A técnica deve ser posta no seu devido lugar, como uma
subordinada da emoção criadora. Ela é importante, na medida em que orienta o
artista no sentido de um aperfeiçoamento cada vez maior de seus meios de
expressão. Auxilia-o a ser mais preciso e exato na realização de sua obra,
orientando-o com os conhecimentos recebidos através de experiências alheias. É
como que a gramática da pintura. A gramática corrige e aperfeiçoa a frase que
foi concebida de uma ideia. As teorias também, em se tratando de artes
plásticas, têm o mesmo papel. Vêm corrigir a ideia criadora do artista, às
vezes imprecisa e confusa, dando-lhe uma forma clara e harmoniosa.
Braque dizia: "Eu amo a regra que corrige a
emoção".
Mas não se dispensa a emoção em favor da regra. Não se
ensina alguém a ser artista ditando-lhe processos teóricos, assim como não se
ensina alguém a ser poeta, ditando-lhe regras gramaticais.
É preciso ser visionário e disciplinado ao mesmo tempo,
buscar a fonte da arte no espiritual e
depois trazê-la à realidade, com o auxílio dos conhecimentos recebidos.
Embora as teorias tenham o seu papel no desenvolvimento do
artista, pode-se, no entanto, ser bom pintor sem essa preocupação, pode-se ser
apenas um artista intuitivo e ingênuo, progredindo à custa da própria
experiência. Pode-se criar, como cantam os pássaros, sem regras e preceitos
vindos de fora, apenas levado pela alegria de fazer surgir no mundo novas
formas. Depende da cultura, das tendências e do meio em que o artista vive. Se
ele for realmente artista, sua intuição o levará a um progresso espontâneo,
baseado na experiência própria, sem o conhecimento das experiências alheias.
Existindo a emoção criadora, existe arte. O que se não pode é pré-fabricar um
artista. É ditar leis e teorias, esperando que destas leis nasça uma obra de
arte. (Trecho do meu livro “Vivência e Arte”, editora Agir, 1967)
*Fotos da internet
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