O
desenvolvimento da arte é feito através do trabalho, não de palavras.
Seu destino é dirigido por força
desconhecida e impossível de ser dominada. Obedecendo unicamente à lei dessa
necessidade interior, o artista procurará aprofundar esta verdade nova que
surge. Um trabalho contínuo e ininterrupto há de gerar sempre uma ideia também
logicamente contínua, sem grandes saltos.
Uma fase nasce de outra como uma
cascata, ligando-se à fase inicial por mudanças transitórias que determinam o
início de uma transformação. Às vezes, é a necessidade de um material novo, ou
da ausência de cor. É a necessidade de papel branco e da linha apenas como
veículo de expressão.
Um dia a cor voltará a ser explorada e
sentida, e neste dia o desenho já não será mais necessário. As fases de um
artista são espontâneas, não vêm de encomenda. Independem de leis externas e
nunca poderão ser medidas, calculadas. Sua duração é a própria duração de um
clima interior.
A paisagem do artista é uma paisagem imaginária, sem relação
com a paisagem real vista por todos. A mesma paisagem poderá inspirar tanto uma
cidade, quanto uma esquadra no mar, dependendo da ocasião em que foi vista. Uma
forma, uma linha, servirão apenas de pretexto para se achar aquela forma e
aquela linha que sempre se desejou obter.
Um mesmo grupo de nuvens poderá sugerir
anjos, animais, demônios, ou simplesmente formas abstratas, dependendo da fase
que o artista atravessa no momento. Naturalmente, quando esgotada uma fase,
nascerá outra por uma natural e espontânea necessidade de renovação.
O caminho da arte é longo, tem suas
surpresas, seus imprevistos, revelando a cada passo a alvorada de uma nova ideia.
(Trecho do meu livro “Vivência e Arte”, editora Agir, 1967)
*Fotos
de arquivo
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