terça-feira, 20 de dezembro de 2016

GURDJIEFF - PELAS VEREDAS DE SI I

Dando prosseguimento às nossas reflexões sobre arte e espiritualidade, manifestadas através de grandes artistas internacionais, especialmente pintores, vamos agora refletir sobre a arte e o desenvolvimento humano, uma proposta de Ivan Ivanovich Gurdjieff. Transcrevo abaixo trechos da entrevista de Artur Andrés com Lauro Henriques Jr, publicada no livro “Palavras de Poder”:

“Os índios Sioux contam que, certo dia, o Criador reuniu todos os
animais da criação e disse: “Quero esconder algo muito importante dos
seres humanos, que só lhes será revelado no dia em que estiverem prontos
para isso. Trata-se da compreensão de que são eles mesmos que criam a sua
própria realidade”. A águia logo falou: “Dê para mim, que vou levar este
segredo para a lua”. “Não”, disse o Criador, “Um dia eles irão até lá e o
acharão”. O salmão, então, sugeriu: “Vou enterrá-lo nas profundezas do
oceano”. “Não, eles também irão até lá”, respondeu o Criador. Foi a vez do
búfalo: “Oh, Senhor, me dê, que vou enterrá-lo no fundo mais fundo das
Grandes Planícies”. “Não adianta, eles rasgarão a pele da Terra e, mesmo
lá, o encontrarão”. Foi quando a venerável toupeira, que, por viver no seio
da Mãe Terra, não vê com olhos físicos, mas, sim, espirituais, disse:
“Coloque esta verdade dentro do próprio ser humano”. E o Criador
respondeu: “Está feito”.

“Nascido na Armênia, então parte do Império Russo, Gurdjieff criou,
no início do século 20, um sistema de ensinamentos que alia o treino
intelectual a uma variedade de práticas, como meditação, música e dança.
Influenciado pelas tradições orientais, como a dos sufis muçulmanos, ele
chamava seu sistema de “trabalho sobre si”, enfatizando que o despertar
espiritual se dá a partir de um esforço de perscrutar e transformar a si
mesmo. “Uma frase emblemática de Gurdjieff é esta: ‘Não há injustiça no
mundo.Tudo acontece exatamente como tem que acontecer.
Se queremos mudar o curso de nossa vida, precisamos conhecer as forças
que atuam sobre nós e, a partir dessa consciência, criar meios de nos
libertarmos dessas forças”.
 Gurdjieff dizia que a humanidade vive num estado de sono hipnótico, como se fôssemos todos sonâmbulos.

Basta olhar para ver o quanto vivemos nesse estado de letargia,
fazendo as coisas de forma automática, sem consciência. Quase todas as
nossas ações são de natureza mecânica. Nossas ações e nossas relações
também. Por exemplo, passamos a vida inteira preocupados com o que os
outros acham de nós, com o que podem pensar a nosso respeito. E vamos
agindo em função dessa identificação com a opinião do outro, buscando
ganhar a sua aprovação. Agora, será que aquilo que o outro pensa de mim é
tão importante assim? Aliás, será que ele realmente está pensando algo de
mim? Na maioria das vezes, a resposta é não. Mas eu não percebo isso.
Assim como não percebo meu próprio corpo.
Ninguém se dá conta, mas estamos o tempo todo submetidos a
milhares de tensões musculares inúteis, pura perda de energia. E essa
tensão constante só existe por uma razão: achamos isso normal. É preciso
rever esse desequilíbrio interno, tampar esses vazamentos de energia e
atenção. E é aí que entra o que chamamos de “trabalho sobre si”. Se o ser
humano quer, de fato, atingir todo o seu potencial, se quer sair desse estado
vegetativo, despertar do sono que o escraviza, precisa buscar o
conhecimento de si mesmo.” (Trechos da entrevista de Artur Andrés com Lauro Henriques Jr, publicada no livro “Palavras de Poder”, vol 1, Editora Alaúde)

*  Artur Andrés Ribeiro é doutor em música pela UFMG, onde leciona. É um dos fundadores do grupo Uakti e já trabalhou com Milton Nascimento, Paul Simon e Philip Glass. É um dos coordenadores do Instituto Gurdjieff de Belo Horizonte.

*Fotos da internet

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