Recebi de Maurício Andrés Ribeiro o texto sobre Auroville, que dá
continuidade às postagens anteriores
“A origem de Auroville remonta a
1955, quando surgiu a idéia de construir uma cidade internacional voltada para
o novo homem da nova era. Reconhecida em
1966 pela Assembléia Geral da Unesco como cidade dedicada ao entendimento entre
os povos e à paz, Auroville foi inaugurada com a presença de cinco mil pessoas
de todo o mundo. Criada em 1968, Auroville se situa nas proximidades da baía de
Bengala, a 10 km de Pondicherry, em meio a amplas áreas verdes.
Na cerimônia de sua fundação,
vários países enviaram, como ato simbólico, um pouco da terra de seu solo, que
foi depositada em um monumento erguido no centro da cidade. Durante a
cerimônia, o diretor-geral da Unesco, Dr. M.S. Adiseshiah, pronunciou as
seguintes palavras:
Em
nome da Unesco, em nome de todos vocês presentes e não presentes aqui, eu
exalto Auroville, sua concepção e realização, como uma esperança para todos nós
e particularmente para nossas crianças, para nossa juventude que está
desiludida com o mundo que construímos para ela, e que encontrarão em Auroville
um símbolo vivo, inspirando-se a viver a vida para a qual são chamados.
Nos anos 70, tiveram início os
primeiros assentamentos. Desenvolveu-se um bem-sucedido projeto de
reflorestamento, com um milhão de mudas, para conter a erosão que se agravava
com as monções. Foram construídas casas com estruturas simples, adequadas tanto
para o calor do verão, como para a estação chuvosa das monções. Foram implantados
e experimentados sistemas de energia alternativa – energia solar e biogás.
A planta urbanística foi
planejada por uma equipe internacional. Em forma de espiral, simboliza a
evolução humana e prevê capacidade para abrigar 50 mil pessoas voltadas para a
pesquisa e a experimentação, em educação permanente.
No centro da espiral está uma
grande esfera de concreto, construída pelos próprios aurovillianos: o Matrimandir, templo
considerado a alma, a “força coesiva de Auroville", "o símbolo vivo
da aspiração de Auroville para o Divino".[1] No centro do
Matrimandir, há uma câmara com doze paredes de mármore branco, utilizada para
meditação. O detalhe arquitetônico mais importante fica no meio da câmara: um
globo de cristal de 70 cm de diâmetro, feito pela Zeiss, na Alemanha.
Hoje, vivem e
trabalham em Auroville pessoas de dezenas de países. Esse fluxo migratório
suscitou inicialmente problemas de integração com a população que vivia no
local e nas proximidades. A chegada de forasteiros com valores culturais
diferentes transformou o contexto social. Entretanto, com o passar do tempo, a
situação foi se harmonizando, e os habitantes das aldeias vizinhas passaram a
se inserir no projeto de variadas formas: alguns começaram a trabalhar nos
setores de reflorestamento, artesanato e na produção de alimentos; outros
vieram estudar nas escolas e centros de treinamento.
Auroville contou com recursos do
governo da Índia, doações de indivíduos e de organizações internacionais para
sua fundação e manutenção.
A Carta de Auroville afirma que
ela pertence à humanidade como um todo: uma cidade planetária para a criação e
a propagação do entendimento e da paz. Outros trechos da Carta dizem:
"Para viver em Auroville, deve-se desejar servir à consciência
perfeita."; "Auroville será o lugar de uma educação sem fim, de
progresso constante, e de uma juventude que nunca envelhece. Auroville quer ser
a ponte entre o passado e o futuro. Incorporando todas as descobertas de fora e
de dentro, Auroville florescerá audaciosamente em direção a realizações
futuras."; "Auroville será o sítio de pesquisa material e espiritual,
para a vivência concreta de uma unidade humana real.".Auroville é uma
cidade-escola aberta. Propõe-se a ser um local de paz, harmonia e concórdia,
com base na idéia de que a espécie humana não é o último passo da evolução.
Auroville é, assim, uma "cidade experimental", "um laboratório
da consciência, um lugar onde se tentam novas maneiras de os homens viverem em
comunidade"[2]. Ela
ajuda a preparar a humanidade para os passos seguintes de sua evolução,
inspirada pelas ideias de Sri Aurobindo, o grande sábio indiano.”
(Maurício Andrés Ribeiro é autor
de “Tesouros da Índia para a civilização sustentável”, Editora Rona e Santa
Rosa Bureau Cultural, 2003.)
*Fotos da internet
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