo. Abs
Maria Inez Turazzi
Obrigada Maria Inez, vamos conversando sobre o assunto. Seria importante que o patrimônio cuidasse desse monumento tão importante para a nossa história. Um abraço, Maria Helena
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