Dando prosseguimento
às nossas reflexões sobre arte e espiritualidade, manifestadas através de
grandes artistas internacionais, especialmente pintores, vamos agora refletir
sobre a arte e o desenvolvimento humano, uma proposta de Ivan Ivanovich
Gurdjieff. Transcrevo abaixo trechos da entrevista de Artur Andrés com Lauro
Henriques Jr, publicada no livro “Palavras de Poder”:
“Os índios Sioux
contam que, certo dia, o Criador reuniu todos os
animais da criação e
disse: “Quero esconder algo muito importante dos
seres humanos, que só
lhes será revelado no dia em que estiverem prontos
para isso. Trata-se
da compreensão de que são eles mesmos que criam a sua
própria realidade”. A
águia logo falou: “Dê para mim, que vou levar este
segredo para a lua”.
“Não”, disse o Criador, “Um dia eles irão até lá e o
acharão”. O salmão,
então, sugeriu: “Vou enterrá-lo nas profundezas do
oceano”. “Não, eles
também irão até lá”, respondeu o Criador. Foi a vez do
búfalo: “Oh, Senhor,
me dê, que vou enterrá-lo no fundo mais fundo das
Grandes Planícies”.
“Não adianta, eles rasgarão a pele da Terra e, mesmo
lá, o encontrarão”.
Foi quando a venerável toupeira, que, por viver no seio
da Mãe Terra, não vê
com olhos físicos, mas, sim, espirituais, disse:
“Coloque esta verdade
dentro do próprio ser humano”. E o Criador
respondeu: “Está
feito”.
“Nascido na Armênia,
então parte do Império Russo, Gurdjieff criou,
no início do século
20, um sistema de ensinamentos que alia o treino
intelectual a uma
variedade de práticas, como meditação, música e dança.
Influenciado pelas
tradições orientais, como a dos sufis muçulmanos, ele
chamava seu sistema
de “trabalho sobre si”, enfatizando que o despertar
espiritual se dá a
partir de um esforço de perscrutar e transformar a si
mesmo. “Uma frase
emblemática de Gurdjieff é esta: ‘Não há injustiça no
mundo.Tudo acontece
exatamente como tem que acontecer.
Se queremos mudar o
curso de nossa vida, precisamos conhecer as forças
que atuam sobre nós
e, a partir dessa consciência, criar meios de nos
libertarmos dessas
forças”.
Gurdjieff dizia que a humanidade
vive num estado de sono
hipnótico, como se fôssemos todos sonâmbulos.
Basta olhar para ver
o quanto vivemos nesse estado de letargia,
fazendo as coisas de
forma automática, sem consciência. Quase todas as
nossas ações são de
natureza mecânica. Nossas ações e nossas relações
também. Por exemplo,
passamos a vida inteira preocupados com o que os
outros acham de nós,
com o que podem pensar a nosso respeito. E vamos
agindo em função
dessa identificação com a opinião do outro, buscando
ganhar a sua
aprovação. Agora, será que aquilo que o outro pensa de mim é
tão importante assim?
Aliás, será que ele realmente está pensando algo de
mim? Na maioria das
vezes, a resposta é não. Mas eu não percebo isso.
Assim como não
percebo meu próprio corpo.
Ninguém se dá conta,
mas estamos o tempo todo submetidos a
milhares de tensões
musculares inúteis, pura perda de energia. E essa
tensão constante só
existe por uma razão: achamos isso normal. É preciso
rever esse
desequilíbrio interno, tampar esses vazamentos de energia e
atenção. E é aí que
entra o que chamamos de “trabalho sobre si”. Se o ser
humano quer, de fato,
atingir todo o seu potencial, se quer sair desse estado
vegetativo, despertar do sono que o escraviza, precisa buscar o
conhecimento de si
mesmo.” (Trechos da entrevista de Artur Andrés com Lauro Henriques Jr,
publicada no livro “Palavras de Poder”, vol 1, Editora Alaúde)
* Artur Andrés Ribeiro é doutor em música pela
UFMG, onde leciona. É um dos fundadores do grupo Uakti e já trabalhou com Milton
Nascimento, Paul Simon e Philip Glass. É um dos coordenadores do Instituto
Gurdjieff de Belo Horizonte.
*Fotos da internet
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