O
ensino das artes plásticas é individual, seguindo as possibilidades de cada
artista em particular. O aluno, quando realmente tem talento, sempre acha os
seus meios de expressão, e, às vezes, surpreende o mestre com suas descobertas.
Apenas orientado no momento preciso,
ele poderá progredir de um modo mais autêntico do que recebendo, cegamente, as
ordens exteriores.
A vivência artística se enriquece muito
mais com a própria experiência e as próprias descobertas, do que com a preocupação
exagerada de consultar os tratados de técnica e de matemática, à procura da
maneira exata e correta de se fazer pintura.
A pintura é fruto de trabalho, de
sofrimento e de abnegação. Neste clima de pesquisa, a emoção não surge
desordenada e inconsciente, como na criança.
Ela é corrigida e aperfeiçoada pela
técnica, e ordenada pela experiência do artista, no sentido de um progresso
sereno e ininterrupto.
A experiência, naturalmente, controla a
emoção e o artista já amadurecido conseguirá a fusão da disciplina com a
liberdade, que é o clima essencial para a criação ao mesmo tempo espontânea e
consciente.
Ele deve saber ser fiel a si próprio,
respondendo ao seu impulso interior com a máxima sinceridade, sem deixar que
nisto intervenha nenhum interesse externo.
Suas emoções não podem ser antecipadamente programadas num
itinerário. Delineia-se este com o tempo, olhando para trás, depois de trilhado
o caminho. Nunca premeditado intelectualmente. A evolução normal de um artista
não significa uma ruptura com o passado, mas sua continuidade. Às vezes, mais
tarde, uma das fases anteriores é revivida, para se enriquecer de soluções
novas. Fiel ao impulso nascido espontaneamente, dentro de sua alma, o artista
se volta com entusiasmo para o trabalho, renovando técnicas, renovando formas,
porém fazendo viver dentro delas o seu espírito, o seu modo pessoal de sentir
as coisas. (Trecho do meu livro “Vivência e Arte”, editora Agir, 1967)
Atualmente, 50 anos
depois da publicação deste texto, estou fazendo uma releitura da minha fase
construtivista. Meus desenhos de via sacra da década de 50, com a utilização do
computador, se transformaram em esculturas.
*Fotos
de arquivo
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TAMBÉM MEU OUTRO BLOG “MEMÓRIAS E VIAGENS”, CUJO LINK ESTÁ NESTA PÁGINA
Otima releitura da fase construtivista com maior liberdade no fazer artístico.
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